sexta-feira, 29 de junho de 2012

Meditações - a noite do meu dia

Escuridão

Negra, sim, como os cravos são vermelhos,
Negra, sim, como a neve é branca e fria,
Negra como as mãos postas e os joelhos
Assim é negra a noite do meu dia.
Negra como o que penso e o que não dizes!
(Lembro não sei que pássaro ao poente…)
Ai! A fronteira em todos os países!
Ai! Um só fruto proibido e ardente!
Negra como a ignorância e a realeza
Dos braços que se cruzam com desdém.
Negra como a raiz oculta e presa
Como o nome (tão meu) de Pedro Sem!
Negra como os vestígios maus do sangue
E o destino de toda a Poesia…
Negra como esse corpo, doce e langue,
Que da sua beleza não sabia…
Assim é negra a noite do meu dia,
Negra como as mãos postas e os joelhos,
Negra, sim, como os cravos são vermelhos,
Negra, sim, como a neve é branca e fria…

Pedro Homem de Mello

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