sexta-feira, 3 de maio de 2024

Watches and Wonders cresce, mas sem Swatch Group

Watches and Wonders cresce, mas sem Swatch Group

Numa rara entrevista, Jean-Frédéric Dufour, o CEO da Rolex, diz ter falado com o Presidente do Grupo Swatch, Nick Hayek Jr., para que as marcas deste passassem a estar presentes no salão Watches & Wonders, em Genebra. Segundo Dufour, a reacção foi negativa e a justificação o facto de o Swatch Group ser essencialmente industrial, não estando disponível para “perder tempo em salões”.

Até ao início da segunda década do século XXI, Breguet, Blancpain, Omega, Longines, Tissot e outras marcas do Swatch Group estavam em Basileia, onde havia uma feira que… fez cem anos e acabou – devido ao abandono dela por parte, exactamente do Swatch Group.

Nick Hayek Jr. queixou-se dos preços praticados na Baselworld e deixou aquela que foi, durante décadas, a maior feira do mundo em termos de relojoaria.

Em Genebra, o salão de alta relojoaria, iniciado em 1991 pelo grupo Vendôme (hoje Richemont, com a Cartier à cabeça), mantinha-se mais ou menos sólido, apesar do abandono de marcas como a Audemars Piguet, Richard Mille ou Greubel Forsey, todas estas preferindo relações directas com o cliente final e fazendo eventos regionais e locais.

Com o fim da Baselworld (ajudado pela situação pandémica mundial), e a entrada da Rolex, da Patek Philippe e da Chopard no salão genebrino, que, entretanto, mudou de nome para Watches & Wonders, a balança inclinou-se definitivamente para este lado, com cada vez mais marcas a aderirem ao evento (54 este ano, um recorde). Aproveitando os cerca de 1.500 jornalistas e centenas de retalhistas de todo o mundo que o salão convida por alguns dias para Genebra, têm-se organizado feiras e eventos paralelos, as suites dos hotéis estão ocupadas por marcas independentes, que também aí mostram as suas novidades.

Por outras palavras, Genebra está a transformar-se cada vez mais numa Baselworld, mas desorganizada e eticamente condenável por parte das marcas que não investem no Watches & Wonders mas se aproveitam dele.

A estratégia de comunicação do Swatch Group – que chegou a fazer um salão independente um ano antes do Covid e depois desistiu – é estranha. Em Portugal, por exemplo, algumas das suas marcas praticamente desapareceram do ponto de vista de imagem.

Jean-Frédéric Dufour, que falou com Nick Hayek Jr. na sua qualidade de Presidente da Fundação de Alta Relojoaria, proprietária do Watches & Wonders, demonstrou uma grande abertura dos organizadores do salão de Genebra, onde estão também presentes marcas do grupo LVMH, face a alguns dos seus principais concorrentes – marcas topo de gama do Swatch Group.

A negativa, para já, de Nick Hayek Jr. em se juntar ao Watches & Wonders adensa o mistério sobre qual a sua estratégia de comunicação.

As últimas informações, algo contraditórias, dão como certa a presença das marcas Swatch Group Blancpain, Glashütte Original e Breguet na edição deste ano do Geneva Watch Days, que decorre de 29 de Agosto a 3 de Setembro. Trata-se de uma iniciativa descentralizada, que decorre nas boutiques das marcas ou em espaços nos hotéis em redor do lago Geneva.

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