Para além das habituais secções de informações úteis deste tipo de anuários, o Novo Almanaque termina com uma secção de textos de cariz religioso.
Nestes inclui-se uma carta do Padre António Vieira, datada de 1 de Janeiro de 1675. A partir de Roma, o jesuíta alerta para as pregações que um Franciscano andava a fazer em Lisboa, exaltando os ânimos na capital, arrastando multidões com os seus gestos teatrais e palavras incendiárias.
Vieira não foi o único a atacar Frei António das Chagas (1631-1682), cujo nome secular era António da Fonseca Soares. D. Francisco Manuel de Melo também se irritava com as perorações extremistas do franciscano (segundo algumas interpretações, chegava a apelar ás multidões que o ouviam para que partissem ao ataque de Cristãos Novos).
Filho de um juiz, António da Fonseca Soares participou como militar na guerra da Restauração, escapando de ser condenado devido a um crime que cometera. É nesse período que se dedica à poesia, ganhando o cognome de Capitão das Boninas. Parte entretanto para o Brasil, regressando em 1656 e continuando a carreira das armas.
Em 1663 deixa a vida militar e decide tomar ordens. Tornou-se pregador e fundou o seminário do Varatojo. Dos textos religiosos que escreveu destaca-se o “Tratado dos Gemidos Espirituais, vertidos de um pedernal humano a golpes de Amor Divino”. As suas cartas foram compiladas no volume "Cartas Espirituais" e os seus poemas foram publicados na Fénix Renascida.
A carta de Vieira:
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