Pour une Communauté de l’Industrie Horlogère Européenne é um documento que acaba de chegar ao Núcleo do Tempo do Arquivo Ephemera.
Este estudo, pedido pela Fédération Horlogère suíça, foi
produzido por Henri Rieben, Chantal Lagger e Martin Nathusius e editado em 1971
pelo Centre de Recherches Européennes, de Lausana.
Henri Rieben (1921 – 2006), europeísta convicto, era adepto de uns Estados Unidos da Europa, onde a Suíça tivesse lugar.
No início da década de 1970, a produção relojoeira mundial
tinha mais do que triplicado face à década anterior. A Europa Ocidental, em
1950, representava, em valor, 70,6 por cento desse mercado. Em 1969,
representava já só 59,8 por cento. A relojoaria japonesa, passara nesse período
dos 1,4 por cento para os 11,8 por cento.
O documento propõe o que seu título indica -um mercado comum
europeu para o sector da relojoaria. A Federação Relojoeira, organismo que
ainda hoje congrega o patronato, sentia que o pior estava para vir, do Japão, com
os seus relógios de quartzo, mais baratos, mais fiáveis, com design mais
apelativo.
O documento nunca teve efeitos práticos e, ainda hoje, a
Suíça é uma espécie de buraco no tapete europeu, embora tenha vastos acordos com
a União Europeia.
Recorde-se que, em 22 de Maio de 1992, o Governo suíço
apresentou a candidatura de adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE).
Contudo, em referendo de 6 de Dezembro desse ano, os suíços votaram
maioritariamente contra a adesão à hoje UE.
A Relojoaria é hoje o terceiro maior exportador do país, depois
da indústria química e das máquinas ferramentas.
Mas, nas décadas de 1970 e 1980, as sucessivas crises
económicas e o aparecimento do relógio de quartzo vindo do Japão resultaram
numa considerável redução da indústria relojoeira suíça, que passou de 90 mil
empregados, em 1970, para apenas 30 mil em 1984. O número de empresas diminuiu
de 1.600 em 1970, para as cerca de 570 de hoje. Pensava-se que o sector,
moribundo, nunca voltaria a recuperar.
Os principais grupos da relojoaria mundial em 1971
As mudanças estruturais – com fusões da base industrial; o regresso da apetência pelo relógio mecânico, não já como medidor de tempo, mas como objecto de luxo e de estatuto: a abertura de novos mercados, desde a Europa do Leste ao Médio Oriente, passando pela China – fizeram com que a indústria relojoeira suíça tenha, não apenas sobrevivido, como até consolidado a sua posição de líder global, em termos de valor exportado. E que a mão de obra do sector voltasse para a casa dos 60 mil.
Se, nas décadas de 1970 e 1980, o “inimigo” era o relógio de
quartzo, hoje, esse desafio encontra-se no smart watch, o gadget electrónico,
conectado, que vai muito para lá da indicação das horas e dos minutos.
Isso não terá impedido que a indústria relojoeira suíça deva ter fechado 2023 com novo recorde no valor das exportações.
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