O smartwatch
Primeiro, representa uma necessidade de estar sempre on. E ao mesmo tempo off. Eu não quero estar sempre a pegar no telefone porque sempre que pego no telefone vejo as notificações do WhatsApp, depois vou para o Instagram, depois para o Facebook quando acho que tenho 60 anos, e portanto ter um relógio faz-me pensar: isto vale a pena responder já? Não vale? Até porque não tenho notificações no telefone por uma questão de saúde mental. Isto acaba por ser um bocadinho contraditório. Quero afastar-me do telefone mas quero estar sempre ligado àquilo que se passa. E depois porque dá para ver quantas calorias gasto em cada treino, e é como se fosse uma gamificação da realidade, a questão do fitness, das calorias, quanto é que eu andei este mês, e isso dá-me assim algum gozo. Não ajuda, porque depois faço imensa porcaria em casa e como Cerelac na mesma. Mas a minha auto-estima vai ali buscar dois por cento para ficar orgulhosa com o meu dia. Por exemplo, sei que joguei 20 horas de padel há dois meses e penso: uau, tenho um problema? Estou feliz? Quanto dinheiro é que gastei nisto? São perguntas que surgem só por ter um smartwatch.
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