Na face, este botão em latão ostenta a frase "Mina de São Domingos" e, no centro, um leão (?) alado, presumivelmente o emblema da exploração mineira à época - final do século XIX, início do século XX.
No verso, assina-se "E. Armfield & Co. Birmingham". Trata-se um importante fabricante inglês de botões, com produção detectada desde meados do século XVIII, como pode ser visto aqui.
Durante a vida activa da mina, foram retirados 25 milhões de toneladas de cobre. Porém, ainda em finais do século XIX o negócio entrou em crise, acompanhando a caída do valor do cobre nos mercados europeus, e levando ao início da exploração a céu aberto em São Domingos. Para tal, foram removidos três milhões de metros cúbicos de terras, ao longo de 20 anos. A operação voltou a garantir capacidade competitiva à mina, que era então a maior da Europa, com extracções anuais que chegaram a alcançar mais de 430.000 toneladas de pirite.
"The backmark suggests to me that it is from the period 1873-1912, but that's it, if I had to be stricter about the date I would say probably pre 1900".
A actividade mineira na região de São Domingos terá começado no período calcolítico, e continuado com maior intensidade a partir do século 8 a.C., particularmente durante o domínio romano. Na zona da mina fizeram-se diversos achados arqueológicos deste período, incluindo rodas hidráulicas então utilizadas para extracção da água.
As minas estiveram abandonadas desde então, e até meados dos século XIX. Em 1854, dois anos após o decreto do Governo da Regeneração que pôs fim ao monopólio régio sobre a exploração mineira, Ernest Deligny, director das minas de Tharsis e Calañas (Huelva), enviou Nicolau Biava para fazer prospecção nas regiões de Grândola e Mértola. No mesmo ano, Biava requeria o direito de descobridor legal das minas de São Domingos, entre outras, e começava a preparar a exploração do local, onde existia uma importante jazida de pirite. Em 1857, Deligny, Louis Descazes e Eugène Duclerc recebem a concessão provisória da mina, e criam a empresa La Sabina. A empresa começou de imediato a extracção de minério, mas logo em 1858 arrendou o local a James Mason e Francis Barry, fundadores da Mason & Barry, que dinamizou verdadeiramente a exploração.
A mina era composta por 27 poços verticais, e por uma rede de galerias e túneis rasgados na rocha em diversos níveis, entre as quais ainda se conserva a galeria romana. A exploração fixou inúmeros trabalhadores, fazendo o número de habitantes da região subir de poucas dezenas, à data da descoberta da jazida, até quase dez mil moradores nas novas aldeias erguidas no perímetro industrial. Estas aldeias, ou bairros operários, caracterizavam-se por casas térreas em banda, com fachadas caiadas, definidas por uma porta e uma janela, entre caminhos (largos) de terra batida. Os técnicos residiam em moradias com relvados à inglesa. Às habitações juntavam-se as casas das máquinas, oficinas e armazéns, uma central eléctrica (a primeira do Alentejo), instalações militares e de polícia, infrestruturas de lazer (biblioteca, teatro, campos desportivos), um hospital e respectiva farmácia, mercado, igreja e cemitério, uma estação de correio e telégrafos, duas represas, e por fim a linha de caminhos de ferro privativa, com c. 18 km., que ligava a mina ao Pomarão, o porto do Guadiana onde se carregava o minério destinado à exportação.
Durante a vida activa da mina, foram retirados 25 milhões de toneladas de cobre. Porém, ainda em finais do século XIX o negócio entrou em crise, acompanhando a caída do valor do cobre nos mercados europeus, e levando ao início da exploração a céu aberto em São Domingos. Para tal, foram removidos três milhões de metros cúbicos de terras, ao longo de 20 anos. A operação voltou a garantir capacidade competitiva à mina, que era então a maior da Europa, com extracções anuais que chegaram a alcançar mais de 430.000 toneladas de pirite.
A partir de 1920, depois da I Grande Guerra, a exploração entra em crise, e tenta-se compensar o declínio com a produção de enxofre em altos fornos, instalados em 1934. O enxofre, produzido a partir da pirite, destinava-se então essencialmente à CUF, no Barreiro. A exploração de pirite terminou em 1965, e a Mason & Barry declarou falência em 1968. A mina, encerrada em 1966, foi barbaramente saqueada por sucateiros logo após o encerramento, e ainda o é ao presente, encontrando-se em notório estado de abandono.
No ano de 1972, La Sabina comprou todos os imóveis e direitos respeitantes à Mina de São Domingos, registados em Mértola. Em 1993 foi decidido transferir a sede da sociedade para Lisboa e alterar o nome comercial para La Sabina - Sociedade Mineira e Turística S.A.
Após acordo entre o município de Mértola e La Sabina, a maior parte das casas na posse da sociedade foi vendida aos habitantes. Com estas receitas, a casa senhorial (Palácio) foi renovada, transformada num hotel e tendo anexada uma parte residencial moderna. O hotel dispõe de 31 quartos, restaurante, auditório com capacidade para 100 pessoas e um observatório astronómico amador.
Em colaboração com o município de Mértola, foi construída junto da maior das tapadas (albufeiras) adjacentes, uma praia fluvial com um pequeno anfiteatro e um café.
Para este post, Estação Cronográfica usou dados do especialista em botões, John Dunningan, do buttoncrs.com e informações online das seguintes entidades: Geocaching, Igespar e La Sabina Sociedade Mineira e Turística.
Entrámos, entretanto, em contacto com John Dunningan, para tentar saber mais sobre este botão - data de fabrico, por exemplo. Presumimos que ele tenha sido encomendado durante o consulado da Mason & Barry.
Entretanto, John Dunningan respondeu-nos:
"The backmark suggests to me that it is from the period 1873-1912, but that's it, if I had to be stricter about the date I would say probably pre 1900".
5 comentários:
Com um botão... se faz história! JCN
Longe estou de imaginar
quanto daria um botão
que foi de Napoleão,
caso fosse a leiloar!
JCN
Há dois tipos de botão,
um da roupa, outro de rosa,
sendo enorme a distinção
para além de curiosa!
JCN
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