terça-feira, 10 de dezembro de 2013
Em Munique, com a exposição dos relógios Patek Philippe - reportagem no Relógios & Canetas online de Dezembro
Reportagem em Munique, com a exposição da Patrek Philippe. A ler no Relógios & Canetas online de Dezembro, que pode ser descarregado na íntegra aqui ou aqui.
Patek Philippe expõe na capital da Baviera
500 anos de relojoaria
Fernando Correia de Oliveira, em Munique
Um dos mais importantes espaços culturais de Munique, o Kunsthalle da Hypo-Kulturstiftung , foi este ano palco da exposição itinerante que a Patek Philippe mantém desde há um ano a circular pelo mundo. Mais de 22.500 pessoas visitaram a KunstWerkUhr, um quadro completo do que é hoje a manufactura genebrina.
As boas-vindas à exposição KunstWerkUhr eram dadas no rés-do-chão do edifício, por um jovem relojoeiro, na sua bancada, e que é o responsável pela conservação e restauro no museu da Patek Philippe, em Genebra. Muitos visitantes traziam relógios Patek Philippe para sua apreciação.
Ao longo dos dez dias da mostra, um público atento e culto, usando muitas vezes auscultadores onde se explicava o contexto de cada peça, demorava-se concentradamente em cada vitrina.
A Patek Philippe pretende realizar exposições deste tipo uma vez por ano, itinerantes, tendo a primeira sido realizada em 2012 no Dubai. Prevê-se que, em 2014, ela se realize em Londres. A manufactura tenciona também, no futuro, trazê-la à Península Ibérica.
A exposição está baseada em três pilares, reflectindo o espaço, o tempo e a filosofia da manufactura genebrina - o seu Salão, onde tudo começou, na Rue du Rohne; o Museu; a sua Arte relojoeiro, reflectida na capacidade micro-mecânica, por um lado; na sua capacidade nos Métiers d'Art aplicados à relojoaria, por outro.
À exposição de Munique a Patek Philippe levou 470 peças, das quais 400 relógios, espalhados por 1.200 m2 do museu, situado na zona histórica de Munique. Peças vindas do museu ou das actuais colecções, numa linha de tempo que abrange mais de 500 anos. Foi uma escolha pessoal de Thierry Stern, o Presidente da manufactura familiar.
"Viemos a Munique porque esta cidade aprecia particularmente os valores sobre os quais o êxito da Patek Philippe se tem baseado: tradição e inovação, bem como o apreço pelo alto artesanato e a paixão pela arte e pela cultura", disse este membro da família Stern, que há quatro gerações dirige a manufactura.
A aposta foi claramente ganha. Pessoalmente, nunca nos tinha sido dado apreciar um público tão atento e interessado numa exposição deste tipo. Houve gente de todas as idades, muitos casais. E com bastantes visitantes com Patek Philippe no pulso.
Um quadro difícil de repetir fora de Munique, arriscaríamos nós. Mesmo em Londres. Ou Paris e Nova Iorque, para onde a exposição deverá seguir nos próximos anos, onde o público não deverá ser, em termos gerais, tão culto nem tão genuinamente interessado como o que vimos naquela que não é apenas a capital da Baivera mas que muitos consideram ser a capital cultural da Alemanha.
Nas várias salas fez-se uma retrospectiva dos mais de 174 anos de história da empresa (o mundo relojoeiro aguarda com muita expectativa o que a Patek Philippe irá fazer em termos de relojoaria para marcar o seu 175º aniversário, em 2014...).
Na primeira sala, recriava-se o ambiente do Salão que a marca tem em Genebra, na Rue du Rohne. Até o célebre candelabro que domina aquele espaço foi reproduzido em Munique. Neste espaço, estava a totalidade dos modelos em produção na manufactura (nas linhas Calatrava, Nautilus, Aquanaut, Gondolo e os apenas femininos Ellipse d’Or e Twenty~4). Incluía-se um conjunto impressionante de repetições minutos e de outras grandes complicações, como calendários perpétuos e cronógrafos. Um público intergeracional, conquistado por um património que vai para além da relojoaria, que aborda campos das artes aplicadas, ficava de imediato conquistado.
A Patek Philippe produziu várias edições especiais limitadas para esta exposição. Nomeadamente um horas do mundo, limitado a 25 exemplares de ouro branco e outros 25 de ouro rosa, apenas para o mercado alemão. "Já estão todos vendidos", confidenciou-nos um dos elementos da manufactura. Este horas do mundo tem a particularidade de, no disco das cidades, ter assinalado a azul Munique.
Numa sala adjacente à que recriava o rés-do-chão do Salão da Rue du Rohne, a Patek Philippe destacava, isolado, um exemplar do Star Caliber 2000, o terceiro relógio mais complicado do mundo. O seu movimento inclui 1.100 componentes e foi fabricado e montado inteiramente pela manufactura. Neste caso, um modelo com caixa esqueletizada.
A mítica Sala Napoleão, do Salão genebrino, foi quase que transportada até Munique, com o mesmo tipo de decoração. Até a vista sobre o lago Léman, que se pode apreciar do último andar do prédio histórico da Patek Philippe foi recriada para a exposição – através de um filme desde o nascer ao pôr-do-sol, com jacto de água em destaque, a ser projectado num ecrã gigante. Muitos visitantes aproveitavam para se sentar em frente e, depois de alguns momentos de introspecção, sentirem-se levados até Genebra.
O pilar dedicado à mestria micro-mecânica foi recriado com vários relojoeiros, que nas suas bancadas iam trabalhando e respondendo às perguntas dos visitantes. Ecrãs alimentados por imagens aumentadas tornavam tudo mais claro sobre o que as mãos experientes dos relojoeiros iam fazendo.
Dezenas de calibres criados ao longo de quase 175 anos pela Patek Philippe podiam ser apreciados com lentes especiais. Microscópios electrónicos punham em destaque os orgãos reguladores.
Noutra sala, de novo os calibres, em quadros interactivos, tridimensionais, que podiam ser vistos e usados como um jogo. Numa sala especialmente adaptada, os visitantes podiam apreciar o som amplificado dos repetições minutos, sentados em cadeiras envolventes e de aspecto quase de ficção científica. A tradição e a modernidade em simbiose perfeita.
Além de relojoeiros, a Patek Philippe levou a Munique engastadores, gravadores, desenhadores e esmaltadores, numa demonstração da sua capacidade nos Métiers d'Art.
Uma peça histórica recentemente adquirida pelo Museu da Patek Philippe e que nunca tinha sido mostrada até agora em público - um exemplar do Cronógrafo inventado por Nicolas Mathieu Rieussec em 1821 – despertou especial atenção. Noutra sala, 4 penduletes, modelos únicos, feitos de propósito pela Patek Philippe para o mercado alemão, e com temática germânica, também suscitaram admiração e comentário.
Peças de alta joalharia, algumas delas também produzidas especialmente para esta exposição, completavam a série de peças criadas pela Patek Philippe tendo em atenção o mercado alemão e assinalando a mostra.
Mas a KunstWerkUhr também era uma apresentação cronológica da história da medição do tempo, e a Patek Philippe tem no seu espólio peças únicas, retratando alguns dos momentos mais importantes desse percurso: numa das vitrines, podia ver-se o segundo relógio mais antigo do mundo (alemão, tipo Ovo de Nuremberga, cerca de 1530 - 1540); ou um dos primeiros relógios com o ponteiro dos minutos, apenas tornado possível depois de Christiaan Huygens ter inventado, no final do século XVII, o sistema balanço-espiral (peça cerca de 1675 - 1680).
A Patek Philipe em números
1600 trabalhadores em Genebra
1800 trabalhadores na Suíça
2000 trabalhadores em todo o mundo
200 relojoeiros qualificados
450 pontos de venda em 70 países
19 calibres básicos (17 para relógio de pulso e 2 para relógio de bolso)
15 milhões de peças usadas na produção anual
53 mil relógios produzidos por ano (41 mil mecânicos e 12 mil de quartzo, de senhora)
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