Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito
David Mourão-Ferreira
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
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2 comentários:
O Natal em minha casa
de celebrar-se deixou:
com a derradeira brasa
a lareira se apagou!
JCN
CONTINUIDADE
Não há Natal este ano a vez primeira
em nossa casa, eivada de tristeza,
porque no teu lugar, à cabeceira,
não há ninguém para ocupar a mesa.
Acabou-se contigo a tradição
que dos meus pais passou ao nosso lar,
cabendo agora à nova geração
mantê-la viva sem se adulterar.
Os filhos saibam, netos e bisnetos,
no feliz aconchego dos seus tectos,
viver no mesmo espírito essa festa!
Ainda que privados de contacto,
a mim, por consoada, só me resta
rezar contigo frente ao teu retrato!
JOÃO DE CASTRO NUNES
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