segunda-feira, 4 de março de 2013

Meditações - há 102 anos, na morte de Fialho

Sábado, 4 de Março...
O Sol vai no fim do dia.
Param os homens de enxada,
Sossega a maltesaria.

Os galhos secos de Inverno
Somem-se pela verdura...
No meio do céu e inferno
Toda a hora é de amargura.

A morte anda pelas eiras;
A morte chega às herdades...
Caminhos da Vidigueira!
Estrada de Vila de Frades!

Um churrião de lavoura
Roda na planície rasa...
Ai!
"Toca nas mulas, se queres
Que eu chegue vivente a casa".
Fialho, para os almocreves
Exala a voz derradeira,
Na estrada, em Vila de Frades
De Cuba para a Vidigueira.

Só o maioral e o morto
Na tragédia de sozinho,
No drama de vagabundo...
Ai!
O churrião solavanca,
Nos ermos desse caminho
Que segue para o Fim do Mundo.

Azinhal Abelho, "Sobre a Agonia de Fialho de Almeida". O jornalista e escritor Fialho de Almeida faleceu a 4 de Março de 1911, há precisamente 102 anos

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