Sobre a expedição inglesa ao Pólo Norte (arquivo Fernando Correia de Oliveira)
Há exacatamente 200 anos, na Gazeta de Lisboa de 9 de Abril de 1818:
Se se conseguir achar franca navegação através do Círculo Polar, a passagem sobre o Pólo, ou pelo pé dele, será isto para as Ciências um dos mais interessantes acontecimentos que tem havido – A passagem do Pólo exigirá toda a atenção do Navegante. Aproximando-se a este ponto, donde lhe ficará ao Sul as Costas setentrionais da Europa, da Ásia, e da América, assim como todas as suas partes, nada o poderá ajudar a determinar a sua derrota, e a manter-se no justo meridiano do lugar do seu destino, a não ser um exacto conhecimento do tempo, e entretanto não terá meio algum de verificar esse tempo. O único tempo que pode conhecer com algum grau de certeza, enquanto estiver debaixo do Pólo ou ao pé dele, deve de ser o de Greenwich, e só o poderá conhecer por bons cronómetros; porque segundo o estado constantemente cerrado da atmosfera, e particularmente para o horizonte, e estando sempre o Sol na mesma altura em cada uma das 24 horas do dia, não se deve esperar obter nem mesmo uma aproximação do tempo aparente, por suas observações, e não poderá valer-se do auxílio das estrelas, por não se verem. Todas as suas ideias relativas ao firmamento, e o seu cálculo do tempo, serão ao inverso, e esta mudança não será mesmo gradual, como se passasse do Levante ao Poente, ou vice-versa, mas imediata e súbita. A agulha magnética indicará o pólo magnético incógnito, ou andará à roda da bússola do ponto em que está suspensa, e o que indicava o Norte será então o Sul, o Este será o Oeste, e a hora do meio-dia será a da meia-noite.
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