A empregada do balcão, uma brasileira carioca que ontem me serviu o gin tónico (tenho a impressão que nunca ali bebi outra coisa) não terá mais de 20 anos, que contrastam com os quase 60 da minha primeira visita ao British Bar, no Cais do Sodré. Comecei lá em 1965, com o Antoninho, um boémio primo da minha mãe que, um dia, me fez uma instrutiva volta de introdução à capital e sítios relevantes - incluindo o Bolero, o Galo, o Ginjal e um outro destino menos revelável, algures na Misericórdia.
Nunca fui cliente do British, apenas um passante ocasional. À volta do 25 de Abril, outro primo, neste caso meu primo direito do lado do meu pai, Carlos Eurico da Costa, instituiu a efémera rotina de, uma vez por semana, irmos ao final da tarde ao British Bar - ele para o whisky, eu para o gin. Ali nos íamos encontrar com o José Cardoso Pires, "habitué" do local. Creio que a "rotina" não passou das três vezes.
Na pandemia, calhou passar um dia pelo British Bar e notei que serviam "ao postigo". Pedi o gin tónico, claro. Veio em copo de papel! O de ontem, por distração minha, chegou naquela espécie de bolas de andebol em vidro com que agora há a detestável mania de servir os gin tónicos. E com palhinha! Apesar de tudo, na torreira da tarde de verão, soube-me muito bem parar por ali, sem a pressão do tempo, o qual, como é sabido, no British Bar nunca se perde, se o olharmos através do seu clássico relógio, com que deliberadamente nos iludimos, acreditando que as horas caminham para trás.
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