quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Meditações - morte

Nem sempre a morte nos causa
pavor ou medo sequer,
pois mais não é que uma pausa,
que não dá para entender!

3 comentários:

  1. A morte anda comigo de mão dada, fazendo-me constante compnhia:
    como se fosse minha namorada,
    entre nós reina mútua simpatia.

    Com ela me levanto em cada dia
    e com ela me deito, sem que nada
    motive a mis ligeira anomalia
    na minha calma vida costumada.

    Mesmo sem ver-lhe o rosto, lindo ou feio,
    sinto o seu bafo que me bate em cheio
    e quase não me deixa respirar.

    Não sai da minha beira um só momento,
    questão fazendo de me não largar
    até que eu solte o derradeiro alento!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

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  2. Quando a morte vier, venha depressa,
    sem me avisar, sem me bater à porta,
    pois verdadeiramente só me importa
    que sem rumor de súbito apareça!

    Para a enfrentar me encontro preparado
    e de mala aviada no meu quarto,
    devendo confessar que estou já farto
    de por ela esperar... todo arranjado.

    Se estiver a dormir, tanto melhor!
    que não me acorde, o sonho interrompendo,
    caso a sonhar esteja nessa altura!

    Nos braços me tomando e me sustendo,
    aos pés de Deus com jeito me vá pôr,
    de cuja face há muito ando à procura!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

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  3. A JÓIA DO CARRASCO

    Senhora dona morte, quando for
    a altura de eu subir ao cadafalso
    de tronco nu, sem túnica, descalço,
    dá-me um golpe certeiro com vigor!

    Da minha parte, em reciprocidade,
    terei numa das mãos para te dar
    pelo serviço que me irás pretar
    uma jóia de grande qualidade.

    É peça muito antiga que eu herdei
    dos meus antepassados e guardei
    para este fim, como é da tradição.

    Só tens de proceder com prontidão,
    destreza e gestos firmes à mistura
    por forma a eu tombar com compostura!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

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