Watches and Wonders cresce, mas sem Swatch Group
Numa rara entrevista, Jean-Frédéric Dufour, o CEO da Rolex, diz ter falado com o Presidente do Grupo Swatch, Nick Hayek Jr., para que as marcas deste passassem a estar presentes no salão Watches & Wonders, em Genebra. Segundo Dufour, a reacção foi negativa e a justificação o facto de o Swatch Group ser essencialmente industrial, não estando disponível para “perder tempo em salões”.
Até ao início da segunda década do século XXI, Breguet,
Blancpain, Omega, Longines, Tissot e outras marcas do Swatch Group estavam em
Basileia, onde havia uma feira que… fez cem anos e acabou – devido ao abandono
dela por parte, exactamente do Swatch Group.
Nick Hayek Jr. queixou-se dos preços praticados na
Baselworld e deixou aquela que foi, durante décadas, a maior feira do mundo em
termos de relojoaria.
Em Genebra, o salão de alta relojoaria, iniciado em 1991
pelo grupo Vendôme (hoje Richemont, com a Cartier à cabeça), mantinha-se mais
ou menos sólido, apesar do abandono de marcas como a Audemars Piguet, Richard
Mille ou Greubel Forsey, todas estas preferindo relações directas com o cliente
final e fazendo eventos regionais e locais.
Com o fim da Baselworld (ajudado pela situação pandémica
mundial), e a entrada da Rolex, da Patek Philippe e da Chopard no salão
genebrino, que, entretanto, mudou de nome para Watches & Wonders, a balança
inclinou-se definitivamente para este lado, com cada vez mais marcas a aderirem
ao evento (54 este ano, um recorde). Aproveitando os cerca de 1.500 jornalistas
e centenas de retalhistas de todo o mundo que o salão convida por alguns dias
para Genebra, têm-se organizado feiras e eventos paralelos, as suites dos
hotéis estão ocupadas por marcas independentes, que também aí mostram as suas
novidades.
Por outras palavras, Genebra está a transformar-se cada vez
mais numa Baselworld, mas desorganizada e eticamente condenável por parte das
marcas que não investem no Watches & Wonders mas se aproveitam dele.
A estratégia de comunicação do Swatch Group – que chegou a
fazer um salão independente um ano antes do Covid e depois desistiu – é
estranha. Em Portugal, por exemplo, algumas das suas marcas praticamente
desapareceram do ponto de vista de imagem.
Jean-Frédéric Dufour, que falou com Nick Hayek Jr. na sua
qualidade de Presidente da Fundação de Alta Relojoaria, proprietária do Watches
& Wonders, demonstrou uma grande abertura dos organizadores do salão de
Genebra, onde estão também presentes marcas do grupo LVMH, face a alguns dos
seus principais concorrentes – marcas topo de gama do Swatch Group.
A negativa, para já, de Nick Hayek Jr. em se juntar ao
Watches & Wonders adensa o mistério sobre qual a sua estratégia de
comunicação.
As últimas informações, algo contraditórias, dão como certa a presença das marcas Swatch Group Blancpain, Glashütte Original e Breguet na edição deste ano do Geneva Watch Days, que decorre de 29 de Agosto a 3 de Setembro. Trata-se de uma iniciativa descentralizada, que decorre nas boutiques das marcas ou em espaços nos hotéis em redor do lago Geneva.
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