Chegou recentemente ao Núcleo do Tempo do Arquivo Ephemera uma publicação dedicada à ciência gnomómica - L'heure au Soleil, produzida pelo Museu de História das Ciências de Genebra.
Folheando-o, deparámos a dada altura com a gravura de um raro instrumento científico, do século XIV ou XV, um relógio de sol, a chamada Navicula de Venetiis, que faz parte do acervo do museu. E recordámos o contacto que fizemos há mais de duas décadas com quem o adquiriu para a instituição, a astrónoma portuguesa Margarida Archinard.
Em História do Tempo em Portugal (2003) referimos o objecto e a figura de Margarida Archinard, que colaborou connosco na matéria que dizia respeito à gnomónica e nos ofereceu na altura várias obras científicas de sua autoria, nomeadamente um opúsculo respeitante à navícula.
É de História do Tempo em Portugal que retiramos o seguinte texto:
Margarida Manuela Archinard, nascida em 1939, em São Miguel,
Açores. Licenciada em Ciências Matemáticas pela Faculdade de Ciências de
Lisboa, foi professora do ensino secundário até obter uma bolsa da Fundação
Gulbenkian, tendo-se diplomado em Estudos Aprofundados em Astronomia
Fundamental na Faculdade das Ciências de Paris. Em 1968 obteve o doutoramento
em Astronomia Fundamental, preparada no Observatório de Paris.
Assistente auxiliar em Mecânica Racional no Centro
Universitário de Savoia (Chambéry), foi de 1973 a 1976 conservadora assistente
no Museu de História das Ciências de Genebra. Desde 1977 a 1999 foi a
conservadora responsável desse museu. Tem hoje nacionalidade portuguesa e
suíça.
Da obra publicada, destacamos estudos sobre “O diagrama de
horas desiguais”, “Os quadrantes solares rectilíneos”, a “Construção geométrica
dos quadrantes solares de direcção” ou sobre a “Navícula de Venetiis”
(barquinho de Veneza).
Belíssimo relógio de sol do tipo rectilíneo universal, em forma de barco, que Oronce Fine inclui entre os desenhos da sua obra “De solaribus horologiis et quadrantibus…” (Paris, 1560), um exemplar deste instrumento, extremamente raro, não assinado, não datado, mas fabricado nos séculos XIV ou XV, foi adquirido em 1995 por indicação de Margarida Archinard para o museu que então dirigia.
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