O programa “Contar o Tempo" assenta nessa característica das imagens em movimento e sons que permite transformar o tempo em duração e no paradoxo que contrapõe os pontos fixos da memória ao fluxo da passagem das coisas.
O ciclo é constituído por diversos filmes e por percursos entre eles que reflectem sobre a questão do tempo no cinema. Os filmes apresentados constituem registos directos da experiência do tempo, lamentações pela sua passagem, registando e fixando aquilo que é, simultaneamente, permanente e transitório na actividade humana (e suas consequências), nos tempos da Terra, nas cronologias várias do trabalho, dos objectos e dos lugares.
O cinema na sua evidente relação com o tempo cria antes de mais uma experiência da materialidade efectiva da sua passagem: uma duração, um peso, uma espessura que apenas se dilui na vastidão - fora do tempo - que tudo consome.
É uma ideia possível de cinema que passa, a de um cinema que, ao mesmo tempo que fixa o tempo num bloco discernível e afirma a sua transitoriedade, abre fendas e cria obstáculos à sua passagem através da poética e dos mecanismos que lhe são próprios. São filmes sobre a memória das coisas, do fabrico dos objectos, ficções sobre a mitologia, retratos de lugares e do rasto do tempo que neles permanece.
O programa pode ser visto aqui.
Contribuição de Adriana Correia de Oliveira
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