O POETA QUE QUERIA AGARRAR O TEMPO
Tinha imensos, imensos livros de poesia que queria escrever.
Sentia, no entanto, que não tinha tempo para.
O tempo corria, corria e ele incapaz de o acompanhar na ânsia de escrever os poemas.
Cada vez estava mais desesperado a ver o tempo a passar e os poemas não escritos
Um dia lembrou-se de agarrar o tempo.
Foi a uma cordoaria, comprou uma corda enorme, deu uma laçada e atirou-a ao tempo.
E o tempo ficou preso na corda, na laçada.
Apanhado de surpresa o tempo parou.
E o poeta esfregou as mãos de contente.
“Agora vou poder escrever os meus poemas com tempo”.
Só que ele não sabia que o tempo tinha de correr para se manter jovem.
O tempo parado, enlaçado, começou a envelhecer e tudo o que vivia do tempo parou, mirrou e envelheceu.
Os poemas já não eram poemas eram apenas manuscritos ilegíveis
amarelecidos pelo tempo parado.
Então o poeta percebeu que não se podia amarrar o tempo, o tempo tinha o seu ritmo e se ele parasse tudo parava à sua volta.
Desamarrou o tempo e deixou-o ir na sua correria louca.
Nunca conseguiu escrever todos os poemas que queria.
O tempo ultrapassou-o.
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