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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Há dez anos - reportagem na Internacional Horas & Relógios sobre a Swatch e os Jogos Olímpicos de Atenas


Como já aqui tínhamos feito referência, estivemos nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004, a convite dos relógios Swatch, que foram o cronometrista oficial do evento.

Na altura, escrevemos reportagens para vários títulos, nomeadamente a revista Internacional Horas & Relógios. Eis o texto:

Mais rápido, mais alto, mais forte… mas quem?

O mote olímpico é citius, altius, fortius, o que quer dizer que, de quatro em quatro anos, recordando os primitivos jogos da Grécia Clássica, a Humanidade anda à procura de saber quem é o mais rápido, o mais alto, o mais forte. Com diferenças de milímetros ou de milésimos de segundo, faz-se (ou desfaz-se) um campeão. A Swatch foi, mais uma vez, o timekeeper oficial dos Jogos Olímpicos. Fomos ver como tudo funciona.

Fernando Correia de Oliveira, em Atenas

Sob o calor abrasador de Atenas, com alguma poeira no ar devido a instalações inacabadas ou terminadas à pressa, no meio de fortes medidas de segurança e menos espectadores do que o previsto, desenrolaram-se de 13 a 29 de Agosto os Jogos das XXVIII Olimpíadas. Foi, como sublinhava a frase publicitária, “o regresso a casa”, e em dois sentidos – voltar às suas raízes históricas e fazer de novo os jogos onde eles arrancaram na era moderna, em 1892. Internacional Horas e Relógios esteve na capital grega a convite do Official Timekeeper destes Jogos Olímpicos, a Swatch. Tivemos ocasião de observar a medição, armazenamento, divulgação e arquivo de tempos, alturas, distâncias ou toques em oito modalidades – Esgrima, Judo, Volei de Praia, Atletismo, Natação, Basquete, Remo e Ténis.

Neste tipo de eventos, não há margem para erro, e os resultados, exigência da mediatização e globalização do evento, devem ser dados, com a chancela de “oficial” logo após cada prova.

A gigantesca máquina construída pela Swatch para que as medições nestes jogos fossem irrepreensíveis e rápidas (e foram-no) contou com uma equipa de mais de 300 peritos em medição de tempo e de distâncias desportivas, omnipresentes em todas as competições. Os Resultados no Local (On Venue Results – OVR) eram uma exigência, que não permitia excepção para as 28 modalidades em competição em 38 locais diferentes.

Contrariamente ao anteriores Jogos Olímpicos, onde essa responsabilidade de medição, controlo, armazenamento e divulgação de dados das provas estava dividida com as respectivas federações internacionais, desta vez a Swatch foi a única fonte e, quando os seus dados eram divulgados OVR, eram considerados desde logo oficiais, permitindo aos juízes atribuírem desde logo as medalhas de outro, prata ou bronze, bem como as outras classificações. A Swatch levou para Atenas uma parafernália de sistemas de medição de tempo e de distância – relógios interruptores, blocos sensoriais, câmeras de vídeo e digitais, scanners…

Talvez o melhor exemplo do papel desempenhado pelos sistemas de controlo da Swatch nos Jogos Olímpicos seja o chamado photo-finish. O sistema é uma combinação de um detector de tempo e um cronógrafo. A imagem conhecida de corredores a cortarem a linha da meta na corrida dos 100 metros, esticando as cabeças para uma linha imaginária, a centímetros uns dos outros, afinal até nem é uma fotografia. Pelo menos no sentido convencional do termo. Não há um obturador que abra e que exponha um filme dentro de uma câmera. Trata-se de uma imagem composta, que permite a leitura simultânea dos tempos comparativos e das “fatias” de tempo que separam os atletas em competição.

O actual sistema de photo-finish é fruto de pesquisa e desenvolvimento aplicado que começou com o emprego de células foto-eléctricas, por volta de 1920. Mas apenas em 1948, nos Jogos Olímpicos de Londres, as células foto-eléctricas foram utilizadas para accionar máquinas fotográficas num rudimentar sistema de photo-finish. As primeiras versões de máquinas usavam filme, pelo que levava vários minutos desde o fim da corrida até que ele fosse revelado e aparecesse a imagem tão desejada. Hoje, a técnica do Grupo Swatch consegue a imagem segundos após o final da prova. Este sistema é ainda utilizado noutras corridas com finais muito próximos entre concorrentes, no ciclismo e no remo.

Nos jogos de Atenas, todas estas melhorias na rapidez foram complementadas com uma divulgação planetária – além dos meios de comunicação social que cobriam ao vivo, dando em rodapé os tempos e marcas, foi possível saber tudo em tempo real, através da Internet.

Um relógio nos blocos

Se os sistemas de photo-finish são “o cartão de visita” mais espectacular de um time-keeper como a Swatch (que concorre aos Jogos Olímpicos e a outros eventos desportivos desta envergadura a par de concorrentes suíços e de outros países, ganhando em troca uma exposição mediática maciça e global), outra peça fundamental do equipamento é o sistema de detecção de falsas partidas.

Cada bloco de partida estava ligado à central da Swatch, para avaliar da pressão exercida pelo atleta e para saber se ele ou ela reagiu demasiado rápido (ou antes) ao som do tiro de partida. Se a pressão for detectada antes do mínimo humanamente possível de reacção ao som, o sistema assinala uma falsa partida, dando logo o nome, nacionalidade e número do infractor.

A novidade dos touchpads

Uma melhoria substancial no registo de tempos na Natação ocorreu em Atenas, com a introdução de touchpads, colocados em ambos os extremos da pista de cada competidor. Cada “almofada” tinha sensores electrónicos embebidos, destinados a registar apenas o toque do nadador, e não o impacto ou a pressão da água em movimento na piscina. Altifalantes individuais montados nos blocos de partida asseguraram que cada atleta ouvia o sinal de partida exactamente no mesmo momento que os restantes nadadores. Os touchpads também foram usados nas estafetas, para determinar se um nadador partiu antes do seu colega ter tocado.





Swatch Group – uma tradição no registo de tempos desportivos

O Swatch Group é o maior grupo relojoeiro do mundo, incluindo a marca Swatch e uma série de outras que vão da Alta Relojoaria à relojoaria de consumo popular, passando pelas de griffe.

A tradição do grupo quanto ao timekeeping, em provas desportivas de todo o género, já vem de longe. Quanto a Jogos Olímpicos, essa relação existe desde 1932, quando a Omega levou 80 cronómetros para as competições de Los Angeles.

Os modelos Atenas 2004

A Swatch Olympic Collection, uma série de relógios lançados pela marca para estas Olimpíadas inclui relógios simples, com movimentos de quartzo e mecânicos, cronógrafos, bem como edições especiais e limitadas, em embalagens especiais – como é o caso daquele que evoca a primeira Maratona, realizada por Fidipides, em 490 a.C., quando percorreu 42,195 quilómetros para anunciar a vitória dos gregos sobre os persas. Dada a notícia, morreu.

(fotos arquivo Fernando Correia de Oliveira)


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