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sábado, 31 de dezembro de 2011

Memória - O cérebro e o tempo - III


O cérebro e o tempo III*

As experiências no campo da actividade cerebral têm demonstrado que a detecção de sincronismo cronológico e a percepção de sequências de impressões sensoriais são coisas completamente diferentes. Os humanos podem percepcionar dois clicks que ocorram com um intervalo de 20 milissegundos como não sincrónicos; no entanto, não serão capazes de dizer qual dos dois sons diferentes ocorreu primeiro. Para isso, o estímulo precisa de estar separado por pelo menos 40 milissegundos.

Continua a não ser claro quantas partes do cérebro estão envolvidas na criação do nosso sentimento de tempo ou aquilo que exactamente fazem. Uma das áreas mais activas da pesquisa centrou-se na identificação de regiões que afectam o cálculo do tempo. “Estudos de pacientes com danos cerebrais, por exemplo, revelaram que se o cerebelo é parcialmente afectado em resultado de um acidente ou de um avc, o doente experimenta tipicamente grande dificuldade em executar tarefas motoras delicadas – mas também na capacidade de identificar intervalos com alguns segundos de duração”, faz notar Pascal Wallisch, o psicólogo cujo artigo no Scientific American temos vindo a citar. “Se a lesão neurológica envolve o lobo frontal, uma pessoa poderá dizer que um som que dura vários segundos não foi mais do que um click”.

Parece que a nossa mente não depende de um único relógio colocado no cérebro – potencialmente, inúmeros módulos neuronais poderão contribuir para a nossa percepção de tempo. “A nossa rica noção de tempo é ilustrada pela qualidade da ordem temporal – a nossa mente determina a ordem dos acontecimentos”, diz Wallisch. Além disso, como demonstram os testes psicológicos, os efeitos de memória e atenção podem facilmente distorcer a nossa percepção do tempo.

Até agora, foram encontradas três regiões do cérebro, com três “relógios” diferentes. O núcleo supraquiasmático trabalha com um relógio de longa duração aproximadamente de 24 horas, emitindo sinais ritmados que ajudam a regular o ciclo de sono-vigília; O lobo parietal trabalha com escalas moderadas de tempo – ajudando-nos a percepcionar o tempo que falta, algo como uma ampulheta de cozinha; o cerebelo estará envolvido no processamento de tempo muito preciso, e a uma escala muito curta, funcionando como um cronógrafo, ajudando-nos a coordenar com grande precisão as nossas acções motoras.

*Terceira e última de uma série de crónicas, A Máquina do Tempo, dedicadas a este tema, começadas a publicar em Março 2008 no Casual, suplemento do Semanário Económico

1 comentário:

João de Castro Nunes disse...

Nada tem de cerebral
o tempo na sua essência:
em seu percurso normal
ri-se da nossa ciência!

JCN