Agora, aí está o relógio, há doze anos e meio aí está, ante tapetes sem vida e poltronas fanadas, elegante e sóbrio, soando de tempos em tempos, com os seus misteriosos sons. Já ninguém acredita que os aparelhos sonoros, se é que existe mesmo mais de um, reconstituam a frase de Scarlatti. Nem sequer ocorre (a quem
ocorreria?) que as engrenagens ajustadas e expostas à falha calculada, voluntária, do mecanismo imperfeito, marcham calmamente para esse milagre: a confluência, o eclipse. Julius, perdido no pó, ouvirá esse momento?
Osman Lins, in Avalovara
segunda-feira, 8 de julho de 2013
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1 comentário:
Relógio musical
Sobre um móvel ancestral
tenho a um canto do salão
um relógio musical
da maior estimação.
Sua caixa é de charão
à maneira oriental
e para entrar em função
é de corda manual.
Dá-me prazer escutá-lo
quando estou no gabinete
durante um breve intervalo.
O que mais me encanta ouvir
é de longe o minuete
que já deixou de existir!
João de Castro Nunes
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