Jack Heuer e um Grande Prémio de Luanda em Fórmula 1 que nunca chegou a existir

Já aqui tínhamos feito referência à autobiografia de Jack Heuer, que acaba de sair. Lemos as peripécias de alguém que, até aos 81 anos, desempenhou um papel activo na história da relojoaria contemporânea (foi, por exemplo, pioneiro do product placement em filmes de Hollywood ou na política de embaixadores, especialmente entre corredores de automóveis).

Jack Heuer, com Clay Regazonni e Niki Lauda, na assinatura de um contrato de representação, nos anos 1970

Numa breve passagem, e referente a Outubro de 1975, Jack refere-se na sua autobiografia a uma ida a Luanda, aproveitando uma viagem a África que já o levara à Nigéria e à África do Sul.

Sem mencionar a situação especial que se vivia em Angola - de guerra civil, com as tropas portuguesas a abandonarem o território, os colonos a fugirem para Portugal ou para a África do Sul, e a UNITA e o MPLA a dgladiarem-se - Jack sublinha que o agente Heuer em Luanda era "um cavalheiro português, muito activo".

E que esse agente, não identificado, o levou, de jeep e acompanhado de guarda armado, a ver o que seria o futuro circuito automóvel de Luanda - um local no meio da selva, acabado de ser limpo. Delegados da FIA (Fédération  Internationale de l'Automobile), que tinham estado no Grande Prémio de Fórmula 1 da África do Sul, também tinham planeado passar por Luanda, para apreciar o projecto. Que, compreensivelmente, nunca chegou a avançar...

Luanda tinha, desde os anos 1960 um circuito, o da Fortaleza; e, desde Maio de 1972 um Autódromo, mas deveria haver um projecto de ampliação ou mesmo um projecto de raiz para se construir um circuito apto a provas de Fórmula 1. A Heuer iria tentar colocar nesse novo circuito o seu sistema de cronometragem, já usado noutras provas de velocidade. Alguém poderá dar-nos mais pormenores sobre o projecto a que Jack Heuer se refere?

E quem era o agente Heuer em Luanda? Temos que perguntar a Jack Heuer da próxima vez que virmos. Ou será que algum leitor do Estação Cronográfica nos pode ajudar?

Com Jack Heuer, em Paris, em 2010, pouco antes de ele fazer 80 anos