Está-se a Primavera trasladando
Em vossa vista deleitosa e honesta;
Nas belas faces, e na boca e testa,
Cecéns, rosas, e cravos debuxando.
De sorte, vosso gesto matizando,
Natura quanto pode manifesta,
Que o monte, o campo, o rio, e a floresta,
Se estão de vós, Senhora, namorando.
Se agora não quereis que quem vos ama
Possa colher o fruto destas flores,
Perderão toda a graça os vossos olhos.
Porque pouco aproveita, linda Dama,
Que semeasse o Amor em vós amores,
Se vossa condição produz abrolhos.
Luís de Camões
ResponderEliminarDoces abrolhos
Ninguém melyhr que Camões
sobre o amor dissertava
nas suas muitas versões
desde a mais branda à mais brava.
Tanto de rosas falava
nas suas comparações
como os lírios invocava,
Conforme as situações.
Tudo, porém, no seu caso
se convertia em abrolhos
ao cabo de certo prazo.
Para sua perdição
não podia ver uns olhos
sem lhe arder o coração!
João de Castro Nunes
ResponderEliminarDistanciamento
Que longe estou de Camões
no tocante à Poesia
que dele me distancia
como os chacais dos leões!
Falando com meus botões,
sem me custar eu diria
que meus versos são borrões
perante a sua… magia.
Com toda a minha humildade
confesso que me bastava,
quanto ao seu génio, metade.
Mas nem sequer sombra sou
do seu valor, de que escrava
a minha alma… se tornou!
João de Castro Nunes