Est. June 12th 2009 / Desde 12 de Junho de 2009

A daily stopover, where Time is written. A blog of Todo o Tempo do Mundo © / All a World on Time © universe. Apeadeiro onde o Tempo se escreve, diariamente. Um blog do universo Todo o Tempo do Mundo © All a World on Time ©)

segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

Os relógios HYT no Relógios & Canetas online


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Relógios Citizen, 1987


  (arquivo Fernando Correia de Oliveira)

Janela para o passado - Fábrica de Papel do Almonda, 1967

Ano Novo

Meditações - Que tenho eu com as três horas do seu relógio?

Ainda aqui... não estou mal... Tem dançado muito, minha senhora? Leocadia. Principiei agora... Jorge. Pois ainda tem muito tempo de gosar... São tres horas... Nunca lhe esqueça que foi ás tres horas... Leocadia. Não o comprehendo, snr. Jorge... Que tenho eu com as tres horas do seu relogio? Jorge. Não se finja simples como donzellinha que sahiu hontem do collegio... Leocadia.

Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco - Scenas Contemporaneas

domingo, 28 de dezembro de 2025

Os relógios Hublot no Relógios & Canetas online


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Jóias Cartier, 1987


  (arquivo Fernando Correia de Oliveira)

Janela para o passado - Sociedade Industrial de Vila Franca, 1967

Meditações - votos de Ano Novo

El tiempo no existe. El tiempo sólo son las cosas que te pasan, por eso pasa tan deprisa cuando a uno ya no le pasa nada.

Después de Reyes, un día notarás que la luz dorada de la tarde se demora en la pared de enfrente y apenas te des cuenta, será primavera.

Ajenos a tí, en algunos valles, florecerán los cerezos y en la ciudad habrá otros maniquíes en los escaparates.

Una mañana radiante camino del trabajo, puede que sientas una pulsión en la sangre cuando te cruces en la acera con un cuerpo juvenil que estalla por las costuras, y un atardecer con olor a paja quemada oirás que canta el cuclillo y a las fruterías habrán llegado las cerezas, las fresas o los melocotones, y sin saber por qué, ya será verano.

De pronto, te sorprenderás a tí mismo, rodeado de niños cargando la sombrilla, el flotador y las sillas plegables en el coche para cumplir con el rito de olvidarte de tu jefe y de los compañeros de la oficina, pero el gran atasco de regreso a la ciudad será la señal de que las vacaciones han terminado, y de la playa te llevarás el recuerdo de un sol que no podrás distinguir del sol del año pasado.

El bronceado permanecerá un mes en tu piel y una tarde descubrirás que en la pared de enfrente oscurece antes de hora.

Enseguida volverán los anuncios de turrones, sonará el primer villancico y será otra vez Navidad.

La monotonía hace que los días resbalen sobre la vida a una velocidad increíble sin dejar una huella.

Los inviernos de la niñez, los veranos de la adolescencia eran largos e intensos porque cada día había sensaciones nuevas y con ellas te abrías camino en la vida cuesta arriba contra el tiempo.

En forma de miedo o de aventura estrenabas el mundo cada mañana al despertarte.

No existe otro remedio conocido para que la vida discurra muy despacio sin resbalar sobre la memoria que vivir a cualquier edad pasiones nuevas, experiencias excitantes, cambios imprevistos en la rutina diaria.

Lo mejor que uno puede desear para el año nuevo son felices sobresaltos, maravillosas alarmas, sueños imposibles, deseos inconfesables, venenos no del todo mortales y cualquier embrollo imaginario en noches suaves, de forma que la costumbre no te someta a una vida anodina.

Que te pasen cosas distintas, como cuando eras niño.

MANUEL VICENT. Novelista y ensayista español. Este artículo fue publicado en el año 1997 en el diario El País de España.

sábado, 27 de dezembro de 2025

Os relógios H. Moser & Cie. no Relógios & Canetas Online


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Jóias, relógios, canetas, óculos, perfumes e isqueiros Cartier, 1987


  (arquivo Fernando Correia de Oliveira)

Janela para o passado - Sociedade Industrial de Curtumes, 1967

Meditações - promessas de ano novo

O relógio quebrado do ano novo

E lá vamos nós outra vez. Esta é aquela época do ano que se parece com aqueles relógios antigos na parede da sala: você sabe que está lá, sempre esteve, mas ninguém realmente presta atenção até que se é obrigado a tanto, como agora. E quase sempre também é quando se descobre que ele está parado.

É curioso como insistimos em tratar o tempo como algo maleável nos fins de ano, moldável à força das resoluções que, na prática, já começam a fraquejar antes mesmo do segundo dia. Assim é nesta época, convencidos de que tudo recomeçará. Como se, à meia-noite do dia 31 de dezembro, alguém apertasse um botão cósmico de “reiniciar” e os ponteiros do universo girassem num ritmo novo, fresquinho, saído da caixa como um presente de Natal.

Mas, como diria o Garrincha, esqueceram de combinar com o adversário – no caso, o Tempo, o de verdade, que vai em maiúscula. Aquele que não pede licença, nem desculpas, não se importa com as tarefas esquecidas de dezembro nem com as prometidas para janeiro. Aquele que nunca recomeça porque nunca para.

É curioso como insistimos em tratar o tempo como algo maleável nos fins de ano

Alguns dias depois, no máximo semanas, e voilá: a dieta revolucionária? Naufragará quando passar o último pedaço de chocotone na frente dos olhos. A promessa da academia frequente? Cairá junto com a primeira dor muscular. E o curso on-line que você jurou começar assim que o calendário mudasse? Continuará na aba “favoritos”, na mesma posição do ano passado.

O grande problema do Tempo não é ele ser irritantemente inexorável: é ser sincero. Não importa o quanto você diga “Agora vai!”, o Tempo é aquele amigo honesto que solta: “Não, não vai. Você só quer acreditar que mudou porque comprou um planner bonito”.

Aliás, o planner é um capítulo à parte. É o evangelho do Ano Novo. Você preenche janeiro com um entusiasmo que beira o religioso: “Segunda: começar a meditar”; “Terça: retomar a academia”; “Quarta: dominar a arte da paciência (principalmente no trânsito)”; e assim vai.

 

Mas não demora e o planner –se não ficar relegado ao canto da estante onde fica a pilha de livros que você prometeu ler no ano anterior e nos quais nem tocou – será pouco usado, lembrado mais no fim do próximo ano pelo tanto que você quis fazer e não fez. Se tanto. O mais provável é que nem o consulte mais, voltando a comprar um novo. E lá vamos nós mais uma vez…

Enquanto isso, o Tempo vai seguindo em frente, sem renovação alguma. Ele não se importa com suas resoluções, não quer saber se você vai parar de procrastinar ou começar a beber mais água. O Tempo só quer passar – e ele é ótimo nisso.

Mas há algo fascinante nessa ilusão coletiva de renovação, reconheço. Apesar de nos enganarmos com promessas improváveis, estamos nos dando o direito de acreditar, de ter fé e esperança. O relógio pode estar parado, mas ainda assim nos esforçamos para consertá-lo, trocar as pilhas, dar corda, ajustá-lo, mesmo sabendo que ele vai parar de novo mais adiante.

O Tempo não se importa com suas resoluções, não quer saber se você vai parar de procrastinar ou começar a beber mais água. O Tempo só quer passar – e ele é ótimo nisso

Talvez, no fim das contas, o truque seja este: deixar de tratar o relógio ou o calendário como um empregado seu ou o CEO que pode lhe demitir a qualquer momento, mas tomá-lo como um colega de trabalho, mesmo com ele se recusando a esperar por você.

E, se o relógio da sala parar de vez, tome como um bom lembrete de que a vida não está nos ponteiros ou nas resoluções que acumulamos. Está no Tempo que continua acontecendo enquanto você xinga no trânsito, ou pensa nas contas a pagar enquanto tenta meditar, ou tão bem escolhe o planner que não será utilizado até o fim, quiçá até a metade.

No jogo da vida o mais importante não é controlar ou conduzir o Tempo, mas aproveitá-lo – mesmo que, às vezes, isso signifique só mais uma fatia de chocotone.


Francisco Escorsim, Gazeta do Povo, 27/12/2024

sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

Os relógios Guess no Relógios & Canetas online


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Rubi, a história daquela que terá sido a primeira relojoaria a existir em Almada

Coisas do Ephemera. Em 2017, o Museu de Almada e o Arquivo Histórico de Almada efetuaram uma recolha na Relojoaria Ruby após mudança da loja para a Rua Capitão Leitão, tendo salvaguardado um conjunto de relógios, componentes, ferramentas e alguma documentação dispersa.

Um lote de faturas desse estabelecimento, referentes ao período de 1984 a 1991, foi agora entregue ao Núcleo do Tempo do maior arquivo privado do país, que coordenamos, por não ser considerado com interesse para as coleções municipais.

A interface entre a Câmara Municipal de Almada e o maior arquivo privado do país foi feito por Margarida Nunes, Técnico Superior do seu Departamento de Cultura. À Câmara Municipal de Almada, através de Margarida Nunes, obrigado.


Abílio Rodrigues Joaquim a ser entrevistado, em 2017

Em 2017, o Museu de Almada fez uma entrevista ao proprietário da Relojoaria Ruby, onde ficaram registadas as seguintes informações:

A casa foi fundada em 1957, na Rua Sociedade Filarmónica Incrível Almadense, n.º 8-B por Abílio Rodrigues Joaquim, natural de Almada, nascido a 7 de Outubro de 1933. Estudou até à 4.º classe e aos 13 anos foi trabalhar como moço de recados para um relojoeiro na Rua dos Sapateiros em Lisboa, onde mais tarde viria a aprender os rudimentos da profissão. Com cerca de 19 anos passa a trabalhar numa relojoaria na Rua das Janelas Verdes, junto ao Colégio Olisiponense, propriedade de José Silvestre, conhecido por José do relógio, antigo marinheiro que foi preso na chamada Revolta dos Marinheiros (1936).

Em 1955, Abílio Rodrigues Joaquim entra como recruta em Engenharia 1, tendo sido telefonista, radiotelegrafista e obteve especialidade em mecânico de máquinas de filmar e de fotografar. Após a tropa decidiu abrir a sua própria relojoaria, tendo sido o primeiro relojoeiro de Almada, numa época em que existia apenas a Relojoaria Maia na Cova da Piedade e a Relojoaria Barão em Cacilhas.

Para esse efeito arrendou uma casa de habitação de rés-do-chão e fez obras de adaptação, ficando a loja com acesso direto à rua e a parte detrás como residência de seus pais.


O nome da relojoaria – Ruby – será um acrónimo de “Rodrigues” com “Abílio”, tanto quanto Margarida Nunes se recorda das conversas com ele.

Além da profissão de relojoeiro acumulou com as funções de carcereiro da cadeia civil de Almada, sendo reconhecido pelo seu humanismo no trato com os presos, e foi ainda avaliador do Tribunal.



Carta de agradecimento de presos, 1962

Foi sócio de várias coletividades, entre elas, os Bombeiros Voluntários de Almada, o Ginásio Clube do Sul, a Incrível Almadense e a Academia Almadense.

Por razões de mudança de proprietário e de segurança do edifício onde se encontrava a relojoaria viu-se obrigado, por volta de 2015 a mudar a relojoaria para as instalações da Escola de Música da Incrível Almadense, na Rua Capitão Leitão, onde funcionou até por volta de 2020.

Abílio Rodrigues Joaquim continua a residir em Almada, numa casa adaptada a partir das antigas celas da cadeia civil, estando integrada nas instalações da sede da WeMob – Mobilidade de Almada.

No maço de faturas que chegou ao Ephemera, há referência a vários importadores de relojoaria, a alguns “fabricantes” (quase sempre, apenas montadores ou mesmo só com aposição do seu nome nos mostradores), a marcas como a Timex ou a Reguladora.




















Comentário de João Magalhães, ao ler no Facebook o post desta história:

Conheci o Sr. Abílio, já ia avançado na idade quando nos cruzamos a primeira vez, o motivo foi um relógio. Nessa altura a loja estava situada num espaço que pertencia à Incrível Almadense. Um senhor de trato fácil e quando tinha tempo, um contador de histórias. Para o fim a sua actividade, devido à avançada idade, estava restrita à mudança de pilhas nos relógios e braceletes. Lembro-me de me arranjar uns despertadores marca Jaz um que pertenceu aos meus avós maternos que remonta aos anos quarenta do século passado e outro também da mesma marca, um pouco mais recente, anos sessenta ou setenta do século passado. Como já não se dedicava ao arranjos de relógios indicou-me um relojoeiro no Monte da Caparica (não sei o nome da loja), o Sr. Jorge um excelente profissional. Também ele já deixou a oficina.

As Boas-Festas dos relógios Grand Seiko

Jóias Cartier, 1987


  (arquivo Fernando Correia de Oliveira)

Janela para o passado - Kores, 1967

A Kores foi, durante dezenas de anos, representante da Montblanc em Portugal

As Boas-Festas dos relógios Seiko

As Boas-Festas do Watchonista

As Boas-Festas da De Beers

Meditações - um relógio atrasado...

D. Joanna, que entrára como creada e acabára por ser ama em casa de D. João Quijano, tinha o relogio atrazado, pois assegurava ter trinta annos, ao passo que a sua physionomia, e o que ainda é mais, a certidão do baptismo, lhe davam quarenta.

António de Trueba - Contos escolhidos de D. Antonio de Trueba