Celebra-se este ano o primeiro centenário da travessia aérea
do Atlântico Sul, realizada pelos aeronautas portugueses Sacadura Cabral (1881-1924)
e Gago Coutinho (1869-1959), que se iniciou a 30 de Março de 1922, em Lisboa, a
bordo do hidroavião Lusitânia, rumo às Canárias.
A viagem Lisboa - Rio de Janeiro, numa extensão aproximada
de 4.350 milhas náuticas, foi programada para durar cerca de uma semana, mas
vários problemas mecânicos e incidências meteorológicas, prolongaram-na por 79
dias, totalizando 62h26 de voo, a uma velocidade média de 117Km/hora.
Tratou-se de um grande feito, pois a viagem decorreu
praticamente sempre sobre o mar, e pela primeira vez foram empregues na
navegação aérea os processos de determinação de posições sucessivas, usados na
navegação marítima.
Utilizou-se para o efeito, além da bússola, cartas náuticas
e tábuas de logaritmos, bem como o sextante português, que com o auxílio de uma
bolha de ar, dá a altura do sol por meio de um horizonte artificial.
Do ponto de vista relojoeiro, é o próprio Gago Coutinho que
nos esclarece, no relatório da viagem, apresentado no ano seguinte: “Na
navegação astronómica empregou-se, como a bordo dos navios, um cronómetro
médio, que dá a hora de Greenwich; e levávamos também um bom contador médio. Na
previsão de observações astronómicas de noite, tínhamos mais um cronómetro
regulado para o tempo sideral de Greenwich” (citado em História do Tempo em Portugal). Fomos aos nossos arquivos procurar fotos e textos sobre esta expedição.
Na Doca do Bom Sucesso, em Lisboa
Ilustração Portuguesa de 31 de Março de 1922
Gago Coutinho Sacadura Cabral e outro pioneiro da aviação, o brasileiro Santos Dumont, em 1922, em Lisboa
Sem comentários:
Enviar um comentário