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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Anuário Relógios & Canetas 2015 - Editorial e índices


Já está em banca o Anuário Relógios & Canetas 2015 que, na sua 18ª edição, consitui o mais antigo título especializado do seu género em Portugal.

Editorial

Fernando Correia de Oliveira

A hora dos espertos

O ano de 2015 ficará indelevelmente marcado na história da relojoaria – os chamados smart watches, os relógios “espertos”, entrarão definitiva e maciçamente no mercado, liderados pelo Apple Watch de que toda a gente fala.

Foi há exatamente um século que a batalha pelo pequeno espaço do pulso começou. Durante a I Guerra Mundial, com a chegada das tropas americanas ao teatro europeu, começaram a ver-se relógios de bolso adaptados ao pulso e, a pouco e pouco, relógios de pulso criados de raiz.

Até então, reinara durante 400 anos o relógio de bolso. O relógio de pulso tinha começado no feminino e apenas porque, no virar do século XIX para o século XX a moda ditara mangas mais curtas para as mulheres – para além de pulseiras, o novo espaço disponível era ocupado por uma tendência que se julgava passageira, relógios ou relógios-joia.

Visto como um objeto feminino por excelência, o relógio de pulso só no final da década de 1930 começa a vender mais, em termos mundiais, que o relógio de bolso. E só depois da II Guerra Mundial este entrou verdadeiramente em desuso.

Atualmente, as gerações mais jovens não usam relógio – socorrem-se dos gadgets eletrónicos para saber as horas. Isso preocupa a indústria relojoeira, que tem procurado “vender” os relógios mais como objetos de estilo e luxo aspiracional do que como marcadores de tempo.

Com a chegada dos relógios “espertos”, a batalha pelo espaço do pulso adensa-se. Por um lado, temos o relógio como símbolo de estatuto social e de história, património, herança; por outro, o relógio de quartzo, “estúpido” ou “esperto”, mas mais como objeto high-tech, de usar e deitar fora quando sai uma nova geração, sem haver sequer o conceito de manutenção ou reparação.

Há quem diga que a indústria relojoeira suíça, baseada em relógios mecânicos e alto valor acrescentado, está ameaçada de morte com a chegada dos relógios “espertos”. Outros afirmam que ela poderá ser ajudada pela moda dos “espertos”, porque isso recria hábitos de uso de um objeto no pulso a jovens que nunca os usaram. Outros ainda referem que os relógios “estúpidos” de quartzo, de gama baixa, ou os relógios de moda, esses sim, é que ficarão em vias de extinção. Que a alta relojoaria mecânica, essa, continuará firme no segmento de luxo, sem ser ameaçada por “espertos”.

Sociologicamente, será um caso muito interessante de acompanhar. Tal como nos vinhos, como será a “colheita” de 2015 em termos de relojoaria? Vencerão os “espertos” em detrimentos dos “estúpidos”? Haverá co-existência, com uns num pulso e outros no outro?

Muito seriamente, é o futuro da relojoaria, tal como a conhecemos há séculos, que está em jogo


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