Pouco antes de entrarem na II Guerra Mundial, os Estados Unidos, prevendo a confusão que seria o entendimento entre forças aliadas em combate, especialmente em teatros de acção rápida como o ar, decidiram implementar um alfabeto fonético militar.
Foi a partir desse alfabeto, inspirado naturalmente na língua inglesa que, com ligeiras alterações, se chegou ao que é hoje utilizado em todo o mundo, não apenas para uso militar, mas também civil, e não apenas na navegação aérea mas também marítima e em muitos outros tipos de comunicações.
“Alfa”, “Bravo”, “Charlie”, “Delta”, “Echo”, “Fox Trot”, “Golf”, “Hotel”, “India”, “Juliet”, “Kilo”, “Lima”, “Mike”, “November”, “Oscar”, “Papa”, “Quebec”, “Romeo”, “Sierra”, “Tango”, “Uniform”, “Victor”, “Wiskey”, “X-Ray”, “Yankee” representam, respectivamente as letras “a”, “b” “c”, “d”, etc. A letra “Z”, nesse alfabeto fonético, é representada pela palavra “Zulu”. “Decimal” diz-se para significar “vírgula” e “stop” para “ponto”.
Os civis portugueses tiveram contacto maciço com este tipo de linguagem quando, nos meses sequentes do 25 de Abril de 1974, e especialmente no Verão Quente de 1975, se habituaram a ouvir (ilegalmente) as frequências militares e policiais. Era numa altura em que as ruas estavam cheias de “muitos mikes (manifestantes)” e que podia haver, por exemplo, confrontos entre “papa charlie papa”, PCP, comunistas, e “mike romeo papa papa”, MRPP, maoistas.
Mas falemos de outros tempos e de outro tempo, o de hoje. Os meios militares e alguns meios civis (especialmente os aeronáuticos e marítimos) comunicam entre si em “Zulu Time”, ou “Horas Zulu”. Estão a referir-se ao Tempo Universal Coordenado (UTC, do acrónimo em inglês), e não à respectiva hora local, permitindo um tempo comum entre sujeitos colocados em fusos horários diferentes, evitando assim más interpretações.
O tempo passa a ser referido numa escala de 24 horas (os mostradores de relógios militares usam essa escala e não a habitual de doze, para evitar confusões entre dia e noite), e em quatro dígitos e uma letra. “0007Z”, por exemplo, nesse parâmetro, significa sete horas da manhã, à longitude de zero graus e zero minutos (daí a letra “z”) – o meridiano convencional que separa o Leste do Oeste no sistema geográfico mundial coordenado, e que passa pelo Observatório Real de Greenwich, Inglaterra.
No Horário de Verão, Portugal continental e a Madeira têm a Hora Zulu ou UTC mais uma, e no Horário de Inverno a mesma. Os Açores têm no Horário de Verão a mesma hora que a Zulu e no Horário de Inverno menos uma. Se quiser saber a que horas está em Zulu Time, pode ir a www.zulutime.net e acederá aí a ele em tempo real.
*Crónica publicada em A Máquina do Tempo (29.06.07), Casual, Semanário Económico
3 comentários:
Boas, gostava de saber se tem alguma informaçao sobre as ferquencias militare.Alterei um radio de fm e apanho algumas ferquencias da aviaçao civil.obg
boa noite,
lamento, mas a minha formação é apenas relacionada com o Tempo e a sua medição, não sei absolutamente nada sobre frequências militares rádio...
se for a http://sites.google.com/site/fernandocorreiadeoliveira/ verá que é assim... ;-)
OK. Muito obrigado na mesma.
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