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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Relógios Omega anunciam nova certificação - adeus COSC, olá METAS?


Está para meses o aparecimento de uma nova geração de relógios Omega, numa nova certificação que engloba resistência a campos magnéticos superiores a 15 mil gauss, comportamento isócrono superior ao de um cronómetro, autonomia e estanquecidade anunciadas.

Estivemos por estes dias em Genebra, onde a Omega realizou ontem na Cité du Temps uma conferência de imprensa para anunciar uma nova certificação relojoeira, em colaboração com o Instituto Federal Suíço de Metrologia (METAS).


É o Departamento de Tempo e Frequência do METAS que tem a seu cargo a homologação das unidades de tempo para toda a Suíça, mas a nova certificação será feita em espaço cedido pela Omega no âmbito da sua própria cadeia de produção, em Bienne (Biel).

A Omega começará a usar essa certificação em 2015 em todos os seus relógios com tecnologia Master Co-Axial.

Estiveram presente o CEO do Swatch Group, Nick Hayek; o Director do METAS, Christian Bock; o Presidente da Omega. Stephen Urquhart; e os Vice-Presidente da marca, Raynald Aeschlimann e Andreas Hobmeier.

Stephen Urquhart recordou o lançamento, em 2013, de um calibre Omega resistente a campos magnéticos superiores a 15 mil gauss.

Recorde-se que que o quotidiano actual está cheio de campos magnéticos - desde o simples fecho por íman de uma mala de senhora até ao telemóvel, passando pelo secador de cabelo, o micro-ondas ou o scanner de segurança de um aeroporto. Todos estes campos magnéticos influenciam o isocronismo de um relógio mecânico. Uma das soluções tem sido a de encerrar o calibre dentro de uma segunda caixa, de ferro macio, amagnética. A via usada pela Omega foi empregar materiais amanéticos no orgão regulador, como o silício.

A Omega começou a usar no início de 2014 essa técnica em todos os calibres co-axiais, acrescentando-lhes a menção "Master".


Estação Cronográfica assistiu à conferência de imprensa internacional onde a Omega anunciou a nova certificação


Nick Hayek sublinhou que o Swatch Group, o maior do mundo no sector da relojoaria, e a que a Omega pertence, tem-se esforçado ao longo das últimas décadas em promover a indústria relojoeira helvética e o conceito de "Swiss made". Isto num sector onde a concorrência internacional é muito grande e onde países como o Japão ou a China procuram combater a liderança de inovação dos suíços.

"Estamos determinados em manter a liderança e este acordo com o METAS foi um passo lógico nesse sentido", disse Nick Hayek.

Sobre a nova certificação, o CEO do Swatch Group fez notar que, "desde há vários anos que a norma de certificação COSC precisa de ser reforçada". Referia-se à certificação de cronómetro que o organismo independente suíço faz a calibres que lhe sejam apresentados.

Em meados de 2015, anunciou, a Omega produzirá os primeiros relógios com a designação "Master Co-Axial Officially Certified". Uma das grandes diferenças da nova certificação será a de que ela diz respeito ao relógio acabado e não apenas ao calibre. A partir dessa nova certificação, os mostradores dos relógios Omega deixarão de fazer referência ao facto de serem "cronómetros certificados" pelo COSC, já que terão um conjunto de exigências ainda mais abrangente.


Christian Bock explicou que o METAS é um centro de competência do governo federal helvético para matérias que digam respeito a medidas e a processos de medidas. Em Portugal, por exemplo, é o Instituto Português da Qualidade que detém a competência de certificar medidas, incluindo a de tempo. É o IPQ quem certifica mecanismos temporizadores e quem detém o chamado "segundo padrão" no país. Já o Observatório Astronómico de Lisboa é a entidade que superintende na Hora Oficial.

O Director do METAS disse que o novo processo de certificação dará à Omega ea outras marcas suíças a oportunidade de demonstrar a qualidade de isocronismo perante circunstâncias mais abrangentes das que são testadas no procedimento COSC. Frisou que o METAS é totalmente independente e que só entrou no projecto com a Omega quando se convenceu de que a sua neutralidade não estava comprometida. O acordo com a marca relojoeira do Swatch Group não obriga a qualquer exclusividade e outros clientes podem ter acesso à mesma certificação.

Estação Cronográfica soube que o estatuto do METAS foi recentemente alterado, permitindo que ele preste serviços a partes terceiras, fora do âmbito governamental. Isso tornou possível a parceria com a Omega. Observadores com quem falámos em Genebra fazem notar que, ao deixarem de ir à certificação COSC, os relógios Omega poderão estar a criar algum atrito entre as duas entidades. O METAS é a autoridade que certifica as máquinas usadas pelo COSC nos seus testes. Duas marcas do Swatch Group, a Tissot e a Mido, através de um calibre desenvolvido em exclusivo com a ETA, outra empresa do grupo, estão a "atacar" os números COSC, liderados há muitos anos pela Rolex.

Os números COSC são divulgados todos os anos e são uma boa indicação para o sector sobre como se vão comportando as marcas. Sem submeter os seus calibres ao COSC, a Omega deixará de aparecer na lista. Não ficou claro se o METAS passará a divulgar anualmente o número de certificados que passará para os novos critérios.


Raynald Aeschlimann, Vice-Presidente da Omega para as Vendas Internacionais, disse que a certificação por um organismo federal e independente como é o METAS será uma afirmação forte junto do mercado, comparando-a com as boutiques monomarca ou com os fundos transparentes, deixando os calibres à vista. "Tudo isto define a nossa macra. A boutique coloca os nossos relógios perto do consumidor e torna possível a explicação pormenorizada sobre como funcionam. Os fundos das caixas permitem apreciar os calibres, que são uma parte tão importante da nossa história. E esta nova certificação 'Swiss Made' completamente independente confirma a qualidade de cada relógio. Trata-se de um marco importante não apenas para nós como para toda a indústria", disse.


Andreas Hobmeier, Vice-Presidente da Omega para a Produção explicou em pormenor os testes a que cada relógio Master Co-Axial será submetido para poder obter a menção "Officially Certified".

Os relógios serão testados ao seu comportamento de precisão durante e após terem sido submetidos a campos magnéticos superiores a 15 mil gausss - terão que se comportar com desvios nunca superiores a 0 e +5 segundos por dia; terão que provar a autonomia (funcionar durante pelo menos 70 horas sem se ter dado corda), e terão que provar a estanquecidade anunciada.

Os donos dos novos Omega Master Co-Axial Officially Certified poderão ter acesso online ou via smartphone aos resultados e parâmetros de comportamento dos testes a que foram submetidos os seus relógios.

Interrogado pelos jornalistas, disse que a nova certificação não fará aumentar o preço dos relógios. A marca absorverá os custos desse processo.


Nick Hayek diria ainda que o nível de certificação assegurado pelos calibres Master Co-Axial é actualmente imbatível a nível mundial e que o novo standard motivará outras marcas a testar os seus relógios mediante os novos critérios fiscalizados pelo METAS.

"Isso irá beneficiar toda a indústria - não apenas na Suíça, mas também na China e no Japão e em outros países com uma história de inovação em relojoaria", disse. "Mais importante, irá beneficiar o consumidor e isso tem que ser uma coisa boa".


O quadro de cima mostra a proporção de calibres Master Co-Axial na geração Co-Axial. Progressivamente, os Master Co-Axial passarão a equipar todos os relógios Omega. O quadro de baixo mostra a produção de calibres da geração co-axial. A inovação técnica foi inventada e patenteada pelo relojoeiro inglês George Daniels, que a propôs a várias marcas, que lhe não deram grande importância. NIcholas Hayek, pai de Nick Hayek, comprou a patente a Daniels e, a partir de 2001, a Omega começou a incluir a inovação em alguns dos seus calibres. Hoje em dia, à excepção  do histórico cronógrafo de carga manual que equipa o chamado "Moon Watch", todos os relógios mecânicos Omega estão munidos de escape co-axial (este sistema melhora o isocronismo, prescinde de grande parte da lubrificação e alarga os prazos de revisão).



Ainda não está claro o que aparecerá no mostrador dos novos Master Co-Axial "oficialmente certificados", mas parece que a qualificação "cronómetro" deixará de ser mencionada.


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