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sábado, 8 de março de 2025

Ana L. Silveira, ourives e relojoeira portuguesa, dona do "Silveira's Jewelry Palace", em São Francisco, Califórnia

Há mais de duas décadas que mantemos contatos regulares com a organização norte-americana National Association of Watch & Clock Collectors (NAWCC) que, além de manter o National Watch & Clock Museum, em Columbia, Pensilvânia, tem ali uma das melhores bibliotecas horológicas do mundo.

Em 2019, passámos lá uma semana de estudo e investigação. E, nesse processo, foi-nos indicada a existência de uma portuguesa, que teria tido uma importante relojoaria e ourivesaria, em São Francisco, na transição do século XIX para o século XX. Nunca mais pensámos no assunto.

Até que, há dias, o Diretor do Museu do Relógio (Serpa e Évora), Eugénio Tavares de Almeida, nos contacta a pedir informações sobre um relógio assinado “Anna L. Silveira / Ourives e Relojoeira Portuguesa / Rue Jackson, no. 70 / San Francisco, Cal.”

Fomos ao dossier da visita feita em 2019 e avançámos no desvendar um pouco dessa personagem, graças a elementos que membros da NAWCC disponibilizaram e que, mais uma vez, agradecemos.

Ana L. Silveira nasceu em 1868, na Ilha das Flores, Açores. Viveu em Oakland, Califórnia, enviuvou em 1908, e faleceu em 1931, estando sepultada no jazigo de família, no Cemitério de Santa Maria, naquela cidade.


Jazigo da família Silveira

Ana Silveira era a proprietária da "Silveira's Jewelry Palace", nos números 62 e mais tarde 76 da Jackson Street, em São Francisco. Trabalhava relógios naquilo que os americanos chamam o “private label” (ou seja, decorando e assinando mostradores e movimentos, mas sem ter qualquer relação direta com a produção dos mesmos).


Na sua loja, Ana Silveira vendia marcas americanas como Waltham, Elgin ou Hamilton, mas também a suíça Omega. Tinha um merchandising muito ativo e vistoso, quer se tratasse de espelhos com a sua cara, de calendários ou de anúncios nos jornais. Todos em português, o que revela ser a comunidade lusa na Califórnia o seu principal alvo.




A sua figura merecer-nos-ia mais investigação, até porque corriam boatos nos seus tempos de São Francisco, que chegaram à atualidade, sobre uma personagem muito exuberante. Até se dizia que, no primeiro andar do "Silveira's Jewelry Palace" administraria um lupanar e que, já no papel de madame, ali vendia as peças mais caras aos clientes.

Em baixo, alguns relógios de bolso com mostradores e calibres assinados "Anna L. Silveira"










Em baixo, um boletim da NAWCC, assinalada a nossa visita de trabalho, em 2019


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