Est. June 12th 2009 / Desde 12 de Junho de 2009

A daily stopover, where Time is written. A blog of Todo o Tempo do Mundo © / All a World on Time © universe. Apeadeiro onde o Tempo se escreve, diariamente. Um blog do universo Todo o Tempo do Mundo © All a World on Time ©)

quinta-feira, 5 de julho de 2012

O bezel, a esfera, as agulhas, o cristal de safira e as pernas...Oh icónicos, basta!


Estação Cronográfica foi enchendo, enchendo, mas hoje tem que soltar as águas de uma barragem perigosamente cheia, sob perigo de o betão não aguentar.

Não, minhas senhoras e meus senhores, "bezel" não existe. Nem "bizel". Quando muito, bisel. Mas é preferível luneta, o nome que se dá ao aro exterior de um mostrador.

Não, a "esfera" não é para aqui chamada, falem antes em mostrador.

Não, as "agulhas" tão pouco são pertinentes para estes lados, atinem de uma vez por todas em ponteiros.

"Cristal de safira" não existe. Existe é a palavra castelhana - "cristal" - para vidro e, quando este é feito de safira sintética, estamos perante vidro de safira.

Há desportos por etapas, sejam ou não necessárias pernas para os praticar. Mas não há "pernas" em vez de etapas.

Ao longo dos últimos anos fomos escrupulosamente corrigindo estas imbecilidades nos textos que as agências de comunicação nos mandam. Seria natural que, ao fim deste tempo todo, os autores desses textos, e tendo o retorno de Estação Cronográfica, fossem emendando a mão. Mas não. Pelos vistos, nem lêem o "clipping" do que vai sendo publicado. E não há pior ignorância do que a ignorância atrevida.

Isto, claro, são exemplos objectivos, e apenas alguns, de traduções miseráveis. Não falamos aqui sequer do subjectivo - o chorrilho de lugares comuns que enche normalmente os textos que nos enviam. "Exclusivo", "Histórico", "Sofisticado" e outros banais adjectivos são sempre acompanhados do malfadado "icónico". E, tal como Goebbels puxava da pistola quando ouvia falar de Cultura, nós puxamos da caçadeira de canos serrados quando passamos os olhos pela diarreia de "icónicos"...

Às agências de comunicação, pagam-lhes para serem o elo de ligação entre as marcas e os Media. Ganharíamos todos em tempo, dinheiro e qualidade se os textos que chegam de fora não fossem traduzidos. Como não nos pagam para "deskar" tanto disparate, a solução é deixar de comunicar as tretas "icónicas" de um marketing de vão de escada.

1 comentário:

Anónimo disse...

Bravo!

Contrarie-se o pululante semi-analfabetismo e a intensa vacuidade mental reinante nos media.