quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Uma viagem à Suíça há 71 anos*

Dia 19

Tomámos o primeiro almoço, chamam aqui café creme completo, que consiste em café com leite, pão e uns bolos a que chamam um crescente pela sua forma em ½ lua, manteiga em pedaços que parecem botões de rosa e compota de fruta. Custa isto 3 francos e fica-se regalado.

Tomámos o trolleybus (um eléctrico com rodas de borracha) e subimos a visitar a cidade.

Lausanne é uma cidade assente nas encostas de várias montanhas, é bastante acidentada, o que a torna muito bela, tem pontes altíssimas que passam sobre ruas e casas mais baixas; a igreja de São Francisco é muito interessante exteriormente, não pudemos ver o interior por estar fechada. Fica colocada no cento da cidade. Lausanne é uma cidade universitária. A universidade está instalada num magnífico palácio duma arquitectura riquíssima exterior e interior – o Palácio […]. Neste palácio também se reúne o Museu de Belas Artes que visitámos e o Museu de História Natural que não tivemos tempo de ver e que nos disseram ser importante.

Jantámos no restaurante do Transit, junto à estação, com muita abundância a comida. […] é muito mais sã e agradável que a de Paris.

Estávamos para ir às fábricas de relojoaria, mas como era sábado resolvemos aproveitar o domingo em Zurique. Saímos de Lausanne às 14h12, passámos Neuchatel, Bienne, e na passagem vimos o conjunto de fábricas Omega, […], Delermont, e chegámos a Bale que fica já na fronteira alemã às 16h35 para aproveitarmos o comboio rápido. Bale tem uma grande estação. Toda a malta fala alemão. Partimos daqui às 17h20, passámos por Brug. Chegámos a Zurique às 18h30.

Como estamos no empório da relojoaria os comboios partem e chegam com precisão cronométrica.

Aqui ficámos hospedados numa casa particular e custou-nos um quarto 7 francos = 35$00.

Visitámos em seguida a exposição à noite, que não é muito notável na iluminação. O pavilhão […] dá-nos bem a noção do valor e das aspirações deste inteligente povo: Liberdade, Unidade, Pátria. Corremos toda a parte direita da exposição, estavam muitos pavilhões fechados por ser já tarde e andarem a fazer limpeza.

Num grande […] de divertimentos todo o mundo dança animadamente. Tudo é alegria, animação e nós cheios de fome, contudo gozámos a bela vista do lago à noite e da cidade iluminada à volta, que é muito bonito.

Fomos depois tomar um chocolate completo (com pão, bolos, manteiga e compota) muito bem servido, num restaurante perto do quarto, a alegria continua neste povo ditoso, dança-se animadamente. A decoração do restaurante é muito engraçada, a orquestra não presta, 4 aleijadinhos que dão fífias a todo o momento. 2 entradas na exposição dois francos, os dois chocolates 2,60 francos.

*ver contextualização aqui

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