terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
Meditações - Entrudo
Uma noite do tresloucado Entrudo,
de alto barulho e dançatriz farófia,
de longo rabo-leva. e surriada,
de pós, talco, filhós, perus, carniça;
Eu com a cabeça quente e nebulosa,
Com os vapores de Baco, ebri-festante,
A redonda barriga ainda himpando,
Com saboroso-atola-dente lombo,
E certas trouxas de ovos comesinhas -
Embrulhado na rede, em casa aos passos
(não mui seguros) punha a pontaria:
E já Morfeu, das pontas dos cabelos
Se prendia, trepando-se à moleira,
Para no leito me baquear num golpe,
Mal que os Penates curto saudasse.
Dispo-me a troncos do prolixo fato.
Aqui me cai o lenço, ali se entorna
A caixa de tabaco - mal sostidos,
Oh três e quatro vezes fortunosos,
Vós gregos, vós romanos, cujo trajo,
Desprezava botões, ligas, fivelas:
E mais que vós, oh Negros, oh Tapuias,
Que em trajo único andais, qual do materno
Ventre herdasteis, e vos há-de herdar a Terra!
No braço da cadeira, se debruçam
Os calções com o relógio, e da algibeira
Pingam vinténs, retinem no ladrilho.
E vão, em caracol, correndo - O gato
Pula aquém, pula além; com a garra leve
Dá-lhe um bofete, os tomba e os atabafa [...]
Filinto Elysio, in Sonho, dedicado ao Exsmo Sr. P. M. de M.
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2 comentários:
Filinto Elysio, o árcade poeta
que superou Bocage algumas vezes,
teve na vida inúmeros revezes
por não meter seus versos na gaveta!
JCN
Altero o vocábulo "árcade" para "arcádico". JCN
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