[...] Junho, o mês dos santos, é o mês de Lisboa... Toda a Lisboa é um trono, um trono de caixa de charutos com um santo de barro lá no alto...
Todas as praças são grandes bailes de roda... E os balões venezianos, nacionalizados portugueses, andam nas pontas dos paus, como fétiches de papel pintado... E até alta noite há cantigas no ar, cantigas perfumadas como as flores que nascem, ao acaso, pelos campos...
Lisboa, grande festa popular, lugar de romaria, cidade onde todos se conhecem, sala maior, a sala das recepções e dos jogos de prendas deste velho solar, brasonado e hospitaleiro, que tem escrito, sobre azulejo, o nome de Portugal!
António Ferro, in A Amadora dos Fenómenos, 1925
segunda-feira, 10 de junho de 2013
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1 comentário:
Ode a Lisboa
À memória de António Ferro
A Lisboa dos santos populares
de Santo António a Pedro e a João
é com razão de todos os lugares
o que prefere o nosso coração.
Tudo são bailes, festas e balões,
cortejos das diversas freguesias,
sardinha assada e colchas nos balcões
a fim de ornamentar as frontarias.
Ouvem-se fados à maneira antiga
pelas vielas mal iluminas
em vozes com sabor a jeropiga.
Há procissões nas ruas que ninguém
se lembra já de serem programadas
pelo conde Oeiras… que Deus tem!
João de Castro Nunes
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