Est. June 12th 2009 / Desde 12 de Junho de 2009

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sábado, 13 de fevereiro de 2010

Pista da semana - Exposição na Escola Politécnica

Um dos relógios em exposição: uma "pêndula cosmográfica" segundo a patente de Mauret. Fabricado em França, no final do séc. XIX, ostenta um globo terrestre, que dá uma volta por dia. Permite a leitura das Horas do Mundo, Equação do Tempo, duração do Dia e da Noite, previsão de Solstícios e Equinócios, além de Calendário Anual. Tudo accionado pelo mecanismo do relógio propriamente dito, que se encontra em baixo.

Foi casa jesuíta com o Noviciado da Cotovia (1619-1759), Colégio dos Nobres (1761-1837) e Academia Real de Marinha (1779-1837) quando os jesuítas foram expulsos do país, Escola Politécnica (1837-1911) e, finalmente, Faculdade de Ciências (1911-1986). Hoje albergando o Museu de Ciência, tem patente até ao final de Abril a exposição Medir os Céus para Dominar a Terra, a que aqui já fizemos referência.

A relação entre o "medir dos céus", a Astronomia, e o Tempo é um dos diálogos mais perenes e profícuos da história da Ciência. Qualquer observação astronómica (qualquer experiência científica, aliás) necessita de tempo fiável, exacto. Por isso, os astrónomos estiveram sempre na linha da frente quanto ao uso de medidores de tempo de qualidade.

Galileu, o "primeiro astrónomo", foi também o inventor do primeiro relógio de pêndulo.

Por outro lado, e devido às exigências dos astrónomos, os relojoeiros foram progredindo na arte do isocronismo. Além disso, algumas das mais belas Complicações mecânicas usadas em Relojoaria são complicações do tipo astronómico (Fases e Idade de Lua, Calendários Perpétuos, Equação do Tempo, etc.)

A exposição do Museu de Ciência ocorre num sítio histórico para a marcação do tempo colectivo lisboeta - o Observatório Astronómico que ali funcionou e que aparece na imagem em cima. Era ali que estava instalada uma das meridianas solares que, durangte décadas, assinalou sonoramente o meio-dia solar verdadeiro (quando o Sol passa pelo zénite do lugar).

Era com esse sinal que os alfacinhas daquela zona alta da cidade acertavam as suas "cebolas", ao ritmo da pequena peça de artilharia que disparava pólvora seca quando os raios solares passavam por uma lente e faziam acender a mecha do canhão.

Medir os Céus para Dominar a Terra inclui um núcleo sobre o Tempo, onde se poderá apreciar a evolução da sua medição, desde os relógios de sol até aos relógios atómicos. Do acervo do Museu de Ciência fazem parte várias pêndulas de qualidade, usadas nas observações astronómicas, incluindo uma encomendada em Londres por João Jacinto de Magalhães, um "estrangeirado" que forneceu de instrumentos científicos as cortes de Lisboa e Madrid.

Relacionado ainda indirectamente com o Tempo, o Museu de Ciência possui um pêndulo de Foucault no seu hall de entrada, um dos poucos exemplares existentes no país, e que demonstra de forma física muito directa a rotação da Terra sobre o seu eixo.

No âmbito da exposição, há um ciclo de Conferências. Estação Cronográfica abriu a série, sublinhando a importânica do Tempo na História da instituição; seguiu-se Vanda Leitão, que falou de Filipe Folque. A 11 de Março, António Costa Canas fala de "Medir o mar - latitude e longitude". Finalmente, a 8 de Abril, Luís Miguel Carolino aborda "O ensino de Astronomia na Escola Politécnica de Lisboa e a construção do Estado Liberal no Portugal do século XIX". As conferências são sempre às 18h00 horas, no Anfiteatro Manuel Valadares, e a entrada é livre.

Quanto à exposição Medir os Céus para Dominar a Terra, tem dois núcleos - um centralizado no Tempo, o outro na Astronomia. Funciona de Terça a Sexta, das 10h00 às 17h00, aos Sábados e Domingos das 11h00 às 18h00, encerrando aos Feriados. Fica na Rua da Escola Politécnica, 58, ao Rato, em Lisboa.

A pista da semana é pois a exposição patente no edifício da Escola Politécnica, onde a entidade Tempo sempre pairou.

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