Se vi mais longe, foi por estar de pé, sobre ombros de gigantes
Isaac Newton, carta a Robert Hooke, 1676
Nos últimos três anos, a nível nacional e internacional, temos assistido ao desaparecimento de figuras cruciais no sector da Relojoaria e Joalharia. Em 2010, o desaparecimento de Nicolas Hayek, Presidente do Swatch Group, marca o fim de uma era. Mas as mortes de Luigi Macaluso (Girard-Perregaux), ou, no plano interno, de David Rosas e Jorge Rodrigues de Freitas também deixam um vazio nas respectivas áreas de influência.
Isaac Newton, carta a Robert Hooke, 1676
Nos últimos três anos, a nível nacional e internacional, temos assistido ao desaparecimento de figuras cruciais no sector da Relojoaria e Joalharia. Em 2010, o desaparecimento de Nicolas Hayek, Presidente do Swatch Group, marca o fim de uma era. Mas as mortes de Luigi Macaluso (Girard-Perregaux), ou, no plano interno, de David Rosas e Jorge Rodrigues de Freitas também deixam um vazio nas respectivas áreas de influência.
Todas estas personagens têm um denominador comum – dedicaram a vida a uma actividade que assumiram com paixão, “esquecendo-se” do conceito de “reforma”. Morreram a trabalhar.
Não será apenas a morte a obrigar a alterações e rupturas no sector. Do ponto de vista geracional, arriscamos que nos próximos dois a três anos toda uma escola de CEOs e Presidentes irão deixar grandes marcas, onde trabalharam décadas.
Não será apenas a morte a obrigar a alterações e rupturas no sector. Do ponto de vista geracional, arriscamos que nos próximos dois a três anos toda uma escola de CEOs e Presidentes irão deixar grandes marcas, onde trabalharam décadas.
Uns e outros têm sido substituídos muitas vezes por membros das famílias respectivas, entretanto preparados melhor ou pior para a herança empresarial. Em outros casos, são jovens quadros, “feitos” na indústria do luxo, que assumem as rédeas dos negócios, com uma visão que procura agradar mais a accionistas do que aderir a valores de história e património.
Tanto Hayek como Macaluso são pais de um certo conceito de Alta Relojoaria que, juntamente com outras personalidades, como Franco Cologni, criaram a partir de quase nada. Ganharam-se novos mercados, globalizou-se com agressividade a comunicação, gerou-se, ao fim e ao cabo, riqueza, postos de trabalho, salvaguarda do saber-fazer intrinsecamente europeu.
David Rosas e Jorge Rodrigues de Freitas, dois históricos a nível nacional, souberam preservar e explicar no exterior as especificidades de um mercado português que gosta historicamente de relojoaria, que não pode ser “diluído” num quadro ibérico. A “atracção fatal” de Madrid, o tratar Portugal apenas como mais uma região tem saído caro a algumas marcas internacionais, que começam agora a perceber os erros que cometeram, infectados pela febre da bolha relojoeira de Espanha.
Mercado maduro, com redes de retalho que investiram muitos milhões nos últimos três anos e conseguiram ficar ao melhor nível em termos mundiais, Portugal deverá ter em 2010 um ano recorde de aquisição de relógios. Apesar da crise.
O futuro? Apesar da conjuntura desfavorável, os players nacionais mais importantes continuam a investir, acreditando nas potencialidades do mercado do luxo, e não apenas da relojoaria / joalharia.
Como dizia Newton, somos aquilo que os nossos antecessores nos deixaram. Às novas gerações, resta seguir o exemplo dos que vão partindo, sem deixar de se adaptar à realidade e à mudança – a desmaterialização maciça da comunicação, da informação, será uma das principais, que veio para ficar. Quanto a nós, estamos nas redes sociais e temos projectos arrojados para os próximos meses nessa área.
O Anuário dos Relógios & Canetas tem na edição de 2011 muitas histórias sobre todos estes temas. Continuando a ser a principal montra da Alta Relojoaria a nível nacional, com presença em banca de Norte a Sul e consumidores fiéis desde a primeira hora, assume-se mais uma vez como ponto de encontro e plataforma de debate de quem quer pensar... activamente os marcadores do Tempo.
Fernando Correia de Oliveira
Director
Fernando Correia de Oliveira
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