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sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Há dez anos... inauguração da Maison Vacheron Constantin, em Genebra



Há dez anos, em Janeiro de 2005, estavamos por Genebra, para assistir à inauguração do novo espaço Vacheron Constantin, remodelado a partir do local histórico onde a manufactura relojoeira nasceu,m em 1755.

Na altura, escrevemos isto para a revista Internacional Horas & Relógios:

Inauguração mundial da Maison Vacheron Constantin

Um quarto de milénio numa casa

Fernando Correia de Oliveira, em Genebra

É a mais antiga manufactura relojoeira do mundo a trabalhar ininterruptamente. Acaba de inaugurar a sua Maison – não é boutique, não é museu, é uma casa onde os amantes da relojoaria se possam sentir bem. A Vacheron Constantin – aliança mágica entre o génio de um relojoeiro, de um homem de negócios, e de um inventor de ferramentas – está a comemorar 250 anos. A aventura ainda mal começou.

Não é um ponto de chegada, mas de partida. Neste local, como sempre foi a filosofia da casa, o mais importante não são os relógios, mas as pessoas. A Vacheron Constantin, a comemorar 250 anos de produção ininterrupta – caso único na história da relojoaria mundial – acaba de abrir as portas da sua Maison, no edifício remodelado do centro de Genebra onde se encontra há 130 anos.

Segundo Claude-Daniel Proellochs, director-geral da marca, as novas instalações não são uma boutique, embora os produtos da marca ali se possam comprar; também não são um museu, embora ali se encontrem em exposição permanente documentos sobre a história da manufactura, dezenas de relógios antigos traduzindo a evolução da Vacheron ao longo de dois séculos e meio, dezenas de máquinas-ferramentas, a maior parte desenhadas expressa e exclusivamente na e para a VC. Os preciosos arquivos históricos da empresa também ali se encontram.

Com uma decoração depurada mas extremamente elegante, onde predominam as cores “marron foncé”, assinatura da Vacheron, combinando um ambiente descontraído e ao mesmo tempo sofisticado, a nova Maison tem cafetaria e biblioteca, balcão de vendas, gabinetes discretos, relojoeiros a trabalhar ao vivo, em restauro ou em encomendas especiais.

“Como conceito, queremos que o cliente se sinta mesmo em casa – que beba um café, que folheie um livro ou uma revista, que aprecie as peças antigas. Que não tenha pressa e aprecie a atmosfera do lugar”, disse Claude-Daniel Proellochs à Internacional Horas e Relógios na cerimónia de inauguração da Maison Vacheron Constantin, que reuniu no final de 2004, no coração chique de Genebra, a Ilha, convidados de todo o mundo. “Quando alguém vai a nossa casa, não é de bom-tom impingir-se-lhe qualquer coisa, vender. É isso que se passa aqui”, sublinha.


À direita, João Luís Queimado, responsável Vacheron Constantin para a Península Ibérica

A Vacheron Constantin cruza permanentemente a sua história com a da cidade de Genebra – esteve sempre situada no bairro de St. Gervais, a alma relojoeira da urbe. Depois de passar por vários locais, Vacheron Constantin instala-se na Tour de l’Ille, de 1843 a 1875, antes de atravessar a rua para ficar definitivamente na sua localização actual no Quai d’Ille. Em 1901, Vacheron Constantin inicia a implantação do seu museu e em 1906 é inaugurada a loja no rés-do-chão. Depois de um ano de obras de reabilitação, a manufactura relojoeira mais antiga do mundo com actividade ininterrupta volta a abrir as portas da sua “alma”, o edifício-Maison.

1755 – um ano fácil de decorar para os portugueses, já que ocorreu em Lisboa um terramoto de grandes proporções, que impressionou o resto da Europa e, nomeadamente Genebra, onde filósofos dissertaram sobre o fenómeno. Foi também nesse ano que Jean-Marc Vacheron abriu a sua oficina, em pleno centro da cidade. Relojoeiro talentoso, de espírito humanista, este “cabinotier”, nome que se dava na altura aos artesão relojoeiros genebrinos, cedo produz relógios de excepcional qualidade, e a sua fama passa as fronteiras helvéticas.


Reconstituição de um gabinete de trabalho de relojoeiro, no século XVIII

Em 1819, François Constantin, hábil homem de negócios e vendedor excepcional, se associa com os herdeiros de Jean-Marc Vacheron. Impulsionado por formidável energia, percorrerá durante décadas todos os cantos da Europa, abrindo novos mercados e dando a conhecer as maravilhas que saem de uma manufactura conhecida a partir de então como Vacheron et Constantin.

Em 1839, a entrada na empresa de um director técnico fora do comum, Georges-Auguste Leschot, marcará a história da relojoaria e da Maison. Este engenheiro inventivo, até visionário, concebe e realiza as primeiras máquinas que permitem o fabrico em série dos componentes do mecanismo, especialmente um mecanismo chamado pantógrafo. Até essa altura, não se podia substituir uma peça por outra, dadas as inevitáveis irregularidades inerentes da sua construção manual. Associando a máquina à mão do homem, Vacheron Constantin irá revolucionar a produção e permitir a aceleração da comercialização do produto relojoeiro.

Muitas das máquinas originais do genial Leschot, aptas a funcionar, estão agora patentes na Maison Vacheron Constantin, rivalizando em beleza com os próprios relógios e merecendo, só por si, uma visita.

Em 1880, a Vacheron Constantin regista o símbolo “em Cruz de Malta”, que se torna no emblema da marca. A sua forma é inspirada num pequeno componente no topo do barrilete, que antigamente servia para controlar o grau de enrolamento da mola da corda, permitindo assim um melhor funcionamento do relógio.


A viagem incluiu uma visita à manufactura, em Plan-les-Ouates, arredores de Genebra, e finalizou com um almoço nessas instalações. À esquerda, José Manuel Moroso (no Expresso, na altura)

“Técnica, estética, acabamentos, continuam a ser os vértices do triângulo onde a manufactura se baseia”, disse Claude-Daniel Proellochs à Internacional Horas e Relógios. Com 350 trabalhadores espalhados pelo mundo, 250 deles na Suíça, a Vacheron Constantin possui duas fábricas – uma em Genebra, outra no Vallée de Joux, produzindo cerca de 15 mil relógios por ano. A manufactura faz actualmente parte do Richemont Group, o maior do mundo em termos de Alta Relojoaria.

2005 será um ano mágico para a Vacheron Constantin – os 250 anos serão assinalados pelo lançamento de uma colecção de cinco criações excepcionais em termos de relojoaria e de artes decorativas a ela associadas.

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