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terça-feira, 24 de março de 2020

COVID-19: setor da ourivesaria portuguesa praticamente bloqueado com medidas do Estado de Emergência


A Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal (AORP) promoveu um inquérito para aferir as consequências efetivas e previstas do atual contexto COVID-19 para o setor. Parou tudo. O comunicado:

24 de março de 2020 – O setor de ourivesaria portuguesa vinha a empreender uma trajetória de crescimento e expansão internacional, mas o atual contexto provocado pela COVID-19 representa um travão às aspirações das empresas. A AORP – Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal traça o retrato de um setor praticamente bloqueado, devido ao encerramento das Contrastarias e dos estabelecimentos comerciais.

O inquérito, realizado a 88 empresas, revela um setor maioritariamente composto por pequenas e médias empresas (81% com menos de 10 trabalhadores), de cariz familiar, cujo agregado familiar depende em grande parte – se não na totalidade – do negócio.

Da amostra inquirida, 80% das empresas encerraram totalmente a sua atividade na sequência do estabelecimento do Estado de Emergência em Portugal, sendo que 65% revelam ser por tempo indeterminado.

As consequências já se começam a sentir. 58% dos inquiridos preveem um impacto de 76 a 100% nas vendas e 19% situam os danos entre os 51 e os 75%. A quebra no volume de vendas, o encerramento temporário das contrastarias – única entidade com competência legal para certificação dos produtos de joalharia, e o encerramento das instalações, assim como o encerramento das cadeias de distribuição a montante e a jusante são os principais motivos de preocupação das empresas, sendo que muitas consideram a implementação de medidas de lay-off, despedimentos e mesmo encerramento de atividade. De referir ainda que, dado o cancelamento de feiras internacionais, as empresas revelam preocupação na recuperação a médio prazo.

Nuno Marinho, Presidente da AORP, defende que “obviamente entendemos a emergência do plano de combate à propagação do vírus COVID-19 e estamos alinhados com as instituições na salvaguarda da saúde pública, mas é também urgente prevenir danos económicos irreversíveis. Como prioridade, apontamos a reabertura das Contrastarias nacionais para viabilizar as transações por via de comércio eletrónio, bem como o necessário reforço das condições de lay-off, desonerando as empresas do custo do salário do trabalhador dispensado e permitindo a abrangência aos sócios-gerentes das empresas, dado que em muitas das pequenas e microempresas os sócio-gerentes são na prática os trabalhadores. Por outro lado, é imperativo garantir as melhores condições de acesso ao crédito a pequenas e microempresas, com pouca experiência e capacidade de negociação com a banca”.

“A AORP está a monitorizar de perto todos os desenvolvimentos do contexto COVID-19, mantendo as empresas informadas e prestando consultoria jurídica e financeira. Além disso, estamos a desenhar soluções em conjunto com parceiros e com as empresas no sentido de criar plataformas digitais de promoção e negócio, encontrando oportunidades entre a grande ameaça que se prevê para a economia mundial. Mais do que nunca acreditamos que a solução está na força do coletivo e na capacidade das empresas se unirem.”, acrescenta o responsável.

O setor da ourivesaria portuguesa é composto por 4.300 empresas, representando um volume de negócio anual de 1.000 milhões de euros, dos quais 10% correspondem a exportação.

Resumo dos resultados do inquérito “Monitorização dos Efeitos do COVID-19 para o Setor da Ourivesaria Portuguesa”, realizado pela AORP – Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal:

• Inquérito aferido a 23 de março de 2020
• 88 empresas responderam ao inquérito
• Desta amostra, 40% correspondem a indústria; 34% a comércio a retalho; 18% comércio por grosso; 8% a outras atividades conexas
• 41% das empresas registam uma faturação abaixo dos 100.000 euros/ano, o que revela o tecido mais frágil do setor, mas importante ressaltar que 19% faturam entre 1 a 5 milhões de euros
• No seguimento dos dados acima, também 55% das empresas têm entre 1-3 colaboradores, sendo na sua maioria empresas de cariz familiar e 26% entre 4 a 9 colaboradores – ou seja mais de 81% das empresas têm menos de 10 colaboradores
• 49% das empresas têm recurso ao crédito, sendo que 23% se deve a renovação/ampliação de instalações, validando a trajetória de crescimento e expansão que as empresas vinham a fazer pré-COVID
• 80% das empresas, até 23 de março, encerraram as suas instalações por completo, sendo que 65% revelam ser por tempo indeterminado
• Fruto ao atual contexto, 58% das empresas revela ter tido um impacto de 76 a 100% das vendas e 19% situam os danos entre 51 e 75%.
• A quebra no volume de vendas, o encerramento temporário das contrastarias e o encerramento das instalações, assim como o encerramento das cadeiras de distribuição a montante e a jusante são os principais problemas do setor neste momento, sendo que muitos consideram a implementação de medidas de lay-off, despedimentos e mesmo encerramento de atividade.


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