Silly season
A CHRONEXT, um dos líderes mundiais no mercado de relógios em segunda mão acaba de despedir um terço dos seus empregados. Os fundos de investimento, que canalizaram nos últimos anos milhões de dólares para o mercado secundário relojoeiro, fecharam-se subitamente para o sector.
A guerra na Ucrânia, a subida das taxas de juro, a inflação galopante, contribuem para um quadro de incerteza onde os relógios já não são um “valor seguro” de investimento.
Modelos Rolex, Patek Philippe ou Audemars Piguet, descontinuados ou mesmo novos, mas em que a produção não alimenta a procura, caíram mais de 50 por cento desde Março.
Perante esta situação de bolha a rebentar, o analista Rob Corder recorda Warren Buffet, quando disse: “Só quando a maré desce se descobre quem andou a nadar nu”.
Mais de 5 milhões de pessoas tronaram-se milionárias no mundo em 2020, segundo um estudo do Credit Suisse.
Os novos-ricos quererão sempre ter o primeiro Rolex… Uma nova categoria surgiu assim nos últimos tempos – o “relógio de exposição”. Fornecido pela própria Rolex aos seus pontos de venda autorizados, que serve para compor a montra, mas que não está à venda.
Numa intervenção recente no Dubai, um histórico do sector, Jean-Claude Biver, desafiou a indústria relojoeira helvética a pensar em grande e a produzir muito mais. Há 7 mil milhões de pessoas no mundo e a Suíça só vende 20 milhões de relógios por ano, com o número estagnado nos últimos três.
O responsável pelo Turismo de Nápoles, Itália, avançou recentemente com uma sugestão, face ao roubo de relógios de luxo, em pleno dia, no pulso de turistas descontraídos. Segundo ele, os hotéis da cidade deveriam distribuir alternativas baratas, de plástico, aos seus clientes, enquanto os relógios verdadeiros ficariam a salvo, nos cofres.
A operação de marketing de lançar um Swatch MoonSwatch, imitando o Omega Speedmaster que foi à Lua, tida como “genial” pela generalidade dos observadores, continua a suscitar-nos muitas dúvidas. Como refere o consultor suíço Oliver Müller, fundador da Luxconsult, “embora o MoonSwatch tenha provado ser um grande sucesso, isso não significa necessariamente que a Swatch tenha conseguido parar a longo prazo o seu declínio, com os consumidores a verem mais o produto como um Omega barato do que um Swatch desejado”.
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