O relógio
Eburneo é o mostrador: as horas são de prata,
Lê-se a firma Breguet por baixo do gracioso
Rendilhado ponteiro; a tampa é enorme e chata:
Nela o esmalte produz um quadro delicioso.
Repara: eis um salão: casquilho malicioso
Das festas cortesãs o mimo a flor, a nata,
Junto a um cravo sonoro a alegre voz desata.
Uma fidalga o escuta ébria de amor e gozo.
Rasga-se ampla a janela: ao longe o olhar descobre
O correcto jardim e o parque extenso e nobre.
As nuvens no alto céu flutuam como espumas,
Da paisagem no fundo, em lago transparente,
Onde se espelha o azul e o laranjal frodente,
Um cisne à luz do sol estende as níveas plumas.
Gonçalves Crespo (1846-1883), poeta luso-brasileiro
domingo, 10 de abril de 2011
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