quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Meditações - o relógio destroçado no chão

Não nego que há vinte e sete anos, A Mãe do mesmo autor (Pudovkin), e o Couraçado Potemkin ou A Linha Geral, produziram em mim profunda impressão. Lembro-me, na Mãe, do simbolismo assombroso que comparava o relógio destroçado no chão, cujas peças jamais voltariam a unir-se, com a vida desfeita de uma mãe, que nada mais tinha a fazer na vida do que contar, com inalterável pontualidade, em cada dia, os minutos da vida do filho – agora morto. Essa expressão do estilo de Pudovkin entusiasmou-me, nessa época. Mas influência de concepção ou de processo por natural paralelismo de espírito, não é decalque nem plágio.

Leitão de Barros, Como Eu Vi Castro Alves e Eugénia Câmara, Lisboa, 1949, página 70.

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