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sábado, 3 de maio de 2025

Relógios & Canetas online Maio - Tempestade perfeita

Tempestade perfeita

Guerra comercial dos Estados Unidos contra o resto do mundo; abrandamento da economia norte-americana; enfraquecimento do dólar; fortalecimento do franco suíço; recorde no preço do ouro; demasiada produção de relógios suíços face à procura; quebra acentuada do preço dos relógios em segunda mão. Já se fala de uma “tempestade perfeita”.

Começemos pelo fim. Depois da bolha especulativa dos últimos 5 anos, o preço dos relógios usados está a ter uma redução brutal. Um relatório da Morgan Stanley / WatchCharts Analisa o valor de retenção (VR) de nove marcas de luxo. Apenas 3 – Rolex, Patek Philippe e Audemars Piguet — registam valor positivo nesse indicador. O VR é a percentagem face ao preço médio no mercado secundário, comparado com o valor no retalho.

Os modelos da Cartier, em média, perdem 29% do valor logo que são comprados em primeira mão. Até o mais popular Santos perde 21%.

Na Omega, o Speedmaster quebra 25% logo após a compra. O valor do De Ville reduz-se 46%.

Na Vacheron Constantin, o Overseas surge no mercado secundário 12% abaixo do valor, e o FiftySix 31%.

A A. Lange & Söhne tem 5% de quebra media e a coleção Lange 1 perde 38%.

A IWC regista quebras de 28% no seu modelo Ingenieur e o Portofino 42%.

A Tudor que, segundo o relatório anual Morgan Stanley / LuxeConsult, vendeu menos 34% em valor no ano passado, tem uma quebra média de 38.4% nos preços do mercado secundário.

O problema, segundo opinião unânime dos observadores da indústria relojoeira suíça, é a demasiada produção, a preços demasiado elevados, para as atuais condições mundiais de mercado.

Como pano de fundo, a guerra comercial de Donald Trump – ninguém sabe muito bem como irão ficar as taxas alfandegárias, mas as exportações helvéticas para os Estados Unidos (com exceção dos produtos farmacêuticos) subiram já de 3% para 10% e poderão chegar a mais de 30%.

A política tarifária de Trump parece levar a uma recessão nos Estados Unidos, diminuindo a procura. O enfraquecimento do dólar face ao franco suíço ajuda ainda mais ao aumento dos preços. O aumento do valor da matéria-prima ouro encarece muitos dos modelos.

Um pequeno sinal positivo neste quadro negro: os americanos estão a comprar, e cada vez mais, luxo fora dos Estados Unidos, nomeadamente no México, Grã-Bretanha ou União Europeia. Mas isso não chegará para sustentar os atuais níveis de produção da indústria relojoeira suíça.


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