Às vezes, em sonho triste
Nos meus desejos existe
Longinquamente um país
Onde ser feliz consiste
Apenas em ser feliz.
Vive-se como se nasce
Sem o querer nem saber.
Nessa ilusão de viver
O tempo morre e renasce
Sem que o sintamos correr.
O sentir e o desejar
São banidos dessa terra.
O amor não é amor
Nesse país por onde erra
Meu longínquo divagar.
Nem se sonha nem se vive:
É uma infância sem fim.
Parece que se revive
Tão suave é viver assim
Nesse impossível jardim.
Fernando Pessoa
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Sempre que leio Pessoa,
vem-me à ideia um poeta
que escreve versos à toa
para guardar na gaveta!
JCN
Enviar um comentário