Durante quase duas semanas estivemos pela Alsácia e Floresta Negra, onde assentámos quartel-general, como habitualmente, para a cobertura de mais uma Baselworld, numa Basileia da zona suíça alemã que faz fronteira com a França e a Alemanha.
E, como de costume, fomos de carro, aproveitando a viagem para um périplo ocioso antes da feira de relojoaria e joalharia. Grande era a expectativa para a edição deste ano, dados os ventos desfavoráveis trazidos pelos abandono de centenas de expositores e pelos boatos de morte certa daquele que, apesar de tudo, seria o mais importante evento do ano em termos do sector, a nível mundial.
Nunca nos tinha acontecido mas, em finais de Março, a menos de 100 quilómetros a norte de Madrid, fomos surpreendidos por um nevão que caiu por toda a meseta.
À chegada à região de confluência entre o cantão suíço de Berna, a Alsácia francesa e a Floresta Negra alemã, outro nevão, mais forte.
Como vem sendo hábito, a primeira tarefa foi a entrega de exemplares do Anuário Relógios & Canetas na zona portuária de Basileia (portuária? sim, fluvial, do Reno, que atravessa a cidade), onde está instalada alguma da logística da Baselworld.
As primeiras impressões da Baselworld 2018, que iria abrir dentro de dois dias. De 8 ou 9 pavilhões nos anos anteriores, o certame iria ficar reduzido a três, um deles o adjacente ao principal e que ostenta um relógio muito fotografado...
Nas esplanadas ainda vazias da chamada Praça Central, a neve acumulava-se e os arranjos florais eram drasticamente menos este ano. Adjacente, o Ramada mudou entretanto de nome, e passou a ser Hyperion.
A equipa Estação Cronográfica / Anuário Relógios & Canetas, nas deambulações pela Floresta Negra, aproveitando um cenário pouco comum para um final de Março.
No dia, seguinte, de regresso à Praça Central, com o emblemático buraco para o céu criado pelo gabinete dos arquitectos Herzog & De Meuron, de Zurique, que há cinco anos fizeram o alargamento da Baselworld, pois os responsáveis previam um crescimento exponencial de expositores...
No centro de Basileia, os termómetros marcavam, pela tarde, zero graus
As bandeiras alusivas à Baselworld, o mais importante certame da cidade, a par da Artbasel, organizada pela mesma empresa, eram em muito menor número nas ruas e pontes, ilustrando desde logo o ambiente de contenção e crise.
Uma sempre indispensável visita ao espaço gourmet do Globus adjacente à Praça do Mercado
De volta às instalações da feira, a confirmação de que o Anuário Relógios & Canetas tinha chegado aos escaparates, ombreando com a imprensa mundial especializada
E, entretanto, procedeu-se ao levantamento das credenciais
Nessa noite, incursão ao interior da Suíça, para os lados de Lucerna, onde visitámos um amigo e família. O alemão Martin Braun tem casa e oficina na montanha, com vista para o lago, e ali continua as suas criações e repara peças históricas.
Um jantar à base de um prato feito unicamente com produtos locais. Durante o Inverno, o vale fechava as comunicações com o exterior, devido à neve. E comia-se o que havia - batatas, queijo...
Com Martin Braun e Jorge Pinheiro, importador de várias marcas de relógios para o mercado portruguês
No Dia da Imprensa, fomos lestos e... os primeiros a estrear o bar reservado aos jornalistas
Como habitualmente, a meio da manhã desse dia houve a conferência de imprensa de lançamento da Baselworld 2018. Num ambiente algo soturno. Significativamente, o Presidente da empresa que organiza a Baselworld não esteve presente, a primeira vez em muito anos.
Quem deu a cara foi a Directora da feira, Sylvie Ritter, que falou de "uma redução, mas para melhor"
Também como habitualmente, a intervenção mais interessante foi a do Presidente dos Feirantes Suíços, o CEO da Tissot, o francês François Thiebaud. "Foram muitos embora, mas eles representam apenas 4 ou 5 por cento do volume de negócios da feira", disse. Um mantra que os resistentes iriam reperir ao longo dos dias do certame.
Mas, como está, globalmente, a indústria relojoeira suíça. Nada mal. Thiuebaud apresentou quadros que provam exactamente isso.
O texto que escrevemos para a edição de Abril do Relógios & Canetas online:
Baselworld 2018 – os tempos estão a mudar
Fernando Correia de Oliveira, em Basileia
Há 101 anos que Basileia, a cidade no extremo noroeste da
Suíça, na fronteira com a Alemanha e a França, tem sido palco da maior feira
anual de relojoaria no mundo. Mas Baselworld, o nome adoptado há menos de 30
anos, está a perder importância. Contudo, as notícias sobre a sua morte poderão
ser exageradas.
Tudo começou em 1917, quando se realizou uma Feira de
Amostras de Produtos Suíços. Basileia, sem qualquer tradição relojoeira,
organizava um certame sobre o melhor que o país produzia, incentivando a exportação.
E, ao lado de lacticínios e outros produtos agrícolas, estava uma pequena zona
com exemplares da relojoaria helvética.
Essa feira foi perdendo o aspecto de bric-a-brac, profissionalizou-se
e internacionalizou-se cada vez mais, passando a ser predominantemente uma
mostra da capacidade da indústria relojoeira.
Com a crise do quartzo, na década de 1970, centenas de
marcas de relógios desapareceram, deixando de estar presentes no certame. Pensou-se
mesmo que a relojoaria suíça tinha os dias contados, face aos relógios bons e
baratos que chegavam do Japão.
Mas, há coisa de 30 anos, o gosto pelo mecânico renasceu
junto do público e dos coleccionadores. Baselworld voltou a crescer, juntando
expositors de peças e ferramentas, abrindo-se à Joalharia.
Cresceu tanto que, em contraciclo com a crise mundial,
Baselworld contratou os serviços do gabinete de arquitectura de Zurique, De
Meuron & Herzog, para um ambicioso e caro plano de alargamento do seu
espaço expositivo.
Os chamados mercados emergentes – China à cabeça – permitiam
esses devaneios, tudo parecia possível, o céu era o limite.
Mas, de repente, os expositores começaram a perceber que o
conceito de feira anual – onde novidades e encomendas se mostram e fazem –
tinha terminado. Que num mundo globalizado não há novidades, tudo aparece na
Internet; que as encomendas se podem fazer ao longo do ano. E que feiras
regionais ou eventos monomarca são mais eficazes e baratos do que investir em
Baselworld.
Resumindo: nos últimos dois anos a Baselworld passou de 1.500
expositores para 650. Algumas das grandes marcas de relojoaria, como a Hermès,
a Girard-Perregaux ou a Ulysse Nardin, bem como pequenos mas importantes
independentes, preferiram mudar-se para a rival feira de Genebra – o Salão
Internacional de Alta Relojoaria, uma dissidência da Baselworld, criada há 30
anos pelo grupo Richemont (ciom marcas como Cartier, Montblanc,
jaeger-LeCoultre, Piaget ou IWC).
A edição 2018 da Baselworld teve menos dois dias do que o
costume. O espaço expositivo ficou reduzido a menos de um terço. A contenção
nos custos foi visível – deixou de haver jornal da feira, número de hospedeiras
foi reduzido, inexistência da habitual pen dos expositores suíços, menor apoio
logístico aos jornalistas.
Mas, apesar de tudo, gostámos desta edição. Em relação a
2017, a generalidade das marcas apresentaram melhores produtos, o nosso
trabalho foi facilitado fisicamente com a redução do espaço a visitar.
Correu insistentemente o rumor de que, na edição de 2019, já
não estariam na feira a Breitling (cujo stand perdeu, este ano, o famoso
aquário gigante), a Chanel, as marcas do grupo LVMH.
Durante a feira, perguntámos directamente a Jean-Claude
Biver, chefe da divisão de Relojoaria do LVMH (TAG-Heuer, Hublot, Zenith), se
esta seria a última feira dessas marcas. Pela primeira vez, respondeu
claramente: “As marcas que abandonaram representam 4 a 5 por cento do volume de
negócios. Enquanto os grandes aqui estiverem, vamos continuar”.
Na Conferência de Imprensa de balanço da Baselworld 2018, a
sua Directora, Sylvie Ritter, disse que o novo formato – menos expositores e
duração mais curta – não afectou o número de visitantes nem o volume de
negócios.
Mais importante – revelou que, em 2019, os “grandes”, tendo
à frente a Rolex e o Swatch Group (com marcas como Breguet, Omega ou Longines),
e incluindo a Patek Philippe, o LVMH, a Chopard, a Breitling, ou a Chanel,
garantiram presença.
Sendo assim, nadaa mais nos resta do que apresentar as
principais novidades de 2018 e marcar encontro para a Baselworld 2019, que decorrerá
de 21 a 26 de Março próximos.
No final, tambores... mas sem direito a perguntas por parte dos jornalistas, que foram assim "despachados" a toque de caixa
A Baselworld 2019 abria finalmente portas. O grupo LVMH ocupa estrategicamente, com quatro grandes stands,a entrada do Hall 1, aquele onde estão as marcas mais importantes. Do lado esquerdo, a Bvlgari e a Hublot. Em frente, a TAG Heuer e a Zenith.
A estratégia do grupo passa por, nas primeiras horas da feira, marcar foerte presença com eventos para fora dos stands, com os CEOs das marcas a serem "completados" por Jean-Claude Biver, responsável pelo departamento de Relojoaria no maior grupo de relojoaria do mundo. E, este ano, as coisas passaram-se da mesma maneira.
O público espalhou-se pela escadaria do stand em frente para melhor ver o evento onde Jean-Christophe Babin, CEO da Bvlgari, falou de mais um recorde no extra-plano - o turbilhão automático mais fino do mundo, lançou o novo relógio feminino, Lucea, e falou com a embaixadora da marca para a Ásia, uma artista chinesa que excitou as centenas de representantes dos meios asiáticos.
Logo a seguir, evento na Zenith. Jean-Claude Biver lançou mais uma edição especial do Defy e falou das sinergias de investigação e desenvolvimento do grupo
No stand da Breitling, há algo que falta... sim, o gigantesco aquário deixou de lá estar. Antes e durante toda a feira falou-se da certeza de a Breitling já não estar presente em 2019. Mas, no final, essa baixa nãos e confirma.
Como habitualmente, a primeira apresentação de produto que tivemos na agenda foi a da Patek Philippe. A manufactura genebrina reeditou um modelo Elipse dos anos 1970
Fez declinações dos seus calendários perpétuos
E "escandalizou" os puristas da marca ao lançar um modelo com apontamentos laranja, à procura de clientes mais jovens. O PVP da peça ronda os 42 ou 43 mil euros, pelo que terão que ser jovens com um especial poder de compra.
A Chanel era outra das marcas dadas como certa fora da Baselworld em 2019. Num stand a preto e branco, como é hábito, evocando sempre Coco, as novidades foram mais de forma do que de conteúdo. Mas, mais uma vez, a Chanel, segundo a feira, estará presente em 2019.
Uma marca que continua a ter uma relação qualidade/preço notável é a independente Oris. Alguns dos modelos com o calibre da manufactura, que garante autonomia de dez dias.
Em cima, um dos relógios que mais nos surpreendeu nesta edição da Baselworld. Trata-se de um GMT, mas não parece. Tem um submostrador às 3 horas, com ponteiro de horas e minutos. Num GMT normal, há apenas um segundo ponteiro das horas, já que se entende que os minutos serão os mesmos em qualquer fuso horário. Pois, não é bem assim. Há países que têm variaçôes de meias horas e não de horas. Assim, torna-se necessário para estes um aceerto não apenas das horas, mas igualmente dos minutos. E, então, onde se acerta o segundo fuso horário neste Oris BIg Crown Pro Pilot GMT? Através da luneta, que pode fazer andar os ponteiros para trás ou para a frente, num sistema patenteado. Afinal, não está ainda tudo inventado na relojoaria mecânica. Em baixo, um relógiom com alarme, outra novidade da marca.
Outra estreia da Oris, a entrada na moda das caixas de bronze
A conferência de imprensa da Seiko é outro dos pontos fixos do programa dos jornalistas. realiza-se sempre num edifício adjacente ao certame.
Este ano, mais uma vez, realce para a marca Grand Seiko, tornada independente e disponível em todo o mundo, quando durante décadas esteve apenas acessível no mercado nipónico.
A linha Prospex, de mergulho, foi a que apresentou mais novidades
A Seiko firmou uma parceria com um neto do Comandane Cousteau
Apresentação das novidades na TAG Heuer, com Jack Heuer, ao meio, na assistência
Perguntámos directamente a jean-Claude Biver se as marcas do grupo LVMH iriam abandonar Baselworld. "Enquanto os outros grandes cá estiverem, não", garantiu. Foi a primeira vez que a resposta foi tão clara. Em baixo, Jack Heuer recebe mais um prémio, desta vez das mãos de Wei Koh, criador da revista Revolution, que a partir de Singapura operou uma revolução no estilo das revistas especializadas.
Um TAG Heuer esqueletizado, que iríamos ver mas pormenorizadamente dias depois
No stand Raymond Weil, sempre evocando o mundo da música. Desta vez com uma edição especial Bob Marley.
E outra dedicada aos AC/DC
Em baixo, uma banda de garagem, para mais tarde recordar... Da esquerda para a direita, Pierre Bernheim (CEO Raymond Weil), Fernando Correia de Oliveira, Hubert de Haro e Miguel Seabra, este últimos Torres Joalheiros / Torres Distribuição / Espiral do Tempo
É sempre um prazer e um momento de descontração visitar o espaço da Graham, onde o histórico do sector, dono da marca, Eric Loth, mantém um discurso iconoclata. E as pin-ups continuam...
O cinzento, em todos os seus cambiantes, parece ser o novo azul, como o azul foi durante anos o novo preto...
Sobre as importantes novidades e modificações no mundo Breitling, já falámos aqui em primeira mão, dando conta do início do consulado de Georges Kern. Mas voltámos ao stand da marca, agora sem peixinhos, para ver mais modelos.
A Hamilton, uito ligada à aviação e ao mundio do cinema, continua a ter relógios com uma boa relação qualidade/preço
A TAG Heuer permanece líder mundial como relógio aspiracional das camadas mais jovens. A relação com o mundo motorizado continua. Bem como a revizitação a modelos emblemáticos dos anos 1960 e 1970.
A Omega continua na senda de oferecer cada vez mais qualidade certificada, cada vez mais garantia, cada vez mais assistência assegurada. E segue a onda generalizada das reedições históricas.
Esteticmente, um dos relógios mais bem conseguidos da feira - uma declinação do Dark Side of de Moon onde o calibre está gravado com as rugas da superfície da lua
Ao fim do dia, um evento Maurice Lacroix, onde a marca lançou o Aikon, um modelo automático três ponteiros ou cronógrafo, muito apoiada nas redes sociais. Veríamos mais tarde os modelos, em pormenor.
Renascida desde que foi comprada pelo indiano e gigantesco grupo Tata, a Favre Leuba reivindica-se como a segunda mais antiga marca de relógios do mundo. Quanto ao produto, depois de no ano passado ter surpreendido com um profundímetro mecânico, apresentou agora um relógio com altímetro mecânico. Estética própria, inspirada nos seus modelos dos anos 1970, boa relação qualidade/preço. A Favre Leuba deverá entrar este ano no mercado português.
Empresas especializadas em grafismo e impressão têm o seu espaço na Baselworld
Onde as modelos foram este ano muito menos - desde logo porque não houve hospedeiras a distribuirem jornal da feira. Tudo isso desapareceu com a contenção de gastos. Mas sempre se viram algumas "basquetebolistas"...
Os arranjos florais também foram menos
A difefrença da fotografia sem e com flash...
o CEO da Seiko, entrevistado no corredor
Um autómato escritor, peça apresentada pela Jaquet Droz
A alemã Glashütte Original é uma verdadeira manufactura. E continua a apresentar estética e soluções mecânicas muito próprias.
este calendário perpétuo tem uma aparência única
Um dos problemas da Baselworld, para os jornalistas, é a falta de tempo para comer, entre apresentações. Cada stand tem uma caixa ou um pote de "tentações"... suíças
A Tissot prossegue a ligação ao ciclismo e ao motociclismo, além de manter preços acessíveis para peças mecânicas ou de quartzo, sempre Swiss Made
A iconoclastia da Corum continua... desde os relógios às campanhas de couminicação. E o Bubble continua a declinar-se, com artistas convidados para criarem na sua pequena mas peculiar superfície aumentada por vidro tipo lente.
Um turbilhão central, demonstrando a capacidade relojoeira da Corum
A Porsche Desig tem um nome de peso. E, após uma década de indefinição, parece ter encontrado agora a estabilidade para apresentar produtos coerentes com a sua história
A Hublot... é uma festa, sempre. Animada pelo espírito monegasco de um Jean-Claude Biver mais suíço que muitos suíços, a marca tem fogo de artifício que chegue para se falar sempre dela. Na base, uma manufactura a sério, com desenvolvimentos importantes nas complicações e no uso de novos materiais.
Óculos italianos, que acompanham os Hublot com tecido de padrão alpino no mostrador e na pulseira
Este Hublot conectado provocou reacções fortes quando publicámos a fotografia de baixo no Instagram. Calma! É apenas um dos ecrãs possíveis, basta ir tocando no vidro táctil para eles irem aparecendo. Trata-se de um exemplar que faz parte da linha lançada para o Mundial de Futebol da Rússia, de que a Hublot é Cronometrista Oficial.
Na Baselworld, além dos expositores, gravitam personagens independentes, que vão apresentando os seus projectos, sonhos, aos jornalistas vindos de todo o mundo. Fomos surpreendidos por um velho conhecido nosso, que nos disse estar empenhado no relançamento de uma marca histórica, a Tavannes. Este exemplar anda pelo pulso da sua namorada.
Caixas caneladas, fundo à vista, reguladores - este é o mundo da Chronoswiss, pioneira em muitos aspectos no relançamento da relojoaria mecânica. Os seus reguladores surgiram agora refrescados, com linhas tridimensionais e cores variadas.
Gerir os convites, ao fim de um dia de trabalho, é politicamente difícil. Todas as marcas fazem as suas festas. Na noite anterior tínhamos estado no "obrigatório" jantar Rolex. Na seguinte, como também já vem sendo hábito, confraternizámos com os donos e os representantes mundiais da Vostok Europe. Muita vodka correu pelos copos. Levámos um Porto com 10 anos, para equilibrar...
A Bell & Ross continua empenhada em produzir instrumentos profissionais ligados à aviação
Na Bvlgari, que já vai em quatro recordes mundiais de relógios extra-planos. Este ano, apresentou o turbilhão automático mais fino do mundo.
A linha Defy da Zenith demonstra a capacidade técnica da manufactura. O orgão regulador em suspensão Cardin, sistema patenteado, tem agora uma gaiola menor, deixando de ser necessário que o vidro do mostrador tenha uma "barriga".
Em baixo, no final da visita, com Paula Sousa e Ana Freitas (J. Borges Freitas), José Falcato (Tempus Internacional), Fernando e Filipa Correia de Oliveira
A Anonimo tem este ano uma terceira linha, para além das habituais Militare e Nautilo. Com elegância italiana, foi uma das surpresas estéticas da Baselworld. A marca deverá entrar finalmente em Portugal ainda este ano.
Visitámos o stand da Traser mais por curiosidade que por outra coisa. É que ela é detentora de um sistema de iluminação por tubos, muito mais eficiente do que o usado com materiais fluorescentes, e que vende para outras marcas.
A hora mudou de sábado para domingo, fazendo com que muitos compromissos marcados tivessem começado com atraso - houve quem se esquecesse de adiantar o relógio...
Até a Breguet se deixou seduzir pelo azul... A manufactura continua a apresentar soluções técnicas de alta relojoaria apoiadas por mestria nos métiers d'art
A Rolex... é a Rolex, faz lembrar a frase - são onze contra onze e no fim... ganha a Alemanha. Este ano, a piéce de resistence é o novo GMT Master II. Predicados estéticos e técnicos irrepreensíveis, um público ávido por mais uma "pequena variação" num produto que está no topo há décadas. Em equipa que ganha... mexe-se pouco.
7
Do revolucionário Hybrid da Frederique Constant já falámos aqui, aquando do seu lançamento mundial em Nova Iorque. Revisitámos as peças em Basileia.
Sobre o conectado Alpina Alpiner X também já tínhamos falado em primeira mão. Aqui.
A QlockTwo tem uma filosofia à parte. As horas são, literalmente, para serem lidas. Na parede ou no pulso.
O stand da Casio, sempre muito high-tech, manteve a presença de uma armadura de samurai verdadeira, surgida no ano passado, e sublinhando as ligações das suas peças topo de gama com as artes tradicionais nipónicas de decoração e tratamento do aço.
Mas a "talking piece" é o G-Shock todo em ouro, assinalando os 35 anos da linha daqueles que são considerados os relógios mais resistentes do mundo. Em baixo, outras séries limitadas evocativas do aniversário.
Ao final do dia, respirando finalmente ar puro, na Praça Central, encontro mais ou menos esperado com a delegação da Anpre - Associação de Relojoeiros Reparadores Espanhóis, com quem temos mantido fraternal contacto.
À noite, jantar no Petit Resto du Mer Rouge, há muitos anos a nossa "cantina", em Mulhouse. Com Cristina e Jorge Pinheiro, da SRI - Sociedade de Relojoaria Independente.
A Maurice Lacroix aposta no seu novo automático, três ponteiros ou cronógrafo, com um preço muito competitivo.
Esperando no stand da Tudor para ver as novidades. A marca, pioneira no revivalismo das cores, das braceletes NATO ou malha milanesa, continua a apostar em relógios simples e robustos, fiáveis.
A foto de cima não faz justiça à beleza do espaço, da Citizen, que se mantém desde o ano passado - milhares de peças de relógios suspensas no ar, em fios transparentes...
Descansando de quilómetros percorridos, no último dia
A Blancpain foi a última marca que visitámos, Mas, como muitas vezes acontece, os últimos são or primeiros. Muito cinzento a predominar, seguindo a tendência geral. Mas, sobretudo, peças de alta relojoaria com carácter.
Um dos nossos eleitos da Baselworld 2018 - este turbilhão com horas saltantes e minutos retrógrados, sob mostrador esmalte Grand Feu
Terminava a Baselworld, hora de regresso a casa
Em jeito de balanço, o Editorial que escrevemos para o Relógios & Canetas online de Abril:
Editorial
Mini Baselworld
Fernando Correia de Oliveira
De 1.500 expositores, em dois anos, a Baselworld passou para
650 na edição 2018, que teve um terço do espaço expositivo e seis dias, menos
dois do que era habitual. Mesmo assim, quem esteve lá, como nós, terá ficado
agradado com o que viu – melhor qualidade média do que em 2017, novidades mais
coerentes. Apesar de tudo, a Baselworld 2019 vai ter que se arrumar melhor (ter
os calibres ETA em frente à Alta Joalharia não ajuda) e adaptar-se ao mundo
digital.
Dos 650 expositores presentes, 130 eram suíços e, destes,
apenas 104 de marcas de relojoaria (204 em 2017). Poderá dizer-se então que a
feira de Basileia deixou de ser representativa do sector relojoeiro helvético?
Nem por isso. Como não deixaram de frisar os que ficaram, aqueles que
desistiram de estar presentes (sobretudo marcas de moda) representarão 4 a 5
por cento do volume de negócios.
Atente-se que 95 por cento dos relógios que se vendem no
mundo com preço acima dos mil euros são suíços e que a Rolex, a Patek Philippe,
TAG Heuer, Hublot, Bvlgari, Zenith, Chopard, Breitling e todas as marcas do
maior grupo de relojoaria do mundo, o Swatch Group (Breguet, Omega, Longines,
Tissot e mais uma dezena de outras), continuam a ter os seus stands na
Baselworld.
Em termos de volume, os relógios suíços representam apenas 3
por cento dos relógios que se fabricam no mundo. Mas, em termos de valor, eles ascendem
a 60 por cento do bolo global.
Em 2017, a Suíça exportou relógios no valor de 19,9 mil
milhões de francos, estando ainda longe do recorde de 22,3 mil milhões
alcançado em 2014, mas conseguindo inverter a tendência de queda ocorrida em
2015 e 2016.
Para este valor, a Suíça exporta cada vez menos unidades –
24,3 milhões em 2017, contra um recorde absoluto atingido em 2011, de 29,8
milhões de unidades.
No ano passado, os relógios de quartzo contribuíram com 3,5
mil milhões de francos para as exportações, contra 15,3 mil milhões de francos
dos relógios mecânicos. Os relógios de mais de 3 mil francos representam apenas
6 por cento da quantidade total, mas 65 por cento do valor.
Em valor, a Ásia absorve 50 por cento da produção relojoeira
helvética, seguindo-se a Europa com 34 por cento e a América com 14 por cento.
Para a Baselworld 2019, a organização da feira conseguiu
obter o comprometimento da Rolex, do Swatch Group, da Patek Pbhilippe, das
marcas do LVMH, da Chopard, da Breitling ou da Chanel.
Mas, apesar do quadro económico positivo e do aparente
estancar da sangria, com a Baselworld 2019 garantida, isso não chega para
afastar a sensação de navegação à vista num mundo digital, onde feiras deste
tipo terão deixado (há já algum tempo) de fazer sentido.
No regresso, por Barcelona, tempestade sobre a Catalunha - na meteorologia e na política - evitámos por escassas horas o corte da auto-estrada que liga a França a Espanha, protagonizado por independentistas...
Quem faz de carro a transversal da Península Ibérica - Badajoz, Madrid, Saragoça, Barcelona, sabe do que estamos a falar, ou talvez não tenha dado nunca por isso - a dado momento, atravessa o meridiano zero, o de Greenwich, que divide o mundo em Este e Oeste,
Encontro marcado para a Baselworld 2019?
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