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sexta-feira, 25 de julho de 2025

João Pedro de Carvalho repara o relógio da torre de Belas, 1841

Data de 10 de Agosto de 1841 o documento de pagamento da reparação do relógio da torre de Belas ao relojoeiro João Pedro de Carvalho.

(Arquivo Municipal de Sintra)

O Relógio de Belas é uma das personagens do clássico Relógios Falantes, de D. Francisco Manuel de Melo.

Em “A Introdução do Relógio Mecânico em Portugal”:

D. Francisco Manuel de Melo (1608-1666), dava por terminado 35 anos depois o primeiro de quatro Apólogos Dialogais – “Os Relógios Falantes”. O autor escolhera o género literário apólogo, que confere a animais e a objectos inanimados o dom da expressão pela palavra. No caso, o diálogo é entre um relógio da cidade de Lisboa (o da Igreja das Chagas) e outro do campo, de Belas (na região de Sintra). A obra termina com a seguinte referência: “Nesta aldeia, em 20 de Setembro de 1654” (mas foi publicada apenas em 1721).

Porquê a escolha destes dois relógios como protagonistas? Como lembra Maria de Lurdes Correia Fernandes [2], “esta aldeia” é certamente a de Belas, um dos locais para onde se retirou temporariamente D. Francisco depois da sentença de desterro perpétuo para o Brasil e na sequência da prisão a que esteve sujeito entre 1644 e 1654 (ou 1655, ano em que parte para o Brasil). “Um relógio cujas horas, nesse final de Verão de 1654, possivelmente, D. Francisco ouviria soar regularmente”, diz a especialista. Nunca foram totalmente esclarecidos os motivos da perseguição política a que o diplomata, militar e escritor foi sujeito.

“Da mesma maneira, o outro dialogante deste apólogo não é, simplesmente, um relógio de cidade. É, concretamente, o relógio das Chagas – melhor, o relógio da Igreja das Chagas de Lisboa. Ora, a igreja das Chagas de Cristo – que viria a ficar praticamente desfeita com o terramoto de 1755, mas que foi reconstruída ainda nesse século – era uma muito próxima da Calçada do Combro, onde D. Francisco possuía um solar de família, no qual terá nascido e vivido na sua infância e parte da juventude. Deste modo, também o relógio das Chagas era bem conhecido – e talvez outrora regularmente ouvido – por D. Francisco, tanto mais que estaria colocado no mesmo campanário que, até por razões fundacionais, anunciava alegremente à cidade a chegada das naus da Índia. Hoje, na torre da igreja reconstruída, lá está um relógio (com dois mostradores nas duas faces que dão para o rio), que conta apenas com o ponteiro das horas, num desenho que, se não é original, é muito semelhante ao de vários relógios da época”.

Saiba mais aqui.

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