Est. June 12th 2009 / Desde 12 de Junho de 2009

A daily stopover, where Time is written. A blog of Todo o Tempo do Mundo © / All a World on Time © universe. Apeadeiro onde o Tempo se escreve, diariamente. Um blog do universo Todo o Tempo do Mundo © All a World on Time ©)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Relógio maçónico e templário onde se evoca Tomar

A 26 de Abril de 2016, a Jones & Horan Horological Specialists, de Goffstown, New Hampshire, especializada em relojoaria, levava à praça um relógio de bolso Elgin, de temática maçónica e templária, com a leiloeira a presumir (pensamos que erradamente) que uma das gravuras representaria o Convento de Cristo, em Tomar, fundado pelos Cavaleiros da Ordem do Templo. Sobre Tomar e os Templários, já escrevemos bastante, como se vê aqui ou aqui.

Da ficha do leilão:

Lot 162 in our Sunday auction, Elgin with rare full-color Crusader dial, also called Knights Templar dial in near mint 14K gold hunter case.  Estimate $2-3,000.

We sold the black and white Rockford version of this dial in 2015, and have another Elgin black and white version, dial only, offered in this auction.

The present dial is superbly coloured, with gold cross above and gold-edged cross below. The Crusader imagery was inspired by the exploits of the original Knights Templar from the 12th through 14th centuries, and later the Freemasons and other fraternal organizations of the West incorporated these elements and symbols in their own rites, making this dial appealing to all such groups at the time it was made. The castle by the shore being illuminated may be a figurative reference to the Convent of Christ in Tomar, Portugal, well away from the sea in the center of the country, built by the Knights Templar in 1160.





Janela para o passado - Le Cake du Dauphin, 1922

À beira dos 30 anos de informação independente


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Editorial Dezembro

O maior produtor de conteúdos do seu género em língua portuguesa

Há 30 anos, começava-se a preparar um novo título especializado em relojoaria e instrumentos de escrita. Durante meses, foram sendo angariados investidores e, no final de 1996 saía o “Anuário de Relógios, Canetas e Isqueiros” referente a 1997.

Os isqueiros, entretanto, caíram do título… O Anuário mudou várias vezes de proprietário, é hoje da Projectos Especiais. Lançou em 2013 a edição mensal online e constitui-se como o mais antigo título do seu género em Portugal e o que mais conteúdos produz em língua portuguesa. A equipa editorial, de marketing, publicidade e gráfica tem-se mantido a mesma ao longo de décadas.

A primeira revista especializada em Relojoaria, em português, terá sido “O Cosmochronometro: revista mensal illustrada de relojoaria telegraphia e elctricidade: echo dos relojoeiros portuguezes”, fundada pelo mestre relojoeiro Augusto Justiniano de Araújo. Durou apenas uns meses.

É em 1940 que se inicia a publicação de “Cronos, Revista Cronométrica”, uma “revista mensal ibero-americana dos relojoeiros de Espanha, Portugal e países americanos”. Dirigida por Henrique Pires, e depois por Alcindo A. Augusto, a Cronos publicou-se até 1949.

Em 1947 aparece aquela que será a até agora mais perene iniciativa editorial dedicada à relojoaria no país: a revista mensal Belora, tendo por diretor Leopoldo Nunes e editor Américo Marinho, irá durar três décadas, até 1977.

Em 1994, surge a “Relógios & Jóias”, dirigida por Ricardo Barros Rodrigues, primeiro, Jorge Diniz e Marina Oliveira, depois. Propriedade do grupo Motorpress, desaparece no final de 2010.

Na Portojóia de 1996 apareceu junto dos expositores o nº0 da revista “Internacional Horas & Relógios”, das Edições Pró-Homem (de Eduardo Fortunato de Almeida). Teve como primeiro Diretor Abel Pinheiro e, depois Cláudia Baptista. A revista viria a desaparecer também em 2010.

Dissidências de percurso levaram à criação dos títulos “InPulso” (1998), de Ricardo Barros Rodrigues; ou “Cronos do Tempo” (2012), de Jorge Diniz, ambos de existência efémera.

Atualmente, o Anuário Relógios & Canetas, além de ser o único que sobreviveu, está à beira de igualar a duração do até agora mais perene de todos, a Belora. Sim, estamos a preparar os 30 anos do Anuário, edição especial de 2027. Até lá, fiquem com a edição de 2026.

Os relógios Tockr no Relógios & Canetas online


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Meditações - Growing Old

Growing Old

 

What is it to grow old?

Is it to lose the glory of the form,

The luster of the eye?

Is it for beauty to forego her wreath?

—Yes, but not this alone.

 

Is it to feel our strength—

Not our bloom only, but our strength—decay?

Is it to feel each limb

Grow stiffer, every function less exact,

Each nerve more loosely strung?

 

Yes, this, and more; but not

Ah, ’tis not what in youth we dreamed ’twould be!

’Tis not to have our life

Mellowed and softened as with sunset glow,

A golden day’s decline.

 

’Tis not to see the world

As from a height, with rapt prophetic eyes,

And heart profoundly stirred;

And weep, and feel the fullness of the past,

The years that are no more.

 

It is to spend long days

And not once feel that we were ever young;

It is to add, immured

In the hot prison of the present, month

To month with weary pain.

 

It is to suffer this,

And feel but half, and feebly, what we feel.

Deep in our hidden heart

Festers the dull remembrance of a change,

But no emotion—none.

 

It is—last stage of all—

When we are frozen up within, and quite

The phantom of ourselves,

To hear the world applaud the hollow ghost

Which blamed the living man.

 

Matthew Arnold

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Relógio em forma de cruz, do séc. XVI, que pertenceu a um colecionador português

A 28 de Abril de 2013, a leiloeira Jones & Horan, de Goffstown, New Hampshire, especializada em relojoaria, levava à praça um relógio pendente, em forma de cruz, peça assinada Sebald Schwarz ou Schwartz, um nome ativo em Nurnberg (Nuremberga) cerca de 1580 e que aparece também em Augsburg, no início do séc. XVII. Pertencia a um colecionador português, não identificado, que a colocou em leilão, depois de ver um semelhante que apareceu anteriormente na Jones & Horan. Rendeu 8.400 dólares

Da ficha:

DATE SOLD: 2013-04-28

LOT#: 1301-208

DESCRIPTION: EPW - Seb Schwartz, Nurnberg, a silver cruciform watch based on the identical pattern to one we sold last year, consigned to us from Portugal by a collector who saw our last example. There are two listings for Sebald Schwarz or Schwartz, one from Augsburg active early 17th century, the second of the same name shown as active in Nurnberg [Nuremberg] circa 1580; this watch is by the same maker as the last, early 17th century, only showing the other city. Silver cruciform pre-balance spring verge fusee, 51mm x 81mm from pendant top to button tail, single iron hand, brass chapter with half-hour marks, silver dial with depictions of Adam and Eve, Cain and Abel, the pierced and engraved silver case with scene of the crucifixion of Christ and memento mori below, the back with soldiers turning away from Christ, the sides with two apostles, the movement of riveted and pinned construction, this example with its original early period balance cock, but again missing the dumbell or simple wheel balance, retaining the catgut fusee cord and all train gearing, escape wheel in place but perhaps with broken internal pivot, worm drive for setting up barrel pressure (also called "rack and snail"), in original period condition without repairs or restoration, circa 1620-30. There are slight differences from the prior watch in all piercing and engraving as one would expect from hand execution, but perhaps the two were intentionally executed as a pair. We cannot find any other examples of the maker's work. An extremely unusual find.

CONDITION: NR, train complete, the plates in good original condition with dirt and tarnish, pillars are sound. Hand and dial original, the hand with whitish corrosion but setting with ease, the catgut fully wrapped around the barrel, with broken off section still on the fusee, the set-up gear for the barrel is encrusted in rust, and we have made no attempt to remove any of the bloom. The fusee arbor also is rusty where it protrudes through the cock foot. Case in excellent condition with no breaks or losses, as with the other watch there is minor compression of the front onto the axis of the hand, the ring bow and swivel pendant appear original. Again, this watch only lacks the balance of dumbell or simple wheel form. The balance cock has had a screw added for security at a later date. This watch example was also never converted to balance spring. No screws were used in the construction of the watch, all elements are secure, and the watch has not been disassembled. The movement pushes out from back to front for inspection. Finding a pair of these watches in two completely different parts of the world is really quite astonishing.

PRICE SOLD: $8,400









Janela para o passado - as doenças das mulheres, 1922

Relógios & Canetas online Dezembro


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Os relógios Swatch no Relógios & Canetas online


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Meditações - Porque o tempo tem asas

Uma espécie de céu

Um pedaço de mar

Uma mão que doeu

Um dia devagar

Um Domingo perfeito

Uma toalha no chão

Um caminho cansado

Um traço de avião

Uma sombra sozinha

Uma luz inquieta

Um desvio na rua

Uma voz de poeta

Uma garrafa vazia

Um cinzeiro apagado

Um hotel numa esquina

Um sono acordado

um secreto adeus

Um café a fechar

Um aviso na porta

Um bilhete no ar

Uma praça aberta

Uma rua perdida

Uma noite encantada

Para o resto da vida

 

(Refrão)

Pedes-me um momento

Agarras as palavras

Escondes-te no tempo

 

Porque o tempo tem asas

Levas a cidade

Solta me o cabelo

Perdes-te comigo

Porque o mundo é o momento

(repete)

 

Uma estrada infinita

Um anuncio discreto

Uma curva fechada

Um poema deserto

Uma cidade distante

Um vestido molhado

Uma chuva divina

Um desejo apertado

Uma noite esquecida

Uma praia qualquer

Um suspiro escondido

Numa pele de mulher

Um encontro em segredo

Uma duna ancorada

Dois corpos despidos

Abraçados no nada

Uma estrela cadente

Um olhar que se afasta

Um choro escondido

Quando um beijo não basta

Um semáforo aberto

Um adeus para sempre

 

Uma ferida que dói

Não por fora, por dentro


Pedro Abrunhosa - Momento

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Iconografia do tempo


 (arquivo Fernando Correia de Oliveira)

Os relógios Raymond Weil no Relógios & Canetas online


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Meditações - But Time, to make me grieve, Part steals, lets part abide

I look into my glass,

  And view my wasting skin,

And say, “Would God it came to pass

  My heart had shrunk as thin!”

 

For then, I, undistrest

  By hearts grown cold to me,

Could lonely wait my endless rest

  With equanimity.

 

But Time, to make me grieve,

  Part steals, lets part abide;

And shakes this fragile frame at eve

  With throbbings of noontide.

 

Thomas Hardy

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Um relógio de torre e outro de sala no Convento das Carmelitas Descalças, Aveiro, 1834


Na Torre do Tombo, "Inventário dos bens e de tudo quanto pertence ao extinto Convento de Nossa Senhora do Carmo" (Carmelitas Descalças), em Aveiro, a 16 de Maio de 1834, na sequência da extinção das Ordens Religiosas no país.

Nos itens, "um relógio grande, de torre", com os respetivos sinos, e "um relógio de sala, que está no dormitório".

Os relógios Ralf Tech no Relógios & Canetas online


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Há 386 anos - um relógio na Restauração

Reunião dos conspiradores (Palácio da Independência, Lisboa)

Há precisamente 386 anos, um sábado, pelas nove horas da manhã em Lisboa, dava-se início à operação militar que resultaria na restauração da independência do reino de Portugal, que desde 1580 fazia parte de uma monarquia dual com a Coroa espanhola.

Diz D. Luís de Menezes na História de Portugal Restaurado que o grupo de Conjurados decidiu na última reunião antes da revolta, lendariamente realizada no Palácio dos Almadas, ao Rossio, avançar a acção para sábado, 1 de Dezembro de 1640. E que, “com o menor rumor que fosse possível, se achassem todos junto ao Paço, repartidos em vários postos, e que tanto que o relógio desse nove horas saíssem das carroças ao mesmo tempo”.

Mais à frente, nesse mesmo dia, os conjurados, “impacientes, esperavam as nove horas, e como nunca o relógio lhes pareceu mais vagaroso, tanto que deu a primeira, sem aguardarem a última, arrebatados do generoso impulso saíram todos das carroças e avançaram ao Paço”.

O resto, já se sabe. Portugal recuperou a independência, que tinha estado hipotecada nos 80 anos anteriores. O relógio que deveria bater as nove horas era, possivelmente, o do Paço da Ribeira, com torre própria desde os tempos de D. Manuel I.

Como em qualquer operação militar, o tempo sincronizado era importante e, para isso, era necessário um relógio comum aos conspiradores – no caso, o relógio do Paço da Ribeira. Mesmo sob governação filipina, e com a capital da monarquia dual em Madrid, Lisboa e o seu Paço não deixaram de ter importância política, pois era aí que se encontrava a viver o representante do rei castelhano.

O Duque de Bragança,. futuro D. João IV, na sua residência, em Vila Viçosa, foi aliciado por enviados de Lisboa, a liderar o movimento, assumindo-se como rei.

Os revoltosos, no Terreiro do Paço (Palácio da Independência, Lisboa)

Outro relato coevo, a Relação de tudo o que se passou na felice aclamação do mui alto e mui poderoso rei dom João o IV, Nosso Senhor, cuja monarquia prospere Deus por largos anos, 1.ª edição de Lisboa, Oficina de Lourenço de Anveres, s. d. [1641]:

“Desde o domingo até a sexta-feira daquela venturosa semana se fizeram com grande fervor e diligência infinitas preparações, ajuntaram-se as armas que para o efeito eram mais acomodadas, deu-se ponto aos amigos e parentes, e muitos convidavam para um empenho grande que sábado às nove horas da menhã haviam de ter no terreiro do Paço, sem declararem o que era. Não se passou noite nenhuma em que não houvesse junta em casa de João Pinto Ribeiro. Iam os fidalgos a ela com grande recato, porque importava já muito a dissimulação, e donde quer que a cada um deles lhe anoitecia, se apeava e, embuçados, entravam no Paço do duque, em cujas salas tudo era sombras e horror, e somente na casa mais oculta − que era aonde se fazia o conselho − estava ũa candeia tão desviada e com tão pouca luz que escassamente alumiava. […]

“Deu-se enfim o ponto para as nove horas da menhã, e deu-se ordem a todos para que, poucos a poucos, por vários caminhos, se ajuntassem no terreiro do Paço, o que se fez com recato e boa disposição, que uns em coches, outros a cavalo, outros a pé se dividiram em troços por todo aquele espaço que há desd’ o Arco dos Pregos até o Arco do Ouro.[…]

"Neste comenos deu o relógio do Paço nove horas, e como quando o fogo de ũa mina atea na pólvora e saem num mesmo instante por várias aberturas da terra − em cópia larga, com medonho ímpeto − mil raios e mil despedaçados e abrasadores mármores, assi feros, assi terríveis e assi furiosos saíram num mesmo tempo alguns fidalgos dos coches, e logo foram em seu siguimento com a mesma deliberação os mais que, a cavalo, ou a pé, vinham para aquele efeito. Subiram todos intrépidos por ũa e outra escada do Paço, já com as armas prontas, e dispostos para ver a cara ao mais estupendo transe em que desde que hove guerras no mundo se viu o coração humano”.

Para saber mais sobre os marcadores de tempo coletivos na capital e a sua relação com os poderes religioso, político, económico e científico, desde a Reconquista até aos nossos dias, pode ler Tempo e Poder em Lisboa – O Relógio do Arco da Rua Augusta (2008).

Meditações - Dezembro, dia pluvioso