quarta-feira, 7 de abril de 2021

Meditações - servo da máquina e do tempo

Desconhecido que atravessa a rua,

Que há de comum entre mim e ti?

A mesma solidão e a mesma roupa.

Procuras consolo, mas não podes parar.

És servo da máquina e do tempo.

Mal sabes teu nome, nem que o desejas neste mundo.

Procuras a comunidade de uma pessoa,

Mas não encontras na massa-leviatã.

Procuras alguém que seja obscuro e mínimo.

Que possa de novo te apresentar a ti mesmo.


Murilo Mendes

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