Est. June 12th 2009 / Desde 12 de Junho de 2009

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domingo, 6 de julho de 2025

Meditações - o tsunami do tempo

PARADO NO TEMPO

Parado no tempo como um relógio fosse no qual a corda acabou.

Pararam os ponteiros das horas dos minutos e os dos segundos cambalearam um pouco mais até à paragem total.

Assim estava ele, parado no tempo, no tempo de que tinha saudades.

Dum  mundo inteiro, do seu mundo inteiro que ainda nada tinha sido quebrado.

Aos poucos os elos da cadeia, da cadeia desse seu mundo foram-se quebrando.

Chorou por cada elo que se quebrou.

Uns com maior dor outros não tanto, não porque não lhe doesse do mesmo modo, apenas porque a sua consciência era ainda infantil quando os elos se começaram a quebrar.

E, à medida que o tempo não parava os elos quebrados doíam-lhe mais, muito mais.

Chorou, chorou alto, verteu lágrimas como elas pudessem ser a soldadura dos elos que se quebraram e a corrente fosse novamente una.

Foi como se lhe tivessem a tirar  todos os continentes do seu mundo, um a um, agora restava ele, uma pequena ilha rodeada por um oceano medonho, sem qualquer protecção, nem que restasse uma pequena boia para não se afogar quando fosse levado por uma qualquer onda imensa.

Sabia que os elos não voltarão nunca mais, talvez  por isso, decidiu parar no tempo para retomar a lembrança do seu mundo inteiro.

Um mundo inteiro que não foi impresso num Mapa-Múndi apenas no Mapa-Múndii da sua memória.

Um dia também irá navegar para fora da corrente, quando o seu elo se quebrar e sabe que não mais voltará.

E no meio do oceano, a sua ilha desaparecerá engolida pelo tsunami do tempo.

J. Magalhães 05.Junho.2023

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