sexta-feira, 2 de julho de 2021

Editorial Julho - O regresso das grandes feiras?

Editorial Julho

O regresso das grandes feiras?

A Baselworld, que durou um século, chegou a ser a maior feira do mundo no sector da Relojoaria, e que desde 2019 se não realiza, afundada numa crise de conceito acentuada pela pandemia Covid, vai voltar - em Março/Abril de 2022, anunciou a empresa que a explora, o MCH Group.

As datas mais precisas serão coordenadas com os eventos que por essa altura se realizarão em Genebra - como o Watches & Wonders e haverá até ao final de 2021 o lançamento de uma plataforma digital Baselworld. Mas alguns meios avançam desde já com o período de 31 de Março a 4 de Abril, coincidindo com a semana de eventos relojoeiros de Genebra - que decorrem de 30 de Março a 5 de Abril.

Com marcas como a Rolex, a Patek Philippe ou a Chopard a terem abandonado, entretanto, a Baselworld, mundando-se para Genebra, juntando-se ao Richemont Group; com o Swatch Group ou o grupo LVMH fora, será que a feira de Basileia renasce das cinzas?

De qualquer forma, é toda a indústria do luxo, e não apenas a Relojoaria, que repensa desde há anos a estratégia de presença em grandes certames internacionais. O sector automóvel ou o da moda também o fazem. A pandemia apenas veio acentuar uma tendência de abandono desse tipo de estratégia.

Segundo a consultora The Bridge to Luxury (TBTL - http://www.thebridgetoluxury.com/), há coisas que vieram para ficar:

- Os elevados gastos feitos nesses grandes eventos são o primeiro alvo no corte de despesas das marcas de luxo.

- Durante a pandemia, os orçamentos foram cortados de forma dramática. É duvidoso que alguma vez retornem aos níveis do passado.

- De forma a minimizar custos, muitas marcas serão cada vez mais tentadas a lançar novos produtos e a cultivar contactos com os consumidores e os media através de eventos feitos in-house ou de iniciativas locais, possivelmente mesmo limitadas à sua rede de retalho.

- Devido à falta de procura, nem todos os eventos globais sobreviverão a longo prazo ou tenderão a diminuir de escala e ou a passar ao formato digital.

- Isso irá acelerar o processo de concentração entre os fornecedores de eventos e a sua internacionalização.

Diz Frank Müller, CEO da TBTL: “Sempre considerei as grandes feiras, congressos e conferências como o cartão de visita da indústria do luxo como tal. Os eventos são uma afirmação da nossa identidade. […] A grande questão, agora é a de saber se, como indústria, cedemos a uma ainda maior democratização do luxo e nos focamos cada vez mais nas redes sociais e na venda online, contribuindo para a sua profanação, vulgarização e decadência a longo prazo.”

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