O Núcleo do Tempo do Arquivo Ephemera acaba de receber o mais importante espólio, desde que foi criado, em Janeiro de 2020.
Começaram a chegar ao armazém de Santa Iria, onde o Núcleo
está instalado, os primeiros materiais respeitantes a mais de um século de
história no sector da Relojoaria, respeitante à empresa Olindo Moura Lda, cujas
raízes remontam a 1921.
A partir de 1984, e sob a direcção de António Luís Moura,
terceira geração da família, a empresa entrou igualmente no sector da
Joalharia. E, por essa altura, teve também importante papel na modernização de
espaços comerciais, através de projectos de design, da autoria de Fernanda Lamelas.
É todo esse material documental, crucial para a história da Relojoaria e da Joalharia em Portugal no século XX, a par de mobiliário, que passa a estar no Ephemera. Obrigado ao casal António Luís Moura / Fernanda Lamelas.
Cronologia, recordada por António Luís Moura:
A história começa em António Martins de Oliveira Moura (1899-1979) e Olindo Martins de Oliveira Moura (1923-1992), dois irmãos de uma numerosa família de Gondomar. Ambos vieram novos para Lisboa.
Após várias iniciativas empresariais, António criou, em 1921, com Abílio Garcia, a empresa A. Garcia, Lda, destinada à importação e distribuição de relógios, nomeadamente da marca Omega. Esta empresa tinha sede na Praça da Figueira, 4-1º em Lisboa.
Em finais dos anos 1930, António Moura comprou a quota a Abílio Garcia, dado que este não estava de acordo com a política de “preço fixo” que a Omega estava a implantar a nível mundial.
Em 1943, Olindo foi admitido como vendedor na empresa, da qual passou a ser sócio em 1964, altura em que a denominação da empresa passou a ser “António Moura, Lda”.
A António Moura, Lda, foi distribuidora das marcas suíças Omega, Tissot, Audemars Piguet e Swiza, da francesa Jaz e das portuguesas Boa Reguladora, Aureus, Viergines, Sergines e Zinal. Nos anos 1970, a empresa tinha 90 funcionários, 30 dos quais eram relojoeiros. A empresa tinha uma filial no Porto na Avenida dos Aliados.
Em 1979, por falecimento de António Moura, a sua quota de 2/3 na empresa foi dividida em duas, sendo 1/3 herdada por Olindo Moura que já detinha 1/3 e o outro 1/3 foi herdade por um sobrinho dos sócios.
Em 1984 na época da grande crise da indústria relojoeira suíça e devido a desentendimento de política comercial entre sócios, Olindo Moura vendeu a sua quota em “António Moura, Lda”.
Junto com o seu filho António Luis Moura, criou uma nova empresa “Olindo Moura, Lda”, que se manteve nas instalações da Praça da Figueira e iniciou a distribuição das marcas relojoeiras Ebel, Hugo Boss, Parmigiani, e Pierre Balmain; e das marcas joalheiras Chaumet, Fred, Dior Joaillerie, Messika, Dinh Van, H. Stern, Mikimoto, Mimi e Eleutério.
Em 2017. a Olindo Moura, Lda suspendeu a representação de marcas de relógios e jóias e desenvolveu com Fernanda Lamelas uma marca própria para a concepção e produção de lenços e gravatas de seda, tudo “made in Portugal”.
Em 2024, a sede da empresa foi forçada pelo senhorio a abandonar as instalações, que ocupava há mais de 100 anos, para que aí seja construído outro alojamento local na baixa de Lisboa.
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