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sábado, 12 de abril de 2014

Relógios & Canetas online Abril - Editorial - O Swiss Made e os trabalhadores estrangeiros


O Swiss Made e os trabalhadores estrangeiros

O tema foi corajosamente lançado por Jacques J. Duchêne, há dias, no discurso de abertura de mais uma Baselworld: “Se novas regras de limitação à imigração forem para a frente, a indústria relojoeira suíça sofrerá muito com isso”. O Presidente do Comité de Expositores da maior feira de relojoaria e joalharia do mundo referia-se ao referendo recente que aprovou a limitação à entrada de estrangeiros no país. Agora, o parlamento federal, dando seguimento à vontade popular, deverá legislar nesse sentido.

Quem esteja menos atento ao sector poderá perguntar-se o porquê do alarme. Mas, ao saber que cerca de metade da força de trabalho empregue pela indústria relojoeira helvética é estrangeira, compreenderá a preocupação de Duchêne. Desses trabalhadores estrangeiros, muitos são residentes (e Portugal contribuiu, nos últimos três anos, com um fluxo maciço novo, dada a crise). Mas a maioria são os chamados “frontaliers”, que diariamente comutam entre os países de origem e de residência e a Suíça (sobretudo franceses, mas também alemães e italianos).

“Precisamos dessa força de trabalho e dessas capacidades específicas”, confirma Jean-Daniel Pasche, Presidente da Fédération Horlogère, a patronal do sector.

Em Fevereiro, e por uma maioria marginal (50,3 por cento), o referendo aprovou a anulação de um pacto que dá idênticos direitos aos trabalhadores da União Europeia no mercado laboral suíço.

O sector empresarial helvético, e não apenas o relojoeiro, mostra-se preocupado e pede aos políticos que façam uma interpretação maleável do sentido do referendo, pois a mão-de-obra estrangeira continua a ser muito necessária ao país, que tem uma taxa de desemprego de 3,5 por cento, uma das mais baixas da Europa.

Com um crescimento admirável das exportações nas últimas décadas e com recuperações muito rápidas face às crises internacionais, a relojoaria suíça tem aumentado sustentadamente a força de trabalho e continua a haver falta de pessoal especializado, nomeadamente relojoeiros (alguns dos melhores alunos do curso de Relojoaria da Casa Pia, por exemplo, instalaram-se nos últimos dez anos na Suíça).

Com a carência de pessoal, mesmo antes do referendo, várias manufacturas suíças começaram a criar centros de produção na França, em regiões próximas da fronteira, pagando aí salários “à francesa”, bem mais baixos do que os praticados ao lado.

Na conferência de abertura da Baselworld, reagindo às preocupações de Duchêne, um jornalista asiático perguntou – “Se metade da força de trabalho é estrangeira, como é que posso considerar um relógio como Swiss Made?”. Resposta pronta de outro dirigente do sector, François Thiébaud, responsável da Tissot e Presidente dos Expositores Suíços: “São as regras, meu caro. Se o produto respeitar as regras de qualidade suíças, não importa quem o faz. É suíço, e o mundo sabe o que isso significa”.

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