Est. June 12th 2009 / Desde 12 de Junho de 2009

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quinta-feira, 3 de julho de 2025

Meditações - amarrar o tempo

O POETA QUE QUERIA AGARRAR O TEMPO

Tinha imensos, imensos livros de poesia que queria escrever.

Sentia, no entanto, que não tinha tempo para.

O tempo corria, corria e ele incapaz de o acompanhar na ânsia de escrever os poemas.

Cada vez estava mais desesperado a ver o tempo a passar e os poemas não escritos

Um dia lembrou-se de agarrar o tempo.

Foi a uma cordoaria, comprou uma corda enorme, deu uma laçada e atirou-a ao tempo.

E o tempo ficou preso na corda, na laçada.

Apanhado de surpresa o tempo parou.

E o poeta esfregou as mãos de contente.

“Agora vou poder escrever os meus poemas com tempo”.

Só que ele não sabia que o tempo tinha de correr para se manter jovem.

O tempo parado, enlaçado, começou a envelhecer e tudo o que vivia do tempo parou, mirrou e envelheceu.

Os poemas já não eram poemas eram apenas manuscritos ilegíveis

amarelecidos pelo tempo parado.

Então o poeta percebeu que não se podia amarrar o tempo, o tempo tinha o seu ritmo e se ele parasse tudo parava à sua volta.

Desamarrou o tempo e deixou-o ir na sua correria louca.

Nunca conseguiu escrever todos os  poemas que queria.

O tempo ultrapassou-o.

 J. Magalhães 30.Maio.2023

 


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