domingo, 3 de maio de 2015

Meditações - Mãe, poeta silenciosa

Maio me enternece. Um perfume bom de flores acelera meu coração. Transporto-me. E ouço as águas cantantes dos riachos lavando as pedras das corredeiras.

 Amo este azul sagrado, esta carícia de tantas lembranças. Diáfano céu que me cobre nas horas de quietude tamanha. Um vento ameno me segreda cantigas , de ousadia e paixão.

Quero correr, voar pelas campinas, olhar além do horizonte. Onde dormem anjos das florestas. É tão doce esse ar, que perpassa minha alma, que me diz onde mora a saudade. Um sentir brando. É maio que me diz poemas, versos nascidos de um olhar. De lágrimas, molhado.

Esta sintonia com o mês de maio. Quando vou buscar as imagens que não se apagam : de minha mãe rezando, preparando meu vestido de festa, tecendo loas de esperança;enxugando minha lágrima, coroando-me sua princesa.

A inspiração me veio dela. Minha mãe, poeta silenciosa. Foi ela que me ensinou; mãe abençoada, das madrugadas de vigílias. Minha mãe romântica. Aduladora. De regaço macio. Nas horas do meu sono. Maio, o seu mês de aniversário. Faceira mãe de minha vida.

Enquanto o céu ouve meu cantar, recolho imagens: de meu filho tão querido ! Remexo a caixa : onde guardo papéis de desenhos. Dedicatórias com letras grandes e desordenadas. Bilhetinhos cheios de amor. A risada gostosa assistindo desenhos na tevê. Os seriados comandados pela Jornada nas Estrelas. Hoje, moço feito, conserva aquele riso. E aquele olhar: meu filho sempre.

Rosemary Lopes Pereira

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