sexta-feira, 31 de julho de 2009
Meditações - a jaula do Tempo
1.
Ao redor da vida do homem
há certas caixas de vidro,
dentro das quais, como em jaula,
se ouve palpitar um bicho.
Se são jaulas não é certo;
mais perto estão das gaiolas
ao menos, pelo tamanho
e quadradiço de forma.
Uma vezes, tais gaiolas
vão penduradas nos muros;
outras vezes, mais privadas,
vão num bolso, num dos pulsos.
Mas onde esteja: a gaiola
será de pássaro ou pássara:
é alada a palpitação,
a saltação que ela guarda;
e de pássaro cantor,
não pássaro de plumagem:
pois delas se emite um canto
de uma tal continuidade
que continua cantando
se deixa de ouvi-lo a gente:
como a gente às vezes canta
para sentir-se existente.
2.
O que eles cantam, se pássaros,
é diferente de todos:
cantam numa linha baixa,
com voz de pássaro rouco;
desconhecem as variantes
e o estilo numeroso
dos pássaros que sabemos,
estejam presos ou soltos;
têm sempre o mesmo compasso
horizontal e monótono,
e nunca, em nenhum momento,
variam de repertório:
dir-se-ia que não importa
a nenhum ser escutado.
Assim, que não são artistas
nem artesãos, mas operários
para quem tudo o que cantam
é simplesmente trabalho,
trabalho rotina, em série,
impessoal, não assinado,
de operário que executa
seu martelo regular
proibido (ou sem querer)
do mínimo variar.
3.
A mão daquele martelo
nunca muda de compasso.
Mas tão igual sem fadiga,
mal deve ser de operário;
ela é por demais precisa
para não ser mão de máquina,
a máquina independente
de operação operária.
De máquina, mas movida
por uma força qualquer
que a move passando nela,
regular, sem decrescer:
quem sabe se algum monjolo
ou antiga roda de água
que vai rodando, passiva,
graçar a um fluido que a passa;
que fluido é ninguém vê:
da água não mostra os senões:
além de igual, é contínuo,
sem marés, sem estações.
E porque tampouco cabe,
por isso, pensar que é o vento,
há de ser um outro fluido
que a move: quem sabe, o tempo.
4.
Quando por algum motivo
a roda de água se rompe,
outra máquina se escuta:
agora, de dentro do homem;
outra máquina de dentro,
imediata, a reveza,
soando nas veias, no fundo
de poça no corpo, imersa.
Então se sente que o som
da máquina, ora interior,
nada possui de passivo,
de roda de água: é motor;
se descobre nele o afogo
de quem, ao fazer, se esforça,
e que êle, dentro, afinal,
revela vontade própria,
incapaz, agora, dentro,
de ainda disfarçar que nasce
daquela bomba motor
(coração, noutra linguagem)
que, sem nenhum coração,
vive a esgotar, gôta a gôta,
o que o homem, de reserva,
possa ter na íntima poça.
João Cabral de Melo Neto, O Relógio
Ao redor da vida do homem
há certas caixas de vidro,
dentro das quais, como em jaula,
se ouve palpitar um bicho.
Se são jaulas não é certo;
mais perto estão das gaiolas
ao menos, pelo tamanho
e quadradiço de forma.
Uma vezes, tais gaiolas
vão penduradas nos muros;
outras vezes, mais privadas,
vão num bolso, num dos pulsos.
Mas onde esteja: a gaiola
será de pássaro ou pássara:
é alada a palpitação,
a saltação que ela guarda;
e de pássaro cantor,
não pássaro de plumagem:
pois delas se emite um canto
de uma tal continuidade
que continua cantando
se deixa de ouvi-lo a gente:
como a gente às vezes canta
para sentir-se existente.
2.
O que eles cantam, se pássaros,
é diferente de todos:
cantam numa linha baixa,
com voz de pássaro rouco;
desconhecem as variantes
e o estilo numeroso
dos pássaros que sabemos,
estejam presos ou soltos;
têm sempre o mesmo compasso
horizontal e monótono,
e nunca, em nenhum momento,
variam de repertório:
dir-se-ia que não importa
a nenhum ser escutado.
Assim, que não são artistas
nem artesãos, mas operários
para quem tudo o que cantam
é simplesmente trabalho,
trabalho rotina, em série,
impessoal, não assinado,
de operário que executa
seu martelo regular
proibido (ou sem querer)
do mínimo variar.
3.
A mão daquele martelo
nunca muda de compasso.
Mas tão igual sem fadiga,
mal deve ser de operário;
ela é por demais precisa
para não ser mão de máquina,
a máquina independente
de operação operária.
De máquina, mas movida
por uma força qualquer
que a move passando nela,
regular, sem decrescer:
quem sabe se algum monjolo
ou antiga roda de água
que vai rodando, passiva,
graçar a um fluido que a passa;
que fluido é ninguém vê:
da água não mostra os senões:
além de igual, é contínuo,
sem marés, sem estações.
E porque tampouco cabe,
por isso, pensar que é o vento,
há de ser um outro fluido
que a move: quem sabe, o tempo.
4.
Quando por algum motivo
a roda de água se rompe,
outra máquina se escuta:
agora, de dentro do homem;
outra máquina de dentro,
imediata, a reveza,
soando nas veias, no fundo
de poça no corpo, imersa.
Então se sente que o som
da máquina, ora interior,
nada possui de passivo,
de roda de água: é motor;
se descobre nele o afogo
de quem, ao fazer, se esforça,
e que êle, dentro, afinal,
revela vontade própria,
incapaz, agora, dentro,
de ainda disfarçar que nasce
daquela bomba motor
(coração, noutra linguagem)
que, sem nenhum coração,
vive a esgotar, gôta a gôta,
o que o homem, de reserva,
possa ter na íntima poça.
João Cabral de Melo Neto, O Relógio
Breves relojoeiras
O Swatch Group é a empresa suíça que goza da melhor reputação junto da população, segundo uma sondagem esta semana publicada no diário Le Matin. A União de Bancos Suíços (UBS) é, compreensivelmente, a que tem pior reputação no país, numa lista de 112 empresas.
A sondagem indagava sobre critérios de imagem, notoriedade, qualidade, capacidade de inovação e outros factores emocionais. Foram deixadas de fora organizações não lucrativas, que tinham entrado em anos anteriores em sondagens semelhantes.
Segundo em 2008, o grupo relojoeiro (o maior do mundo) fica este ano em primeiro lugar. A empresa de chocolates Lindt & Sprüngli e a cadeia de super-mercados Migros ficaram em segundo e terceiro lugar. Seguem-se o fabricante de acessórios de informática Logitech, o Banco cantonal Raiffeisen, a Schindler, a Nestlé, os caminhos-de-ferro, CFF, e o fabricante de máquinas ferramentas Hilti, que tem sede no Liechtenstein.
Como no ano passado, a UBS está em último, tendo mesmo a imagem do banco agravado a degradação de imagem junto do público. O Credit Suisse também piorou a imagem, mas não tanto.
A crise continua a fazer sentir os seus efeitos no sector relojoeiro. Desta vez, as marcas Gerald Genta e Daniel Roth, do universo Bvlgari, deverão ser afectadas com despedimentos. Segundo a imprensa económica helvética, as duas empresas deixarão de depender da sede do grupo, em Roma, passando a estar directamente ligadas a Bvlgari Time, que tem sede na Suíça.
A sondagem indagava sobre critérios de imagem, notoriedade, qualidade, capacidade de inovação e outros factores emocionais. Foram deixadas de fora organizações não lucrativas, que tinham entrado em anos anteriores em sondagens semelhantes.
Segundo em 2008, o grupo relojoeiro (o maior do mundo) fica este ano em primeiro lugar. A empresa de chocolates Lindt & Sprüngli e a cadeia de super-mercados Migros ficaram em segundo e terceiro lugar. Seguem-se o fabricante de acessórios de informática Logitech, o Banco cantonal Raiffeisen, a Schindler, a Nestlé, os caminhos-de-ferro, CFF, e o fabricante de máquinas ferramentas Hilti, que tem sede no Liechtenstein.
Como no ano passado, a UBS está em último, tendo mesmo a imagem do banco agravado a degradação de imagem junto do público. O Credit Suisse também piorou a imagem, mas não tanto.
A crise continua a fazer sentir os seus efeitos no sector relojoeiro. Desta vez, as marcas Gerald Genta e Daniel Roth, do universo Bvlgari, deverão ser afectadas com despedimentos. Segundo a imprensa económica helvética, as duas empresas deixarão de depender da sede do grupo, em Roma, passando a estar directamente ligadas a Bvlgari Time, que tem sede na Suíça.
Adquiridas em 2000 pelo grupo Bvlgari, as duas marcas de Alta Relojoaria foram agrupadas em 2001 numa única empresa, a Daniel Roth et Gérald Genta SA), que dependia de Roma. Agora, passarão a depender da Bvlgari Time (Switzerland) SA, filial relojoeira do grupo italiano, situada em Neuchâtel.
Os resultados da Relojoaria no grupo Bvlgari sofreram um forte recuo no primeiro trimestre de 2009 (menos 37,6 por cento), na linha de resultados desastrosos para o geral do grupo, com prejuizos líquidos da ordem dos 29,3 milhões de euros no mesmo período. Os resulados semestrais só serão conhecidos a 30 de Julho.
Segundo os observadores, a reestruturação na Gerald Genta e na Daniel Roth deverá levar à redução de postos de trabalho nos núcleos de Meyrin e no Vallée de Joux, como já ocorreu aliás em Neuchâtel.
Aparentemente, a Bvlgari não terá sabido aproveitar a vaga de crescimento no sector relojoeiro ocorrida na última década, com taxas de crescimento de dois dígitos. O grupo fez 313 milhões de euros em relógios em 2000 (46 por cento das vendas totais), mas no ano passado elas foram de apenas 263 milhões (24,6 por cento das vendas totais). Em contrapartida, a joalharia Bvlgari conseguiu duplicar praticamente o seu volume de negócios (de 228 milhões para 448 milhões) no mesmo período.
O maior grupo de luxo do mundo, o LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton, registou no primeiro semestre de 2009 vendas no valor de 7,8 mil milhões de euros, um ligeiro aumento em relação ao mesmo período de 2008, apesar da crise e da base de comparação bastante elevada.
Para esta resistência à crise contribuiu o bom resultado na rede de distribuição controlada pela própria Louis Vuitton. No retalho de terceiros, os resultados são negativos, devido ao alto nível de stocks acumulados. Isso vê-se mais claramente nos Vinhos e Espirituosos e nos Relógios e Jóias.
Segundo a análise do próprio grupo, as vendas no sector Relógios e Jóias sofreu um recuo de 17 por cento no primeiro semestre, com o resultado operacional a cifrar-se nos 20 milhões de euros. A preocupação principal foi a diminuição de stocks nas mãos do retalho. TAG Heuer, Hublot (recentemente adquirida), Zenith (com novo PDG) e Dior são as marcas de relojoaria do LVMH. Chaumet, De Beers e Fred são as marcas de joalharia.
A Concord já tem novo Presidente. Trata-se de Alex Grinberg, um quadro com larga experiência na relojoaria, particularmente no grupo MGI. Depois de ter entrado para a empresa, em 1994, enquanto director regional da Movado, foi nomeado em 1996 director regional da Concord para a Ásia. Regressou em 2000 aos Estados Unidos, para ser o director da Concord no país.
A Concord já tem novo Presidente. Trata-se de Alex Grinberg, um quadro com larga experiência na relojoaria, particularmente no grupo MGI. Depois de ter entrado para a empresa, em 1994, enquanto director regional da Movado, foi nomeado em 1996 director regional da Concord para a Ásia. Regressou em 2000 aos Estados Unidos, para ser o director da Concord no país.
Nos últimos dois anos, a marca Concord foi relançada com grande força, nomeadamente com a introdução da linha C1, com relógios de linhas modernas e muito técnicos.
O Movado Group desenvolve e distribui as marcas relojoeiras Movado, Ebel, Concord, ESQ, Coach, Hugo Boss, Lacoste, Juicy Couture, Tommy Hilfiger e gere as boutiques Movado nos Estados Unidos.
O Movado Group desenvolve e distribui as marcas relojoeiras Movado, Ebel, Concord, ESQ, Coach, Hugo Boss, Lacoste, Juicy Couture, Tommy Hilfiger e gere as boutiques Movado nos Estados Unidos.
A fechar, conheceram-se hoje os resultados do primeiro semestre do grupo de luxo e distribuição PPR. Os analistas previam um desastre maior, mas os 707 milhões de euros de lucros operacionais (menos 4,8 por cento que em 2008) dão, afinal, uma nota de optimismo.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Chegado ao mercado
Panerai Luminor 1950 Regatta Rattrapante 44mm DLC. Cronógrafo automático, dupla roda de colunas, com função Rattrapante. Cronógrafo certificado COSC, com autonomia para 42 horas. Decoração Côtes de Genève nas pontes e rotor. Caixa em aço, de 44 mm, com revestimento negro, estanque até 100 metros. Fundo enroscado, gravado Classic Yachts Callenge 2009. A Panerai patrocina todos os anos um circuito de regatas para barcos clássicos, com provas de ambos os lados do Atlântico. Edição limitada a 500 unidades. PVP: 11.000 €
Meditações - tempero à vontade do dono
Relógio da Cidade: Todos os que nos governam trazem seus relógios consigo, por ser insígnia de homem de Estado, os quais eles temperam [acertam, regulam] sempre à sua vontade. De maneira que, governando eles como querem a seus relógios, se governam por eles, e assim vivem sempre ao gosto do seu gosto.
D. Francisco Manuel de Melo (1608 - 1666), Relógios Falantes
D. Francisco Manuel de Melo (1608 - 1666), Relógios Falantes
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Germano Silva - um relojoeiro açoriano em San Jose, Califórnia
A primeira vez que falámos (por e-mail) com Germano Silva, foi há quase uma década, quando investigávamos para História do Tempo em Portugal - Elementos para uma História do Tempo, da Relojoaria e das Mentalidades em Portugal (Diamantouro, 2003).
O seu nome tínha-nos sido indicado pelo Comandante Estácio dos Reis, que "en passant" tinha ouvido uma breve informação sobre ele na RTP Internacional. Uma busca na Internet e lá conseguimos chegar à fala com este emigrante português há muito radicado nos Estados Unidos, mais propriamente em San Jose, Califórnia.
O seu nome tínha-nos sido indicado pelo Comandante Estácio dos Reis, que "en passant" tinha ouvido uma breve informação sobre ele na RTP Internacional. Uma busca na Internet e lá conseguimos chegar à fala com este emigrante português há muito radicado nos Estados Unidos, mais propriamente em San Jose, Califórnia.
Germano Silva tem figurado, desde a História do Tempo em Portugal, nos livros e outras publicações que temos editado, com o destaque que merece o seu trabalho. E contactamos regularmente com ele, agora não apena por e-mail, mas também por carta e por telefone, partilhando pelo seu entusiasmo na concepção e criação de belas Máquinas do Tempo.
Germano Silva é um relojoeiro autodidacta, que aprendeu a arte da relojoaria com um tio, João Inácio Brasil. Dedica-se há décadas à construção de peças únicas, monumentais.
Nascido em 1936 na Vila do Topo, S. Jorge, Açores, trabalha em relojoaria e joalharia na sua oficina em San Jose. Com o tio, construiu e instalou relógios de torre, nomeadamente no México.
Mas a paixão de Germano Silva é a construção de relógios complicados. Um deles tem 270 quilos, 2,6 metros de altura, 135 rodas dentadas, quatro faces, tem calendário completo e quatro mostradores. Levou 8 anos a fazer. Um outro, mais pequeno, mas do mesmo género, acaba de ser montado.
Nascido em 1936 na Vila do Topo, S. Jorge, Açores, trabalha em relojoaria e joalharia na sua oficina em San Jose. Com o tio, construiu e instalou relógios de torre, nomeadamente no México.
Mas a paixão de Germano Silva é a construção de relógios complicados. Um deles tem 270 quilos, 2,6 metros de altura, 135 rodas dentadas, quatro faces, tem calendário completo e quatro mostradores. Levou 8 anos a fazer. Um outro, mais pequeno, mas do mesmo género, acaba de ser montado.
Pormenor do primeiro relógio monumental criado de raiz por Germano Silva.
O trabalho de Germano Silva já despertou o interesse da estação de televisão norte-americana NBC, que fez com ele uma reportagem:
http://www.vimeo.com/3218318
O relojoeiro açoriano junto do segundo relógio monumental, aquando das festas do 10 de Junho em San Jose.
O trabalho de Germano Silva já despertou o interesse da estação de televisão norte-americana NBC, que fez com ele uma reportagem:
http://www.vimeo.com/3218318
Em Portugal, o Expresso falou dele em:
http://aeiou.expresso.pt/os_fabulosos_relogios_de_germano_silva=f502286
http://aeiou.expresso.pt/os_fabulosos_relogios_de_germano_silva=f502286
e o Professor José Hermano Saraiva também se lhe referiu há pouco tempo, no programa que mantém na RTP2:
http://www.youtube.com/watch?v=x9PGAnoFQCY&feature=player_embedded
http://www.youtube.com/watch?v=x9PGAnoFQCY&feature=player_embedded
Para saber mais, além da História do Tempo, pode consultar-se Relógios e Relojoeiros - Quem É Quem no Tempo em Portugal (Âncora, 2006).
Germano Silva não vendeu ainda nenhuma das suas peças monumentais, apesar de interesse manifestado por coleccionadores. "Apego-me aos relógios, não consigo desfazer-me deles", diz.
Boutique Vacheron Constantin em Genebra muda temporariamente de local, mas Museu do Património permanece aberto no mesmo sítio
Durante os próximos três anos, a Boutique Vacheron Constantin em Genebra, situada na histórica sede da empresa, fundada em 1755 na carismática zona da "ilha", vai estar encerrada para trabalhos de renovação, transferindo-se para a Praça de Longemalle.
A "Maison", nome por que é conhecida a manufactura relojoeira mais antiga do mundo, aproveitou os trabalhos públicos de arranjo das estradas e ruas na zona de Pont de l’Ile para remodelar a sua boutique e instalar-se temporariamente no n° 1 da Place de Longemalle.
Sobriedade e materiais de qualidade são as palavras-chave deste novo espaço, que propõe um ambiente de convivialidade e luxo fiéis à qualidade de acolhimento que é apanágio e identidade da marca.
A "Maison", nome por que é conhecida a manufactura relojoeira mais antiga do mundo, aproveitou os trabalhos públicos de arranjo das estradas e ruas na zona de Pont de l’Ile para remodelar a sua boutique e instalar-se temporariamente no n° 1 da Place de Longemalle.
Sobriedade e materiais de qualidade são as palavras-chave deste novo espaço, que propõe um ambiente de convivialidade e luxo fiéis à qualidade de acolhimento que é apanágio e identidade da marca.
Mas o espaço de exposição patrimonial da "Maison" Vacheron Constantin na Ilha continua aberto ao público, sob marcação, durante todo o período dos trabalhos. Instalado no edifício que que Jean-François Constantin encomendou em 1875 ao arquitecto Elysée Goss, este local carregado de história da marca alberga a colecção do Património Vacheron Constantin, que é constituído por mais de 1200 relógios antigos, centenas de máquinas-ferramentas e registos testemunhando mais de 250 anos de história ininterrupta da manufactura.
Meditações - sinfonia de galos
Já os galos tilintam na manhã
numa múltipla voz aonde vibra a voz de dedos em cristais
mais que dedais de dedos na mais fina porcelana
Já os galos tilintam na manhã
há já pão mole e lombo assado nas primeiras lojas
se voltamos dos touros e sentimos fome
e mais que o pão nos sabe o pão quebrar nos dentes
em vendas novas era ainda vivo o Carlos
vivo agora na voz que a madrugada envia
às dunas deste dia mais que o tempo se escondia nos revela
talvez timidamente mas decerto sabiamente
Já os galos à beira do mais puro amanhecer
que touca o céu da mais fina das fímbrias
pouco antes de acender os máximos o sol
esse infractor do código da estrada que nem mesuro em cima
de nós procede à mutação da luz
já os galos que são o símbolo da voz
que abre e logo quebra numa abóbada de ânfora
moem os nós da voz na fímbria da manhã
A esta hora de equilíbrio luminar
os galos são os rígidos e estritos observantes
do ritual restrito da destruição
quando de crista erguida uns aos outros passam
a vida única vítima afinal a imolar
Só quando se consome a vida se mantém
e sei agora como o sabem bem
esses tenores sapientes saborosos exigentes
que têm na garganta a música difícil
que precede o abrir do novo dia
Madrugai galos madrigais de madrugadas
Ó galos ó manhã ó vida ó nada
Rui Belo
numa múltipla voz aonde vibra a voz de dedos em cristais
mais que dedais de dedos na mais fina porcelana
Já os galos tilintam na manhã
há já pão mole e lombo assado nas primeiras lojas
se voltamos dos touros e sentimos fome
e mais que o pão nos sabe o pão quebrar nos dentes
em vendas novas era ainda vivo o Carlos
vivo agora na voz que a madrugada envia
às dunas deste dia mais que o tempo se escondia nos revela
talvez timidamente mas decerto sabiamente
Já os galos à beira do mais puro amanhecer
que touca o céu da mais fina das fímbrias
pouco antes de acender os máximos o sol
esse infractor do código da estrada que nem mesuro em cima
de nós procede à mutação da luz
já os galos que são o símbolo da voz
que abre e logo quebra numa abóbada de ânfora
moem os nós da voz na fímbria da manhã
A esta hora de equilíbrio luminar
os galos são os rígidos e estritos observantes
do ritual restrito da destruição
quando de crista erguida uns aos outros passam
a vida única vítima afinal a imolar
Só quando se consome a vida se mantém
e sei agora como o sabem bem
esses tenores sapientes saborosos exigentes
que têm na garganta a música difícil
que precede o abrir do novo dia
Madrugai galos madrigais de madrugadas
Ó galos ó manhã ó vida ó nada
Rui Belo
terça-feira, 28 de julho de 2009
Em primeira mão: CEO da Concord muda-se para a TechnoMarine
Vincent Pérriard
"É tempo de novos horizontes. Tive a sorte de encontrar há uns meses Christian Viros, antigo CEO da TAG Heuer e antigo Presidente da LVMH Watch & Jewerly. O seu curriculo é impressionante, como o homem que reinventou a TAG Heuer como uma das mais poderosas marcas da nossa indústria. Ele decidiu abraçar um novo desafio: o relançamento da TehnoMarine. Junto-me a ele e passo a ser o CEO do TechnoMarine Group a partir de 17 de Agosto", comunica-nos Vincent Pérriard.
"Podem esperar uma nova era para a TechnoMarine: quebrar com o passado, ser inovador e criativo. Esperar o inesperado. A crise mundial trás novas oportunidades e posso garantir que vamos aparecer dentro de poucos meses com um posicionamento surpreendente da marca. Vamos dar à TechnoMarine um novo momentum, uma nova missão, bem como uma visão forte que ajudará a desenvolver a nossa marca e o nosso negócio à escala gloobal".
Hora de partir da Concord, de chegar à TechnoMarine
O Concord C1 Tourbillon Gravity
Já aqui tínhamos feito referência, mas agora é oficial. Vincent Pérriard, acaba de nos confirmar a sua saída da Concord, para passar a dirigir a TechnoMarine.
Já aqui tínhamos feito referência, mas agora é oficial. Vincent Pérriard, acaba de nos confirmar a sua saída da Concord, para passar a dirigir a TechnoMarine.
"Depois de 3 anos com a Concord, decidi aceitar um novo desafio, uma nova missão", diz. "Vivemos todos os experiência tremenda com o verdadeiro renascimento de uma marca: nova visão, novo posicionamento, nova gente, novos produtos", recorda.
"Em três anos, a Concord tornou-se numa das marcas mais dinâmicas, impactantes e criativas da indústria relojoeira", diz. "Só um punhado acreditava nas potencialidades desta marca. Após apenas dois anos, em 2008, a Concord ganha o Prémio para o Melhor Design no Grande Prémio de Genebra, com o seu C1 Tourbillon Gravity. Um ano mais tarde, a Concord continua a surpreender e apresenta o produto mais inesperado do ano em Basileia, com o C1 QuantumGravity".
O Concord QuantumGravity"É tempo de novos horizontes. Tive a sorte de encontrar há uns meses Christian Viros, antigo CEO da TAG Heuer e antigo Presidente da LVMH Watch & Jewerly. O seu curriculo é impressionante, como o homem que reinventou a TAG Heuer como uma das mais poderosas marcas da nossa indústria. Ele decidiu abraçar um novo desafio: o relançamento da TehnoMarine. Junto-me a ele e passo a ser o CEO do TechnoMarine Group a partir de 17 de Agosto", comunica-nos Vincent Pérriard.
"Podem esperar uma nova era para a TechnoMarine: quebrar com o passado, ser inovador e criativo. Esperar o inesperado. A crise mundial trás novas oportunidades e posso garantir que vamos aparecer dentro de poucos meses com um posicionamento surpreendente da marca. Vamos dar à TechnoMarine um novo momentum, uma nova missão, bem como uma visão forte que ajudará a desenvolver a nossa marca e o nosso negócio à escala gloobal".
Em Portugal, a TechnoMarine é representada pelo Grupo Tempus Internacional.
Hora de partir da Concord, de chegar à TechnoMarine
Relógios Tissot lança novo calibre para cronógrafo automático
O novo calibre cronógrafo automático criado pela ETA para a Tissot.
Para além da espuma dos dias, e da crise que parece tudo envolver, o mundo continua a girar e há marcas que não podem dar-se ao luxo de ter "estados de alma", pois o seu nome é sinónimo de "relógio" desde há muitos anos, e em qualquer parte do mundo.
Está neste caso a Tissot, fundada em 1853, em Le Locle, na região jurássica da Suíça, e que faz hoje parte do Swatch Group, o maior grupo relojoeiro do mundo.
Na última edição da Baselworld, esta Primavera, em Basileia, tivemos ocasião de trocar impressões com o Presidente da Tissot, o francês François Thiébaud, há décadas aos comandos da marca e um dos mais antigos quadros do Swatch Group. Thiébaud alia a isso o facto de ter sido durante anos o Presidente dos expositores na maior feira de relógios do mundo e de continuar a ser hoje o representante dos expositores helvéticos no certame.
Neste Baselworld, François Thiébaud estava particularmente satisfeito: 2009 será o ano do lançamento de um novo calibre - um cronógrafo automático - desenvolvido em parceria com a ETA, a gigante que fabrica movimentos para grande parte da indústria e que também faz parte do Swatch Group.
Quais as vantagens desse novo calibre, o ETA C01.211? Aliando fiabalidade e qualidade, vai conseguir equipar relógios com PVP da ordem dos 795 francos suíços (cerca de 520 euros), um preço imbatível se pensarmos em cronógrafos automáticos "made in" Suíça. Um relógio com calibre Valjoux, por exemplo, também fabricado pela ETA, o mais popular entre os cronógrafos automáticos, vende-se por quase o dobro do preço, podendo chegar a muito mais, dependendo da marca que ostenta no mostrador.
A Tissot produz anualmente cerca de 2,3 milhões de relógios mecânicos e de quartzo, com PVP que variam entre os 70 e os mil francos suíços (entre os 46 e os 660 euros), mantendo-se assim uma marca entre as gamas baixa e média. "Devemos ter sempre presente que, em muitos países, gastar 100 francos suíços (66 euros) num relógio continua a ser muito". O Presidente sabe do que fala, já que a Tissot está presente em 16 mil pontos de venda, em 150 países.
Quando a Tissot apresentou à ETA a questão de se conseguir um calibre cronógrafo automático ao mais baixo preço possível, sem comprometer a qualidade, a gigante na produção de movimentos foi inspirar-se no calibre Lemania 5100, criado em 1978, e no calibre automático Swatch, criado em 1991.
Nasceu assim o ETA C01.211, com a preocupação de minimizar o número de peças, as operações de produção e montagem, automatizando praticamente toda a linha. Assim, a platina em metal onde assenta o resto do movimento está a um nível, com uma segunda parte em material sintético injectado a juntar-se-lhe. O escape, que é leve, económico e requer pouca lubrificação, também é em material sintético. O regulador de precisão fina ETAChron e o sistema anti-choque Nivachoc B1 completam este calibre, que tem massa oscilante em bronze com mola de fricção integrada.
O novo calibre tem uma frequência de 3 Hz, autonomia para 46 horas e apenas 184 componentes, estando arrumado num diâmetro de 31 mm (13 linhas e 1/4), para 8,44 mm de espessura.
"O seu comportamento está dentro dos parâmetros considerados aceitáveis para um cronógrafo automático", garante-nos François Thiébaud. Os primeiros modelos a serem equipados com o novo ETA C01.211 são os Tissot Couturier e PRC 200 Auto Chrono. Mas a ideia é que o novo calibre posa vir igualmente a equipar relógios Swatch.
O Turquemenistão e o Calendário
O Turquemenistão é um país situado na Ásia Central, limitado a norte pelo Cazaquistão, a norte e a leste pelo Uzbequistão, ao sul pelo Afeganistão e pelo Irão, e a oeste pelo mar Cáspio, do outro lado do qual se estendem as costas do Azerbaijão. Foi até 1991 uma república soviética, chamada Turqueménia. Tem por capital Asgabate. É dos Estados saídos da implosão da União Soviética.
Três quartos dos habitantes do país são turcomenos, um povo nómada de língua turca e religião muçulmana sunita (89%). As minorias mais importantes são os uzebeques (9,2%) e os russos (6,7%). Outros grupos são os cazaques (2%), tártaros, ucranianos, azerbaijanos e arménios.
Três quartos dos habitantes do país são turcomenos, um povo nómada de língua turca e religião muçulmana sunita (89%). As minorias mais importantes são os uzebeques (9,2%) e os russos (6,7%). Outros grupos são os cazaques (2%), tártaros, ucranianos, azerbaijanos e arménios.
O primeiro presidente do Turquemenistão independente foi Saparmurat Niyazov, um adepto do culto da (sua) personalidade, que mandou espalhar estátuas suas pelo país, incluindo uma, na capital, que roda de maneira a que Niyazov esteja sempre de frente para o sol.
Niyazov apelidou-se a si próprio de "Turkmenbashi", ou "pai dos turcomenos". E, como Tempo é Poder, e quem detém o poder quer ditar o seu Tempo, o líder quis criar o seu próprio calendário. Janeiro foi rebaptizado de, adivinhem, Turkmenbashi e Abril de Gurbansoltan, inspirado no nome da sua mãe. Mas a reforma do Tempo turquemeno não ficou por aí: também os dias da semana sofreram alteração no nome. Quarta-feira passou a ser "o dia abençoado", seguido do "dia da virtude".
A última grande tentativa de reformar o Calendário civil ocorreu durante o tempo de Napoleão, quando os meses passaram a ter nomes como Brumário e as horas passaram a calcular-se no sistema decimal, em vez do habitual sexagesimal. Chegaram a ser feitos relógios com mecanismos e mostradores para dias de 20 horas, com 100 minutos e 100 segundos cada.
Tal como os franceses se baralharam com o novo esquema, durando o tempo revolucionário muito poucos anos, também os turquemenos deixaram de saber a quantas andavam. E o novo Presidente, Gurbanguly Berdymuhammedov, no poder desde Dezembro de 2006, acaba de mudar o calendário do país para o antigo e clássico sistema de nomes.
Tempo é poder, mas o poder é muitas vezes efémero... De qualquer modo, a estátua de Turkemenbashi ainda continua a girar na capital, sempre de cara para o sol.
Meditações - o Tempo faz tudo
O tempo acaba o ano, o mês e a hora
A força, a arte, a manha, a fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza.
O tempo o mesmo tempo de si chora;
O tempo busca e acaba o onde mora
Qualquer ingratidão, qualquer dureza;
Mas não pode acabar minha tristeza,
Enquanto não quiserdes vós, Senhora.
O tempo o claro dia torna escuro
E o mais ledo prazer em choro triste;
O tempo, a tempestade em grão bonança.
Mas de abrandar o tempo estou seguro
O peito de diamante, onde consiste
A pena e o prazer desta esperança.
Luís de Camões
A força, a arte, a manha, a fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza.
O tempo o mesmo tempo de si chora;
O tempo busca e acaba o onde mora
Qualquer ingratidão, qualquer dureza;
Mas não pode acabar minha tristeza,
Enquanto não quiserdes vós, Senhora.
O tempo o claro dia torna escuro
E o mais ledo prazer em choro triste;
O tempo, a tempestade em grão bonança.
Mas de abrandar o tempo estou seguro
O peito de diamante, onde consiste
A pena e o prazer desta esperança.
Luís de Camões
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Tempo de jóias - visita ao Tesouro da Colegiada de Santiago do Cacém
Relicário do Santo Lenho. Trabalho português, Século XIV (inícios), chapa do reverso da cruz interior/Século XVI (finais) – Século XVII (inícios), relicário, Prata, rubis, quartzos, vidro, madeira, cera, lacre, cobre, papel, Santiago do Cacém, Tesouro da Colegiada de Santiago
No âmbito das actividades da Ciência Viva (Geologia no Verão), que oferecem um olhar gemológico sobre colecções de artes decorativas e arte sacra espalhadas pelo país, dia 5 de Agosto, pelas 21 horas, em Santiago do Cacém, na Igreja Martiz, visita ao Tesouro da Colegiada de Santiago do Cacém.
Este núcleo museológico, a cargo do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, tem no seu acervo peças de interesse gemológico, designadamente o conhecido Relicário do Santo Lenho.
Tal como nas outras visitas guiadas de carácter gemológico das acções da Geologia no Verão, o enfoque será feito aos materiais (gemas e rochas) que compõem as obras de artes decorativas, arte sacra e até o próprio edifício.
A visita será dirigida pelo gemólogo Rui Galopim de Carvalho.
Inscrições gratuitas pela linha azul 808 200 205 ou on-line em www.cienciaviva.pt/veraocv
No âmbito das actividades da Ciência Viva (Geologia no Verão), que oferecem um olhar gemológico sobre colecções de artes decorativas e arte sacra espalhadas pelo país, dia 5 de Agosto, pelas 21 horas, em Santiago do Cacém, na Igreja Martiz, visita ao Tesouro da Colegiada de Santiago do Cacém.
Este núcleo museológico, a cargo do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, tem no seu acervo peças de interesse gemológico, designadamente o conhecido Relicário do Santo Lenho.
Tal como nas outras visitas guiadas de carácter gemológico das acções da Geologia no Verão, o enfoque será feito aos materiais (gemas e rochas) que compõem as obras de artes decorativas, arte sacra e até o próprio edifício.
A visita será dirigida pelo gemólogo Rui Galopim de Carvalho.
Inscrições gratuitas pela linha azul 808 200 205 ou on-line em www.cienciaviva.pt/veraocv
Em primeira mão: Lugi Macaluso (Girard-Perregaux) lança novo Campeonato do Mundo de Karting
Lugi Macaluso, Presidente da CIK-FIA e dono das manufacturas relojoeiras Girard-Perregaux e JeanRichard.
O FIA World Motor Sport Council (o orgão máximo mundial do desporto automóvel) acaba de dar luz verde ao CIK-FIA, o organismo internacional que superintende sobre o Karting, para que desenvolva um novo Campeonato do Mundo de Karting, destinado a jovens condutores com menos de 18 anos. A nova competição complementa o actual Campeonato do Mundo de Karting da CIK-FIA Karting World, que é aberto a todas as idades.
Programado para começar em 2010, o novo Campeonato envolverá três eventos que deverão ocorrer nos meses de Verão, quando os pilotos com menos de 18 anos têm mais possibilidade de participar. Será também apoiada a criação de uma Academia de Karting para pilotos entre os 13 e os 15 anos.
A ideia do novo Campeonato do Mundo de Karting, bem como da Escola de Pilotagem é apadrinhada por Luigi Macaluso, Presidente da CIK-FIA. Ele próprio antigo piloto, várias vezes vencedor de rallies, o italiano Macaluso é o principal accionista do Sowind Group, que detém as manufacturas relojoeiras suíças Girard-Perregaux e JeanRichard. É pois provável que alguma das suas marcas de relógios se venha a associar à nova prova.
Em primeira mão para Portugal, extractos da entrevista que Lugi Macaluso deu ao orgão da FIA, e que nos foi cedida pela Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK):
Porquê criar um novo Campeonato do Mundo?
"O Karting é a base do Desporto Motorizado. A maior parte dos condutores desportivos começam as suas carreiras nas provas de Karting e esse representa o primeiro passo natural na progressão da carreira. No entanto, nos últimos anos o Karting ao mais alto nível tornou-se mais especializado, com pilotos profissionais e custos cada vez mais elevados.
"O preço de uma temporada em Karting de alto nível é comparável a uma época num escalão inferior na categoria de mono-lugares. O nível de profissionalismo e envolvimento de certas equipas tornou-se tal que alguns pilotos já não têm hipóteses de serem competitivos, ou são simplesmente incapazes de financiar as suas participações.
"Embora o crescente profissionalismo seja bom para o desporto, ele também coloca barreiras à entrada de condutores que procuram progredir nos vários níveis.
"No Campeonato do Mundo CIK-FIA, a idade dos pilotos está constantemente a aumentar. Era de 22 anos em 2008, e os últimos cinco vencedores tinham uma média de 26 anos. Os actuais níveis de pilotagem e os karts tecnologicamente muito avançados são na verdade coisas excelentes, mas essa tendência faz afastar o Karting do seu estatuto como campo de aprendizagem do Desporto Motorizado.
"Com os altos custos envolvidos, o número de participanyes está também a diminuir: eram 160 inscrições no Campeonato do Mundo de 2000, mas apenas 49 na edição de 2008.
"O novo Campeonato oferecerá uma série de eventos de alto nível, mas acessíveis a todos os pilotos com idade inferior a 18 anos, desde que tenham as capacidades e experiência necessárias".
Isso trará uma sobreposição aos Campeonatos de Karting da CIK-FIA?
"De maneira nenhuma. Não há intenção de apagar o actual Campeonato para o substituir por uma nova fórmula. O Karting internacional de alto nível não está a enfraquecer-se: o Campeonato do Mundo continua a ser um evento de topo e os Campeonatos continentais CIK-FIA e as Taças do Mundo continuam a ter muito sucesso.
"A actual categoria de topo do Karting, o Super KF, continuará a ser uma montra da excelência técnica para os fabricantes, mas devemos também assegurar que o Karting moderno continua fiel às suas raízes, daí a necessidade de garantir que ele é acessível ao amior número possível de pessoas, especialmente as mais jovens. O CIK e a FIA querem acrescentar aos actuais Campeonatos outro programa de corridas que trará novas ideias e será portadora de estatuto, mas a baixo custo".
Que novas ideias?
"A ideia é oferecer mais do que uma simples corrida ou corridas de testes e integrar treino educacional no programa dos eventos. Isso incluirá seminários destinados a tornar os pilotos sensíveis às iniciativas da FIA que sublinham valores como desportivismo, fair play, igualdade, responsabilidade social e segurança, para além de despertar as suas consciências para os problemas ambientais".
Porquê?
"A CIK-FIA já tomou medidas na direcção da limitação de custos, mas até agora isso não tem sido suficiente, para não falar da situação económica das famílias e das equipas, que se deterioraram devido ao actual clima de crise. Devemos ter a coragem de tomar decisões importantes, e embora este conceito explore novos caminhos que poderão parecer revolucionários para a comunidade do Karting, elas são simplesmente destinadas a dar uma imagem do Karting que é mais consentânea com as suas raízes, revivendo a capacidade de captação de jovens talentos para a competição e contribuindo para educar jovens pilotos.
"É compreensível que os fabricantes precisem de uma montra tecnológica mas o Karting é essencialmente um desporto para condutores, e o mundo espera que o Karting de alto nível revele os talentos de amanhã, os próximos Hamilton, Räikkönen, Kubica, Button, Alonso, etc. Também deveria ser a expressão de uma plataforma que permita a qualquer um praticar Desporto Motorizado a baixo custo".
Lugi Macaluso no último Salão Internacional de Alta Relojoaria, em Genebra, onde as suas marcas Girard-Perregaux e JeanRichard estão presentes.
Que medidas concretas de redução de custos serão tomadas?
"Quanto aos motores, o desejo natural de ser mais competitivo leva a uma situação cada vez mais dispendiosa. A solução mais apropriada para controlar custos é assim a adopção de um único motor por um período mínimo de três anos. Isso cobre todo o motor e partes relacionadas, incluindo carburador, exaustor, ignição e sistema de refrigeração.
"A distribuição de motores pode ser feita por sorteio. A escola de um único tipo de pneu tem sido de há muito a práctica da CIK-FIA, com resultados muito positivos. Isso garante a igualdade de oprtunidades e uma grande redução de custos, porque os fornecedores vão ao ponto de oferecer os pneus, de graça, a todos os pilotos".
Para quê criar, ao mesmo tempo, uma Academia CIK-FIA?
"Por várias razões. Primeiro, envolverá pilotos ainda mais jovens do que os participantes no novo Campeonato do Mundo, isto é, pilotos de 13 ou 14 anos. Depois, vemos isso como uma etapa preliminar antes do Campeonato do Mundo e queremos que ela seja o mais barato possível. Daí termos criado a opção de um só kart colocado á disposição do piloto, segundo o princípio de "arrive & drive". A Academia destina-se a proporcionar o treino ideal a jovens pilotos da cena internacional e a abrir portas do Cameponato do Mundo àqueles que se mostrarem mais aptos.
A importância do Karting como escola de treino deve ser sublinhada - uma escola que enaltece tanto os valores do desporto como da vida - e devemos assim proporcionar um Campeonato do Mundo que volte a ser acessível ao maior número de pessoas e seja apelativo para novos e jovens pilotos".
A importância do Karting como escola de treino deve ser sublinhada - uma escola que enaltece tanto os valores do desporto como da vida - e devemos assim proporcionar um Campeonato do Mundo que volte a ser acessível ao maior número de pessoas e seja apelativo para novos e jovens pilotos".
Roteiro da Ciência e da Técnica em Lisboa
O Pavilhão do Conhecimento – Ciência Viva acaba de comemorar 10 anos e, para assinalar a data, editou um roteiro, convidando a um deambular por Lisboa, à descoberta da Ciência e da Tecnologia.
São 14 propostas, para um olhar diferente sobre a cidade, sugerindo-se percursos a pé, para residentes e forasteiros. Quanto às áreas do Tempo, da Cosmologia à Gnomónica, sabe onde fica o Meridiano Zero da capital, que durante muitos anos marcou a Hora Oficial do país? Ou que a Esfera Armilar, representação ptolomaica do mundo, presente por toda a cidade, está muitas vezes mal construída, com a Banda do Zodíaco inclinada de menos? Ou que o relógio da Hora Legal, ao Cais do Sodré, está a cumprir finalmente a sua missão, dando a hora exacta ao público? E onde se podem encontrar exemplares de Relógios de Sol na capital?
São 14 propostas, para um olhar diferente sobre a cidade, sugerindo-se percursos a pé, para residentes e forasteiros. Quanto às áreas do Tempo, da Cosmologia à Gnomónica, sabe onde fica o Meridiano Zero da capital, que durante muitos anos marcou a Hora Oficial do país? Ou que a Esfera Armilar, representação ptolomaica do mundo, presente por toda a cidade, está muitas vezes mal construída, com a Banda do Zodíaco inclinada de menos? Ou que o relógio da Hora Legal, ao Cais do Sodré, está a cumprir finalmente a sua missão, dando a hora exacta ao público? E onde se podem encontrar exemplares de Relógios de Sol na capital?
Estas perguntas, bem como outras sobre os Jacarandás, o Estuário do Tejo, a Baixa Pombalina, os Eléctricos, os Chafarizes, o Grande Aterro, o Lioz, ou os Elevadores poderão ser respondidas, sempre com base científica, neste Roteiro do Pavilhão do Conhecimento. Até a Luz de Lisboa, essa realidade tão subjectiva de que todos falam, está aqui explicada cientificamente.
O Pavilhão do Conhecimento pretende editar mais Roteiros (em versões portuguesa e inglesa), dedicados agora aos Locais do Conhecimento, aos Sabores da Cidade, às Pedras e Colinas. Sempre vendo Lisboa de forma diferente do habitual, com os olhos da Técnica e da Ciência.