Em baixo, breve de A Capital, de 23 de Dezembro do mesmo ano, onde se refere que, nessa noite, e também no âmbito das actividades da Sociedade Astronómica de Portugal, "o Professor Andrêa" fará "uma comunicação sobre os resultados interessantes obtidos nas observações feitas na ilha do Príncipe durante o eclipse de 1919, maio 28".
Sobre o eclipse do Sol de 1919, que provou a Teoria da Relatividade Geral, de Albert Einstein, num dos pontos previstos - desvio da luz quando passa por um corpo com grande massa - pode ver mais aqui.
A comunicação de Andrêa é a primeira que encontrámos até hoje a fazer referência, em Portugal, aos resultados científicos da expedição comandada sete meses antes por Arthur Eddington para observar o eclipse no Príncipe.
Filho de um oficial da Armada e professor de Astronomia da
Escola Naval, Eduardo Andrea, querendo seguir a carreira do pai, foi
impossibilitado de o fazer por causa da sua acentuada miopia.
Então, licenciou-se em Matemática pela Escola Politécnica e
tornou-se aluno astrónomo do Observatório Astronómico de Lisboa. Entre 1901 e
1931, lecionou em vários estabelecimentos de ensino: no Liceu Nacional de
Bragança, no Liceu de Vila Real, no Liceu Central de Lisboa (atual Liceu Pedro
Nunes) e no Liceu Camões, onde se manteve até aos últimos dias da sua vida. Em
1911, foi também designado professor de Matemática, de Cálculo Infinitesimal e
de Análise Superior da Faculdade de Ciências de Lisboa, tendo apresentado a
tese Análise de Algumas Hipóteses Cosmogónicas. Um ano depois, assumiu a
regência da disciplina de Metodologia Geral das Ciências Matemáticas, na Escola
Normal Superior de Lisboa, tomando posse da direção da Escola, em 1930. O
docente dirigiu ainda o Observatório Astronómico da Faculdade de Ciências de
Lisboa, devendo-se-lhe a criação dos cursos de Aperfeiçoamento de Astronomia e
de Engenheiros Geógrafos.
Publicou manuais de Álgebra, Aritmética e de Geometria e
vários trabalhos de investigação. Colaborou com diversos jornais e revistas da
especialidade.
Eduardo Ismael dos Santos Andrea faleceu a 15 de fevereiro
de 1937, em Lisboa.
Sobre o seu pai, encontrámos a seguinte referência, em História do Tempo em Portugal (2003);
1909 – Álvaro Soares de Andrea, oficial de marinha, edita O sistema decimal mundial e o Relógio decimal. Em 30 páginas, o autor resume “mais de vinte anos de observações, aplicações aos cálculos astronómicos e à prática da navegação, dedicados ao estudo da decimalização do tempo, e na apreciação das latitudes e longitudes”.
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